terça-feira, 29 de junho de 2010

Conspiracionista eu? Jesus!

O Prof. Osame Kinouchi cismou que sou um cético conspiracionista.

Sim, há gente maluca que tem as teses mais baratinadas sobre a existência ou inexistência de Jesus Cristo.

Sim, eu não sou a pessoa mais sã deste mundo.

Sim, eu não acho que seja suficientemente embasada a hipótese da existência de um Jesus Nazareno histórico.

Não, não sou conspiracionista.

Não acredito que haja uma conspiração quer para ocultar provas da (in)existência de Josué de Nazaré quer para forjar provas de sua (in)existência.

Apenas considero que sejam fracos os indícios apresentados para a existência de JC: relatos escritos pelo menos algumas dezenas de anos após a data alegada da morte (ou ascenção) da personagem. Eu me daria por satisfeito se houvesse um relato contemporâneo, p.e., autos do julgamento de JC pelos romanos.

Mesmo relatos contemporâneos podem ser enganosos. Vide o incidente de Varginha. Podemos descartar sem medo que fosse um extraterrestre. Mas as garotas viram mesmo alguma coisa? O quê? E os relatos sobre os Homens de Preto? Abstraindo se são alienígenas, agentes do governo, membros de uma organização secreta ou o que for: haverá pessoas vestidas de preto interrogando pessoas que dizem ter visto seres alienígenas?

É mais ou menos esse o grau de dúvida que expresso. Talvez um pouco inferior.

É um tema aborrecido, porque, fora de contexto, sempre dá margem a interpretações não apenas equivocada (como eu ser conspiracionista) como conspiracionista (eu ter algo contra as religiões, ser anticristão ou coisa que o valha). Centenas de milhões de pessoas crêem em graus mais variados em Jesus Cristo - não apenas histórico como divino. Respeito tal crença, bom dizer. E, até por saber que sempre se cria um clima meio chato, que não trago esse assunto de modo ostensivo. Raramente provoco o assunto - não me furto (bem às vezes me furto) de discuti-lo quando o contexto é adequado (como na postagem do jornalista Reinaldo José Lopes, no blogue Carbono 14, sobre o tema).

Kino insiste que minha visão é minoritária e que deveria explicitar essa condição. Ok. Sim, aparentemente a maioria dos acadêmicos que estudam temas relacionados à Bíblia aceitam a historicidade de Jesus. Se for por isso, pronto. (No contexto, acho desnecessário, pois não estava a discutir com alguém que era exatamente leigo no assunto. Se eu tivesse escrito uma postagem sobre isso, aí, creio que seria o caso.)

Bom reparar que não estou nem ao menos dizendo que Jesus Cristo homem não existiu ou que seja mais provável que não tenha existido. Não chega nem mesmo a ser uma defesa da possibilidade da inexistência.

Pode ser que um homem chamandochamado Jesus, filho de José, nascido em Belém e criado em Nazaré, a quem as histórias do NT se refiram tenha existido. Não chega a ser uma alegação extraordinária. Mas mesmo para uma alegação tão pouco comprometida, os indícios apresentados são fracos para se dizer que seja provável que tal Jesus tenha existido historicamente.

Abstraia os dragões, os demônios e quetais. Terá BewoulfBeowulf existido? Esqueça fadas, feiticeiras, cálices sagrados. Terá Rei Arthur existido? Só que temos são relatos (mitificados) de suas aventuras e desventuras.

Reinaldo José Lopes objeta com a questão temporal: dezenas de anos para Jesus Nazareno e possivelmente algumas centenas de anos para mitos nórdicos e ingleses. Isso pode tornar Arthur e Bewoulf relativamente mais fracos, mas não torna os relatos mesmo de fontes não-cristãs como Josefo tão críveis assim: vide a questão de relatos contemporâneos como o avistamento de Varginha.

Tampouco estou alegando que talvez não tenha existido: para isso eu teria, por exemplo, que apresentar alguma dificuldade para a existência de Jesus histórico - digamos, que Jesus não fosse um nome possível (o que não é o caso).

2 comentários:

  1. Gostaria que vc discutisse o caso do Pitagoras histórico. É possivel?

    http://comciencias.blogspot.com/2010/06/sobre-o-pitagoras-historico.html

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  2. Eu nao sugeri que vc é conspiracionista. Eu sugeri que vc defendesse o movimento cetico do conspiracionismo, fazendo uma critica da Teoria do Cristo Mitico.

    Agora, que movimentos ateistas respeitaveis tem se tornado conspiracionistas (como os Atheists of Silicon Valley), isso parece bem confirmado. Ou não?

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