Gerou polêmica a cena em que o diretor de teatro Gerald Thomas, durante uma entrevista ao Programa Pânico, tentava colocar a mão por baixo da saia da apresentadora Nicole Bahls (e também abrir a braguilha de Daniel Zuckerman, caracterizado como Tucano Huck, *também tentou colocar a mão por baixo do vestido de Wellington Muniz, o Ceará, caracterizado como Micome Bahls).
Há um aspecto saudável da grita: parte da sociedade está vigilante quanto aos abusos contra a mulher.
Porém entre as acusações de praticamente um estupro, tentativa de estupro e promoção da cultura do estupro contra Thomas - o que, aliás, lembra-me o episódio envolvendo participantes do BBB12 - faltou atentar para as palavras da que seria a vítima: "Mas ele é gente boa, não foi grosseiro, não."
Assim como faltou àqueles que acusaram o modelo Daniel Echaniz de estupro ouvir antes o que a também modelo Monique Amin tinha a dizer. Depois de ver os vídeos, afirmou em depoimento que tudo fora consentido. E o inquérito foi arquivado por decisão da Justiça.
Ainda que o Programa Pânico seja ao vivo, a entrevista foi gravada e editada (e deverá ir ao ar domingo, 14/abr/2013). Obviamente havia anuência por parte de Bahls. E, houvesse qualquer problema, ela diria. Uma objeção que me apresentaram quando disse que a própria 'vítima' inocentara Thomas é que a violência ocorrera, ela tendo ou não noção da situação. Não me parece ser o caso, porque Nicole Bahls é uma mulher adulta e estava plenamente consciente, teve tempo para pensar no caso. Insistir que ela não tem condições de avaliar o que lhe é ou não agressivo é tirar dela a capacidade de discernimento, o que, peço desculpas se ofendo a alguém, é puro preconceito contra mulheres de boa aparência. Como se ser bonita e ser identificada a um certo culto à imagem fosse impeditivo de se ter discernimento - o odioso estereótipo da "loira burra".
Bahls saiu do programa como uma atração secundária - uma 'paniquete' (sim, o termo oficial é 'panicat') - e retornou como apresentadora (após uma rápida passagem pela Record). Pelo jeito, volta turbinando a audiência (a conferir**).
Disclêimer: O aviso de praxe - sou machista, mas não me orgulho disso.
*Upideite(15/abr/2013): adido a esta data.
Upideite(15/abr/2013): Já subiram um vídeo com a entrevista.
**Upideite(15/abr/2013): Pelo jeito não teve esse efeito de aumento de audiência. Foi de cerca de 7 pontos, a média que vem atingindo nas últimas semanas.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Pequeno Manual Civilizatório: Guarda-Chuva e Afins
Um dos arqui-inimigos de Batman o usa como arma letal. Mas, se você não é Oswald Chesterfield Cobblepot, é bom tomar alguns cuidados para que seu guarda-chuva (sombrinha e guarda-sol) não cause incômodos desnecessários a terceiros.
------------
Respingos
Sempre que possível verifique se a água que atinge seu guarda-chuva não respinga sobre outras pessoas. Se isso ocorrer, verifique a possibilidade de se afastar para uma área menos adensada ou se é possível inclinar o guarda-chuva de modo a defletir os pingos para um lado despovoado.
Cuidados especialmente ao passar sob boca-de-leão, ladrão, marquises e outros vertedouros de água. Se possível não passe sob eles se estiverem vertendo fio d'água.
Borda assassina
Estando o guarda-chuva aberto e em uso, cuidado para que as pontas dos raios da armação não atinjam as pessoas - sério, pode ser perigoso, especialmente se atingir os olhos e garganta. Se estiver andando em região mais densamente transitada, levante o guarda-chuva de modo que a borda esteja acima da cabeça dos transeuntes. A altura pode ser ajustada para não atingir também outros guarda-chuvas.
Ponta mortal
Se estiver carregando o guarda-chuva fechado na mão, procure levá-lo na vertical com a ponta para baixo. Especialmente se for um guarda-chuva grande e/ou com pontão de metal. Carregá-lo horizontalmente e ainda por cima balançando o braço em pêndulo é imprudente, pode atingir outras pessoas.
Molhando o chão
Antes de entrar em um recinto, procure eliminar o excesso de água do guarda-chuva para que não fique pingando. É conveniente ter uma sacola plástica à mão em que possa acondicionar o guarda-chuva - muitos centros comerciais dispõem de capas plásticas especialmente para esse fim logo à entrada. Do contrário, em pisos cerâmicos ou de madeira, pode tornar o local escorregadio.Pisos acarpetados ou de madeira pode estragar com a umidade.
