quinta-feira, 1 de julho de 2010

Apocalipse Now

Espero que seja meu último post sobre o tema pelo menos por um bom tempo.

O Prof. Kinouchi ainda não entendeu o meu posicionamento - é bem possível que seja culpa de falta de clareza de minha parte, mas não consigo ser mais explícito a respeito do que penso.

1) Não posso fazer uma resenha crítica de um livro que não li. Não tenho interesse imediato em lê-lo. (Certamente não pretendo gastar um centavo nele, mas mesmo que o recebesse de graça, ficaria mofando um bom tempo na fila - entre outras coisas há vários livros bem acima na minha lista de prioridades. Nota mental: preciso resenhar o "Ab Initio" que ganhei do Ciência à Bessa.)
2) Também não sei qual a diferença entre meu posicionamento e a de Doherty. Mas isso porque não sei qual o posicionamento dele. O meu é claro: Os indícios atualmente disponíveis sobre a existência de um Jesus histórico são fracos.
3) Não é verdade que eu não reconheça as diferenças de posicionamento entre o que eu acho e o que os estudiosos do tema acham. Creio ter sido suficientemente explícito em outra postagem: "Kino insiste que minha visão é minoritária e que deveria explicitar essa condição. Ok. Sim, aparentemente a maioria dos acadêmicos que estudam temas relacionados à Bíblia aceitam a historicidade de Jesus. Se for por isso, pronto. (No contexto, acho desnecessário, pois não estava a discutir com alguém que era exatamente leigo no assunto. Se eu tivesse escrito uma postagem sobre isso, aí, creio que seria o caso.)" Aparentemente Kino não está lendo com atenção o que eu escrevo sobre o tema, o que só reforça meu juízo de que é um assunto aborrecido.
4) Sim, o ônus da prova está comigo. Por isso nos argumentos procuro mostrar por que os indícios atuais são fracos e não sustentam a existência de um Jesus histórico - entre outras coisas porque o mesmo critério nos obrigaria (salvo por um corte arbitrário de defasagem cronológica entre os textos mais antigos existentes e os supostos fatos narrados) a aceitar a historicidade de personagens que, por enquanto, consideramos míticas. Repito: não sustentar a existência de um Jesus histórico não é a mesma coisa que sustentar a inexistência de um Jesus histórico. (É perfeitamente possível que tenha havido um rabino Yoshua, filho de Yosef, na Judeia romana. Apenas que os indícios de que de fato tenha sido assim são fracos.)
5) Não posso refutar a tese de que estou adotando as mesmas ideias de Doherty porque eu desconheço, como disse acima, tais ideias. (Posso refutar que eu esteja adotando as ideias do próprio Doherty na medida em que não as li. Posso também refutar a ideia - e creio já ter feito isso em postagens anteriores - de que eu esteja defendendo coisas como: Jesus certamente não existiu, Jesus provavelmente não existiu, o mito de Jesus é simplesmente uma cópia de mitos preexistentes, há uma conspiração que procura ocultar as provas da existência ou inexistência de Jesus, Jesus teve filhos com Maria de Magdala e isso é protegido pelo Priorado de Sião, Jesus fumava maconha, Jesus era loiro, Jesus era caucasiano, Jesus era um alienígena, Jesus era portorriquenho e coisas assim.)

Mas Kinouchi parece não acreditar no que eu, seu contemporâneo, falo a respeito de minhas próprias ideias (claro que eu poderia interpretar isso como um julgamento do tipo: sou mentiroso, sou burro, sou incongruente, não sei no que estou pensando). Normal. É, porém, o mesmo ceticismo que aplico em relação a relatos sobre eventos não-presenciados.

4 comentários:

  1. OK, Takata, concordo com vc. Acho que vc nao defende as mesmas ideias de Doharty.

    Eu nao sugeri que vc lesse o livro, mas sim o artigo do site dele:

    http://www.jesuspuzzle.humanists.net/jhcjp.htm

    O que eu disse é que os seus criterios de historicidade sao extremamente rigidos, e nao sao os criterios adotados pela comunidade de historiadores da Antiguidade.

    Por exemplo, usando os seus criterios, as evidencias da existencia de um Pitagoras historico seriam extremamente fracas (mais fracas do que as de Jesus, acredito), por causa da questao dos graus de separacao de redes sociais (eles nao provam nada, como vc disse, mas a ausencia de uma rede social enfraquece a tese da historicidade. Investigando o fragmento 7 de Xenofanes (vc viu o link no outro comentario?) verifica-se que nao há evidencia que ele tenha conhecido Pitagoras pessoalmente mas, nesse fragmento, estava satirizando uma historia mitica sobre os poderes mediunicos de Pitagoras (e vc só pode afirmar que eles foram contemporaneos supondo que as datas de nascimento e morte de Pitagoras sao verdadeiras - que nao seria possivel se Pitagoras for uma lenda).

