sábado, 28 de novembro de 2009

Cinco razões para rejeitar o darwinismo

Segue um excerto do meu livro:

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Razões para se renunciar ao darwinismo

A teoria da evolução por seleção natural é, assim, pelos melhores indícios disponíveis, uma teoria científica solidamente sustentada pelos fatos, ainda que não seja irrefutável (característica necessária para que a consideremos – sob Popper – científica). Mas há motivos para não se adotar o termo darwinismo. O leitor atento terá notado que pouco uso fiz da expressão nos parágrafos precedentes e pouco uso (se algum) farei mais adiante. Listo a seguir cinco motivos para não chamar de darwinismo à teoria da evolução por seleção natural:

1) Darwinismo com seu sufixo -ismo tende a implicar em uma doutrina. Como a teoria da evolução não necessita de crença ou fé, não há razão para ser darwinista.

2) Darwinismo implica em um certo culto à pessoa. Embora, a figura de Darwin seja admirável em muitos aspectos, admiração é melhor do que culto, pois nos permite o distanciamento para fazer críticas eventuais necessárias.

3) Darwinismo refere-se somente à Darwin. Qual Darwin? Charles Robert Darwin? Erasmus Darwin? Robert Darwin?

4) Darwinismo refere-se às idéias de Darwin. Charles Robert Darwin desenvolveu muitas idéias, algumas boas e atuais, outras que se reveleram equivocadas. A qual delas se refere? Pangênese? Evolução por seleção natural? Formação dos recifes de coral por subsidência?

5) Darwinismo nega a participação essencial de outros autores como Alfred Russel Wallace.

Porém, o uso consagrou o termo, de modo que é amplamente empregado – o significado exato apresenta variações, incluindo ou excluindo determinadas características: Gould, como dito acima, chama de darwinismo à teoria da evolução que enfatiza a seleção como agente causador da evolução, o indivíduo como alvo essencial ou único da seleção e o gradualismo; Ernst Mayr (2005. Biologia, ciência única: reflexões sobre a autonomia de uma disciplina científica. Cia. das Letras. 272 pp.) considera cinco aspectos distintos: evolução propriamente dita, ancestralidade em comum, multiplicação de espécies, gradualismo e seleção natural.

3 comentários:

  1. Interessante, Takata. Ainda bem que ninguém sai chamando a teoria da relatividade de einsteinismo. :c)

    Pequena sugestão: trocar os "implicar em" por "implicar" (transitivo direto), que fica melhor segundo a norma culta.

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  2. Salve, André,

    Valeu pelo comentário e correção. Na postagem deixarei do jeito que está - já que é excerto do texto. Mas farei a modificação no original para versões futuras.

    []s,

    Roberto Takata

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  3. não consigo me conformar com esse papo de consagrado pelo uso. que seja quixotismo, mas mantenho a luta vã.
    vamos fundar o wallacismo?

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