Sacudidela
Ao sacudir o guarda-chuva para eliminar o excesso de água, verifique se não irá atingir outras pessoas por perto. Um modo mais eficiente é fechar o guarda-chuva, deixá-lo com a ponta para baixo deixando a água escorrer e depois dar algumas sacudidas com o braço em movimento de arco curto em direção em que não haja ninguém.
Secando
Deixar o guarda-chuva aberto no chão é um bom modo de secá-lo ao natural. Mas cuidado para não deixá-lo em local de circulação de pessoas ou bloqueando saída de ar condicionado e tomadas.
Transportes coletivos
Estando de pé, não leve o guarda-chuva sob as axilas, nem à mão na horizontal. Deixe-o pendente na vertical com a ponta para baixo e junto ao corpo. Dará mais espaço aos outros e diminuirá riscos de acidentes - como pontadas em alguém durante o movimento. Claro, procure manter o guarda-chuva dentro de um saco plástico para não molhar o piso ou os demais passageiros.
------------
Assim, ao contrário das sábias palavras do saudoso e eterno presidente corintiano, Vicente Matheus, ninguém saíra na chuva pra se queimar.
------------
Respingos
Sempre que possível verifique se a água que atinge seu guarda-chuva não respinga sobre outras pessoas. Se isso ocorrer, verifique a possibilidade de se afastar para uma área menos adensada ou se é possível inclinar o guarda-chuva de modo a defletir os pingos para um lado despovoado.
Cuidados especialmente ao passar sob boca-de-leão, ladrão, marquises e outros vertedouros de água. Se possível não passe sob eles se estiverem vertendo fio d'água.
Borda assassina
Estando o guarda-chuva aberto e em uso, cuidado para que as pontas dos raios da armação não atinjam as pessoas - sério, pode ser perigoso, especialmente se atingir os olhos e garganta. Se estiver andando em região mais densamente transitada, levante o guarda-chuva de modo que a borda esteja acima da cabeça dos transeuntes. A altura pode ser ajustada para não atingir também outros guarda-chuvas.
Ponta mortal
Se estiver carregando o guarda-chuva fechado na mão, procure levá-lo na vertical com a ponta para baixo. Especialmente se for um guarda-chuva grande e/ou com pontão de metal. Carregá-lo horizontalmente e ainda por cima balançando o braço em pêndulo é imprudente, pode atingir outras pessoas.
Molhando o chão
Antes de entrar em um recinto, procure eliminar o excesso de água do guarda-chuva para que não fique pingando. É conveniente ter uma sacola plástica à mão em que possa acondicionar o guarda-chuva - muitos centros comerciais dispõem de capas plásticas especialmente para esse fim logo à entrada. Do contrário, em pisos cerâmicos ou de madeira, pode tornar o local escorregadio.Pisos acarpetados ou de madeira pode estragar com a umidade.
Sacudidela
Ao sacudir o guarda-chuva para eliminar o excesso de água, verifique se não irá atingir outras pessoas por perto. Um modo mais eficiente é fechar o guarda-chuva, deixá-lo com a ponta para baixo deixando a água escorrer e depois dar algumas sacudidas com o braço em movimento de arco curto em direção em que não haja ninguém.
Secando
Deixar o guarda-chuva aberto no chão é um bom modo de secá-lo ao natural. Mas cuidado para não deixá-lo em local de circulação de pessoas ou bloqueando saída de ar condicionado e tomadas.
Transportes coletivos
Estando de pé, não leve o guarda-chuva sob as axilas, nem à mão na horizontal. Deixe-o pendente na vertical com a ponta para baixo e junto ao corpo. Dará mais espaço aos outros e diminuirá riscos de acidentes - como pontadas em alguém durante o movimento. Claro, procure manter o guarda-chuva dentro de um saco plástico para não molhar o piso ou os demais passageiros.
------------
Assim, ao contrário das sábias palavras do saudoso e eterno presidente corintiano, Vicente Matheus, ninguém saíra na chuva pra se queimar.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Fundo judicial de blogueiros: "A gente faz, depois a gente vê"?
A ideia já estava engatilhada a tempos. Mas depois da decisão inicial desfavorável ao jornalista Luiz Carlos Azenha por textos a respeito do direitor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, publicados no portal Viomundo, vários blogueiros resolveram se movimentar para a criação de um fundo para ajudar os que são alvo de processos judiciais.