    Ou seja, vc nao precisa escrever mais nada sobre o tema, eu já entendi sua opiniao (nao sei se ela foi bem descrita pelo Kentaro, mas tudo bem). Eu sei que vc nao é um pseudocientista. Sua metodologia cientifica é idiossincrática aos biologos, mas eu entendo isso...

    Acho que se vc ler o artigo, concordará comigo que todos os argumentos de Doharty poderiam ser aplicados a Pitagoras.

    O problema nao é a sua posicao agnostica (eu nunca chamei vc de conspirador) mas sim o fato de que a Teoria do Cristo Mitico, devido 'a intensa propaganda em torno dela, está sendo adotada por 40% dos ateus e 13% da populacao, em contraste com os 0,1% dos academicos. É essa disparidade que faz com que Doharty seja o novo Erick Von Daniken da historia antiga.

    Agora, o que eu estranho é que nenhum cetico tenha escrito uma analise critica de Doharty. Acho que isso revela uma parcialidade profunda. Ou seja, se um conspirador fala coisas que se aproximam mais ou menos de minhas ideias, ou que atacam visoes que nao simpatizo, entao eu dou um desconto pra ele e nao o critico, mesmo se ele está sendo pseudocientifico...

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  2. OK, Takata, concordo com vc. Acho que vc nao defende as mesmas ideias de Doharty.
    Eu nao sugeri que vc lesse o livro, mas sim o artigo do site dele:
    http://www.jesuspuzzle.humanists.net/jhcjp.htm
    O que eu disse é que os seus criterios de historicidade sao extremamente rigidos, e nao sao os criterios adotados pela comunidade de historiadores da Antiguidade.
    Por exemplo, usando os seus criterios, as evidencias da existencia de um Pitagoras historico seriam extremamente fracas (mais fracas do que as de Jesus, acredito), por causa da questao dos graus de separacao de redes sociais (eles nao provam nada, como vc disse, mas a ausencia de uma rede social enfraquece a tese da historicidade. Investigando o fragmento 7 de Xenofanes (vc viu o link no outro comentario?) verifica-se que nao há evidencia que ele tenha conhecido Pitagoras pessoalmente mas, nesse fragmento, estava satirizando uma historia mitica sobre os poderes mediunicos de Pitagoras (e vc só pode afirmar que eles foram contemporaneos supondo que as datas de nascimento e morte de Pitagoras sao verdadeiras - que nao seria possivel se Pitagoras for uma lenda).
    Ou seja, vc nao precisa escrever mais nada sobre o tema, eu já entendi sua opiniao (nao sei se ela foi bem descrita pelo Kentaro, mas tudo bem). Eu sei que vc nao é um pseudocientista. Sua metodologia cientifica é idiossincrática aos biologos, mas eu entendo isso...
    Acho que se vc ler o artigo, concordará comigo que todos os argumentos de Doharty poderiam ser aplicados a Pitagoras.
    O problema nao é a sua posicao agnostica (eu nunca chamei vc de conspirador) mas sim o fato de que a Teoria do Cristo Mitico, devido 'a intensa propaganda em torno dela, está sendo adotada por 40% dos ateus e 13% da populacao, em contraste com os 0,1% dos academicos. É essa disparidade que faz com que Doharty seja o novo Erick Von Daniken da historia antiga.
    Agora, o que eu estranho é que nenhum cetico tenha escrito uma analise critica de Doharty. Acho que isso revela uma parcialidade profunda. Ou seja, se um conspirador fala coisas que se aproximam mais ou menos de minhas ideias, ou que atacam visoes que nao simpatizo, entao eu dou um desconto pra ele e nao o critico, mesmo se ele está sendo pseudocientifico...

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  3. OK, Takata, concordo com vc. Acho que vc nao defende as mesmas ideias de Doharty.
    Eu nao sugeri que vc lesse o livro, mas sim o artigo do site dele:
    http://www.jesuspuzzle.humanists.net/jhcjp.htm
    O que eu disse é que os seus criterios de historicidade sao extremamente rigidos, e nao sao os criterios adotados pela comunidade de historiadores da Antiguidade.
    Por exemplo, usando os seus criterios, as evidencias da existencia de um Pitagoras historico seriam extremamente fracas (mais fracas do que as de Jesus, acredito), por causa da questao dos graus de separacao de redes sociais (eles nao provam nada, como vc disse, mas a ausencia de uma rede social enfraquece a tese da historicidade.

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  4. Ops, houve falha (repeticao no envio das mensagens) desculpe!

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