quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Os perigos ocultos da DC

Há alguns riscos ocupacionais nos trabalhos de Divulgação Científica que são costumeiramente pouco abordados.

Nem é o fato de, para o cientista, ser uma atividade vista com desconfianças pelos colegas, que atrapalhe sua produtividade acadêmica, etc. Alguns preferem trabalhar anônimos: até para evitar cobrança de seus pares acadêmicos quando exerce atividade crítica à própria profissão.

Também não é a chateação de dedos apontados pelos sociólogos das ciências de que a DC feita é de qualidade ruim, de rasgação de seda das ciências, pouco crítica - ou, no caso de jornalistas, de dedos apontados pelos cientistas de que a qualidade é ruim, que é excessivamente crítica, superficial, não aborda os pontos relevantes... (É uma chateação que tem seu valor para apontar defeitos reais que ocorrem.) As críticas podem ser não tão construtivas, como em um editorial da Revista Psicologia USP que conclui: "A própria atividade de divulgação pode ser considerada responsável pelo mal que ela procura combater".*

Igualmente não são as apropriações indébitas dos textos - o Nerdologia já foi alvo de alguns canais que simplesmente traduziam (sem autorização e sem pagamento, portanto) para o espanhol e publicavam sem nenhum crédito à fonte original; textos de divulgação do Meio Bit também são alvos de pirataria e também dos ScienceBlogs; um vídeo dos Minutos Psíquicos foi copiado do YouTube e republicado, com a remoção das partes dos créditos, em uma página no facebook...*

Não são os comentários trolls, de pessoas sem um entendimento adequado sobre o tema mas com opiniões fortes e definitivas, os spammers.

Há um risco que é a extensão do hate mail, dos comentários raivosos... Fakes, páginas e vlogs voltados para o escárnio e ataques sistemáticos à honra de determinados divulgadores começam a surgir e ganhar corpo. (Logicamente recuso-me a dar link para tais.)

Sim, a via usual e inevitável é denunciar as páginas para os provedores do serviço - o que nem sempre tem um efeito imediato - e, depois, seguir para o processo judicial - etapa ainda mais morosa e custosa. Mas o estrago já está feito.

Pode ser à reputação, pode ser à evitação dos visitantes usuais (para não se depararem com ações agressivas e coordenadas por parte dos detratores).

Há algumas razões por que os divulgadores viram alvo de tais ataques odiosos.

À medida em que o divulgador ganha visibilidade, torna-se um alvo fácil para aqueles que gostam de atacar gente com alguma fama; mas mesmo ainda antes de se tornarem celebridades (uma minoria dos divulgadores são de fato muito conhecidos por um público extenso), a divulgação científica com frequência toca em temas objetos de intolerância por determinados grupos: a experimentação animal (alvo de ataque por parte de determinados grupos de defesa dos direitos animais - vários laboratórios já foram invadidos, sendo o de mais destaque a destruição e fechamento do Instituto Royal em São Roque-SP), a teoria da evolução (atacada por criacionistas - que têm vários grupos relativamente bem organizados e bem irrigados com dinheiro de instituições religiosas fundamentalistas), a tecnologia transgênica (vários grupos ambientalistas e de trabalhadores rurais são ferranhamente contrários - pesquisas foram tratoradas em centros invadidos por integrantes de movimentos de trabalhadores sem-terra), laicidade (a interferência religiosa em aulas de ciências e pesquisa científica - com sobreposição às ações dos criacionistas), reprodução (antiabortistas, anti-educação sexual, anti-uso de preservativos...), sexualidade (homóbicos, misóginos), etc.

Pessoalmente conheço quatro casos de ataques a divulgadores que são amigos e conhecidos meus ocorridos nos últimos 5 anos (em uma conta de engenheiro, isso corresponde, bem grosseiramente, a um risco anualizado de cerca de 1% de que um determinado divulgador seja vítima de interpelação pessoal hostil ou uso indevido de imagem; é bastante coisa). Em dois deles houve interpelação pessoal por desconhecido no meio da rua.

Por sorte não houve uma agressão física, mas se trata de uma invasão inaceitável da esfera pessoal, privada, íntima.

A maioria dos divulgadores nem ganha para exercer essa atividade. É quase como um hobby: recebem para serem pesquisadores, jornalistas, professores... No tempo livre, procuram produzir vídeos, textos, áudios para ajudar na disseminação do conhecimento e da cultura científicos. Sendo atividades independentes, de pessoas físicas, muitos não contam com uma estrutura jurídica de uma empresa de comunicação que possa protegê-los e tomar conta do assunto em caso de agressão dessa natureza (como ocorre no caso de jornalistas que trabalham em grandes conglomerados de comunicação).

Quando a caixa de comentários ganha pernas e está a sua frente, o que um divulgador pode fazer? (Em um caso, o divulgador conseguiu manter o sangue frio e até acabou demovendo o agressor, que pediu desculpas pelo ato. Mas não dá pra contar com a sorte de que sempre será possível uma argumentação amistosa a desarmar ânimos exaltados, e exaltados ainda mais por páginas de ataques sistemáticos à honra do divulgador.)

Upideite(28/jan/2016): Um perigo potencial (já enfrentado por blogueiros de outras áreas, em especial jornalistas políticos) são ações de políticos e empresários que tiveram interesses contrariados pelas opiniões dos divulgadores (especialmente se este tiver uma maior visibilidade). Felizmente, ainda não conheço nenhum caso entre meus amigos**.

Upideite(28/jan/2016): Há, claro, alguns ganhos na atividade de DC. Em alguns casos, ela é reconhecida pelos pares, pode ajudar na promoção (mas depende da instituição e do grupo), alguns são remunerados (com bolsas, salários, patrocínios, AdSense...), outros sentem-se recompensados pelo reconhecimento amistoso pelos assinantes de seus canais e comentários de incentivo. Além, é claro, do sentimento de estar contribuindo com uma atividade relevante de esclarecimento do público.

*Upideite(31/jan/2016): adido a esta data.

**Upideite(05/fev/2016): Acaba de mudar. O canal do Slow teve um vídeo censurado pela ação de um deputado.

Kibando o Nick Ellis: #366Rabiscos - semana 4

Semana anterior.






Semana 5.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Kibando o Nick Ellis: #366Rabiscos - semana 3







sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Kibando o Nick Ellis: #366Rabiscos - semana 2







quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Kibando o Nick Ellis: #366Rabiscos - dias 5 a 7



segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Kibando o Nick Ellis: #366Rabiscos - dia 4

Mais uma garatuja da série.

Rabisco anterior.

domingo, 3 de janeiro de 2016

sábado, 2 de janeiro de 2016

Kibando o Nick Ellis: #366Rabiscos - dia 2

Dando continuidade ao #366Rabiscos...
Upideite(03/jan/2016): Rabisco 3.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Kibando o Nick Ellis: #366Rabiscos

Como todo mundo, seguindo o #366Músicas do Sergio 'Nick' Ellis, começou a fazer 365-alguma-coisa e o próprio editor-chefe do Meio Bit resolveu fazer uma segunda edição (agora no snapchat), resolvi fazer o meu também com rabiscos de meu próprio punho.

A diferença é que não tenho nenhuma esperança - e por isso não assumo nenhum compromisso - de realmente publicar um garrancho por dia.
Em posição vertical fica assim:

Ok, ficou com uma testa gigante e o olho direito parece vazado (mas, ei, fiz sem borracha). Faz tempo que não desenho, então estou mais do que enferrujado. Não prometo melhorar, no entanto.

Upideite(03/jan/2016): Rabisco 2.