É uma iniciativa louvável. O que me preocupa é o aparente voluntarismo desacompanhado de planejamento. Comentei com uma pessoa envolvida na criação do fundo:
"Mas precisam escolher bem o gestor do fundo. Vai ter q ter uma equipe boa e confiável também pra administrar financeiramente o fundo. Não apenas tem que render bem e evitar desvios, ainda tem que ver se as aplicações não vão pra certas obras que usem trabalho escravo, mão de obra infantil, maltrate os funcionários, etc."
A reação foi:
"Nem tem conta ainda e você já está falando em desvio? Tenha dó!"
Verdade que as relações humanas são eminentemente calcadas na confiança mútua. Mas, especialmente em se tratando de dinheiro, é preciso cercar-se de grandes cuidados. Não dá para ser ingênuo. E o momento certo para se pensar nessas coisas é exatamente *antes* de se ter uma conta aberta. Depois que já tiver dinheiro e cometerem um desfalque será tarde demais (ou vai dar muita dor de cabeça para reaver o valor).
Tem que se gastar um tempinho sim para fazer um bom planejamento desse fundo. Deixar parado na conta corrente é perder valor das contribuições suadas. Também não dá para prender os valores em investimentos de longo prazo se se pode precisar sacar quantias significativas a qualquer momento. Só largar em uma caderneta de poupança, que atualmente rende menos do que a inflação, também é deixar a grana se corroer. Não dá também para meter em um fundo de ações com ótima rentabilidade sem olhar se na carteira não estão presentes empresas que violam sistematicamente direitos trabalhistas, exploram mão de obra infantil, sonegam impostos ou poluem o meio ambiente sem nenhuma medida de compensação. Esperar ter o dinheiro para só então ver o que fará com ele também é ineficiente - qualquer movimentação de aplicação implica em custos.
Repito, a ideia do fundo judicial é excelente. Só precisam tomar cuidado para não pecarem na execução. É preciso garantir a credibilidade e a eficiência. Sem planejamento, as tarefas ficam mais difíceis.
É uma iniciativa louvável. O que me preocupa é o aparente voluntarismo desacompanhado de planejamento. Comentei com uma pessoa envolvida na criação do fundo:
"Mas precisam escolher bem o gestor do fundo. Vai ter q ter uma equipe boa e confiável também pra administrar financeiramente o fundo. Não apenas tem que render bem e evitar desvios, ainda tem que ver se as aplicações não vão pra certas obras que usem trabalho escravo, mão de obra infantil, maltrate os funcionários, etc."
A reação foi:
"Nem tem conta ainda e você já está falando em desvio? Tenha dó!"
Verdade que as relações humanas são eminentemente calcadas na confiança mútua. Mas, especialmente em se tratando de dinheiro, é preciso cercar-se de grandes cuidados. Não dá para ser ingênuo. E o momento certo para se pensar nessas coisas é exatamente *antes* de se ter uma conta aberta. Depois que já tiver dinheiro e cometerem um desfalque será tarde demais (ou vai dar muita dor de cabeça para reaver o valor).
Tem que se gastar um tempinho sim para fazer um bom planejamento desse fundo. Deixar parado na conta corrente é perder valor das contribuições suadas. Também não dá para prender os valores em investimentos de longo prazo se se pode precisar sacar quantias significativas a qualquer momento. Só largar em uma caderneta de poupança, que atualmente rende menos do que a inflação, também é deixar a grana se corroer. Não dá também para meter em um fundo de ações com ótima rentabilidade sem olhar se na carteira não estão presentes empresas que violam sistematicamente direitos trabalhistas, exploram mão de obra infantil, sonegam impostos ou poluem o meio ambiente sem nenhuma medida de compensação. Esperar ter o dinheiro para só então ver o que fará com ele também é ineficiente - qualquer movimentação de aplicação implica em custos.
Repito, a ideia do fundo judicial é excelente. Só precisam tomar cuidado para não pecarem na execução. É preciso garantir a credibilidade e a eficiência. Sem planejamento, as tarefas ficam mais difíceis.
terça-feira, 2 de abril de 2013
Feministas, o homem pode ou não ajudar na arrumação da casa?
Nos meios feministas tem um mito. Quando o homem diz: "Eu ajudo em casa com as tarefas domésticas", várias das defensoras dos direitos das mulheres têm calafrios. Dizem que é errado usar o termo "ajudar", o correto é "dividir". Para elas, falar que o homem ajuda a mulher nos afazeres do lar significa que o dever de limpar, cozinhar, lavar, passar, cuidar dos filhos, etc. é da mulher.
