quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Embromation Society: O que eu falo não se escreve...

O governo precisa urgentemente melhorar sua comunicação. Suas falas e declarações à imprensa (mídia) tem gerado polêmicas e obrigado a desmentidos/esclarecimentos sobre o que sai publicado.

Primeiro a confusão sobre os 10% de analfabetos em São Paulo. Até o jornalista Marcelo Leite (mais da área de ciências do que de educação ou de política stricto sensu) se meteu no imbróglio, discutindo com o Secretário de Imprensa o que se disse, o que se escreveu, o que se quis dizer com o que se disse...

Agora o Ministro da Justiça Tarso Genro sobre o que significa o apoio do Presidente Lula à candidatura da Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff à presidência. Obstáculo, handicap*, vantagem...

As emendas acabam soando como desculpas esfarrapadas. Ainda que eventualmente tenham mesmo querido dizer o que dizem que quiseram dizer. E não o que parece que disseram. (Eu sempre vou me lembrar dos "recursos não contabilizados" do então tesoureiro do PT Delúbio Soares à época do escândalo do Mensalão, para se referir a caixa dois. Aliás, a admissão do caixa dois - um crime financeiro por si mesmo - soava como uma desculpa esfarrapada para a origem do dinheiro do chamado valerioduto.)

Talvez umas aulinhas de português com a Madame Natasha?


*O ministro ter usado o termo handicap dá margem também a algumas insinuações maldosas.

Vejamos como o titio Houaiss define as acepções possíveis do termo:

s.m. 1 desp em corridas e outras competições, vantagem que se concede a um ou mais competidores (pessoa ou animal) para compensar deficiências de sua parte e igualar as possibilidades de vitória de todos 2 fig. qualquer desvantagem que torna mais difícil o sucesso 3 deficiência física ou mental que dificulta as atividades normais de uma pessoa

A acepção 3 pegaria *muito* mal. A acepção 2 foi a interpretação do jornal El País e é a mais natural, já que, depois de dizer que Dilma Rousseff era uma boa candidata e ser boa gestora, o ministro saca um "pero". O ministro diz que é a acepção 1, porém essa vantagem é para *compensar* deficiências - não é algo que faz com que o competidor seja o franco favorito. Mas ele se vale do fato de que é mesmo muito comum o emprego errôneo do termo aqui no Brasil - sobretudo por empresas de consultoria e pessoal de auto-ajuda.

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