Segue um excerto do meu livro:
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Razões para se renunciar ao darwinismo
A teoria da evolução por seleção natural é, assim, pelos melhores indícios disponíveis, uma teoria científica solidamente sustentada pelos fatos, ainda que não seja irrefutável (característica necessária para que a consideremos – sob Popper – científica). Mas há motivos para não se adotar o termo darwinismo. O leitor atento terá notado que pouco uso fiz da expressão nos parágrafos precedentes e pouco uso (se algum) farei mais adiante. Listo a seguir cinco motivos para não chamar de darwinismo à teoria da evolução por seleção natural:
1) Darwinismo com seu sufixo -ismo tende a implicar em uma doutrina. Como a teoria da evolução não necessita de crença ou fé, não há razão para ser darwinista.
2) Darwinismo implica em um certo culto à pessoa. Embora, a figura de Darwin seja admirável em muitos aspectos, admiração é melhor do que culto, pois nos permite o distanciamento para fazer críticas eventuais necessárias.
3) Darwinismo refere-se somente à Darwin. Qual Darwin? Charles Robert Darwin? Erasmus Darwin? Robert Darwin?
4) Darwinismo refere-se às idéias de Darwin. Charles Robert Darwin desenvolveu muitas idéias, algumas boas e atuais, outras que se reveleram equivocadas. A qual delas se refere? Pangênese? Evolução por seleção natural? Formação dos recifes de coral por subsidência?
5) Darwinismo nega a participação essencial de outros autores como Alfred Russel Wallace.
Porém, o uso consagrou o termo, de modo que é amplamente empregado – o significado exato apresenta variações, incluindo ou excluindo determinadas características: Gould, como dito acima, chama de darwinismo à teoria da evolução que enfatiza a seleção como agente causador da evolução, o indivíduo como alvo essencial ou único da seleção e o gradualismo; Ernst Mayr (2005. Biologia, ciência única: reflexões sobre a autonomia de uma disciplina científica. Cia. das Letras. 272 pp.) considera cinco aspectos distintos: evolução propriamente dita, ancestralidade em comum, multiplicação de espécies, gradualismo e seleção natural.
Interessante, Takata. Ainda bem que ninguém sai chamando a teoria da relatividade de einsteinismo. :c)
ResponderExcluirPequena sugestão: trocar os "implicar em" por "implicar" (transitivo direto), que fica melhor segundo a norma culta.
Salve, André,
ResponderExcluirValeu pelo comentário e correção. Na postagem deixarei do jeito que está - já que é excerto do texto. Mas farei a modificação no original para versões futuras.
[]s,
Roberto Takata
não consigo me conformar com esse papo de consagrado pelo uso. que seja quixotismo, mas mantenho a luta vã.
ResponderExcluirvamos fundar o wallacismo?