Por exemplo, a jornalista Míriam Leitão, em sua coluna em O Globo (comentada por Cristina Castro no blog da kikacastro), reclamou de reportagem em outro veículo da casa.
"Querida revista Época, como leitora, assinante e admiradora da publicação, gostaria de lembrar que 'ajudar' pressupõe que a obrigação — no cuidado da casa e dos filhos — é da mulher."
Não, mil vezes não. "Ajudar" quer dizer... "ajudar" e não "transferir a responsabilidade".
Vejamos alguns exemplos: "Os bombeiros de São Sebastião do Paraíso conseguiram ajudar, por telefone, uma mãe a salvar o filho que havia engasgado na manhã deste sábado (19).", "Cavalo cai em poço e bombeiros ajudam retirar o animal do local.", "Mais de 20 policiais ajudam na busca por assaltantes de cooperativa de MT."
Os bombeiros e policiais estão só dando uma forcinha para outra pessoa que tinha o dever de fazer o trabalho? Não. Eles estão desempenhando suas funções.
Quando queremos enfatizar que a ajuda é de menor importância (e os méritos e/ou responsabilidades de outrem), temos que usar modificadores - advérbios, adjetivos, diminutivos: "eu só ajudei", "foi apenas uma ajudinha", "uma ajuda de nada". Já: "eu ajudei" ou "foi uma ajuda" passa a ideia de contribuição efetiva. Esses modificadores modulam até contribuições do tipo que normalmente se valoriza: "dei apenas a ideia", "só tive que orientá-lo", "não mais do que minha obrigação, o que fiz".
Se fosse verdade que "ajudar" implicasse que a responsabilidade seria do ajudado, esta frase "a mulher deve ajudar o homem a administrar a casa" não deveria soar tão machista quanto a forma que causa horror a boa parte das feministas: "o homem deve ajudar a mulher a administrar a casa".
Em tempo, não sou contra formulações alternativas como "divisão de tarefas". Se se sentem melhor assim, tudo bem. Apenas que a coitada da "ajuda" não deveria pagar o pato.
Disclêimer: O aviso de sempre - sou machista, mas não me orgulho disso.
Por exemplo, a jornalista Míriam Leitão, em sua coluna em O Globo (comentada por Cristina Castro no blog da kikacastro), reclamou de reportagem em outro veículo da casa.
"Querida revista Época, como leitora, assinante e admiradora da publicação, gostaria de lembrar que 'ajudar' pressupõe que a obrigação — no cuidado da casa e dos filhos — é da mulher."
Não, mil vezes não. "Ajudar" quer dizer... "ajudar" e não "transferir a responsabilidade".
Vejamos alguns exemplos: "Os bombeiros de São Sebastião do Paraíso conseguiram ajudar, por telefone, uma mãe a salvar o filho que havia engasgado na manhã deste sábado (19).", "Cavalo cai em poço e bombeiros ajudam retirar o animal do local.", "Mais de 20 policiais ajudam na busca por assaltantes de cooperativa de MT."
Os bombeiros e policiais estão só dando uma forcinha para outra pessoa que tinha o dever de fazer o trabalho? Não. Eles estão desempenhando suas funções.
Quando queremos enfatizar que a ajuda é de menor importância (e os méritos e/ou responsabilidades de outrem), temos que usar modificadores - advérbios, adjetivos, diminutivos: "eu só ajudei", "foi apenas uma ajudinha", "uma ajuda de nada". Já: "eu ajudei" ou "foi uma ajuda" passa a ideia de contribuição efetiva. Esses modificadores modulam até contribuições do tipo que normalmente se valoriza: "dei apenas a ideia", "só tive que orientá-lo", "não mais do que minha obrigação, o que fiz".
Se fosse verdade que "ajudar" implicasse que a responsabilidade seria do ajudado, esta frase "a mulher deve ajudar o homem a administrar a casa" não deveria soar tão machista quanto a forma que causa horror a boa parte das feministas: "o homem deve ajudar a mulher a administrar a casa".
Em tempo, não sou contra formulações alternativas como "divisão de tarefas". Se se sentem melhor assim, tudo bem. Apenas que a coitada da "ajuda" não deveria pagar o pato.
Disclêimer: O aviso de sempre - sou machista, mas não me orgulho disso.