Já deu mais do que tinha que dar essa história dos gestos do assessor da presidência para assuntos internacionais Marco Aurélio Garcia e seu assistente Bruno Gaspar. Uma bobajada potenciada por falta do que fazer pelo jeito.
Asneira um:
- Gestos seriam obscenos.
Desde quando a Grôbo exibe, sem cortes, sem desfocalização eletrônica, uma cena supostamente obscena, no Jornal Nacional? Digamos que ela fosse noticiar sobre um filme caseiro vazado (viral) da Paris Hilton fazendo sexo com um cachorro, a Grôbo colocaria o vídeo no ar - na íntegra e com direito a todos os detalhes?
O tope-tope-tope foi muito bem encarnado pelo personagem Fradim Baixim de Henfil. Era quadro fixo do humorístico A Praça é Nossa do SBT, com Paulo Silvino e Carlos Alberto Nóbrega batendo no fundo de um açucareiro teimoso.
O crau - também conhecido como chupa - era coreografia de torcida das tietes do vôlei, ao grito de "ai, ai, ai, em cima, embaixo puxa e vai".
Nos tempos de Henfil talvez fosse obscenidade, publicados no Pasquim o tope-tope-tope ganhava ares de protesto contra os demandos do governo militar. Em A Praça é Nossa ganhava mais no humor, ainda que com fumos de protesto - também contra os desvios da classe dirigente (mas já no ambiente do regime democrático). O crau nas arquibancadas do vôlei era apenas irreverência (no tom do coro das torcidas "bota pra foder").
Asneira dois:
- Comemorou-se a falha no avião.
Claro que nem Garcia, nem Gaspar comemoraram a falha no avião. O que eles comemoraram foi o fato do governo do qual eles fazem parte - ao menos desta vez - parecer não ter culpa direta pela terrível tragédia.
Asneira três:
- O gesto foi desrespeitoso para com o sofrimento dos parentes e amigos da vítimas.
Os familiares têm todo o direito de se sentirem ofendidos. E quanto a isso Garcia já emitiu nota pedindo desculpas. Mas o gesto não foi dirigido às vítimas nem aos seus parentes.
Asneira quatro:
- Um agente do governo não pode ser grosseiro em público.
Verdade que grosseria pública de agente do governo merece toda reprimenda. Digamos que o gesto tenha sido grosseiro: NÃO foi público. Foi feito em caráter privado. Um repórter da Grôbo que deu um zoom no escritório dele.
Asneira cinco:
- Quem defende Garcia neste episódio acha que a mídia é golpista.
Achar que este episódio ter ganhado a dimensão imerecida que ganhou foi criação da imprensa (ou melhor dizendo, dos dirigentes das empresas de mídia) não significa que se acha que foi com intenção de derrubar o presidente. É verdade que se aproveitou do fato para tentar espicaçar Lula - desde o PPS, até, óbvio, o PSDB, passando por gente do PMDB. Sim, há gente que acha que a mídia é golpista. Eu acho que é apenas falta do que fazer. Sensacionalismo puro.
Upideite (16/abr/2008): a Dança do Créu na Grôbo. (Sim, com atraso, muito atraso. A "notícia" é de 24 de janeiro de 2008.)
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Aproveitaram e inventaram a bobagem do Cansei. Outra coisa desimportante a ganhar destaque irrealmente maior do que a relevância merecida. Ganhou uma resposta, o Cansamos, até certo ponto bem humorada, da CUT, mas igualmente irrelevante.
Estão cansados? De cobrar preços abusivos? De fazer greve toda hora? Vão trabalhar e me deixem em paz.
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