Alguns perguntam se não é um motivo pequeno demais, dizem que tem outros elementos - como a questão ambiental. A resposta é "não" para a primeira e "sim" para a outra.
De fato, não é o único elemento que levo em conta. Mas é um elemento eliminatório. O que nos leva a não ser a restrição pessoal (religiosa/ideológica) da candidata ao casamento guei um tema de menor monta.
Não quero convencer ninguém aqui a não votar em Marina Silva. Apenas exponho meus motivos pessoais para rechaçar sua candidatura.
Falei alhures, respeito muito a história de vida pessoal da ex-ministra do Meio Ambiente. E minha objeção não é fruto de uma análise superficial. Se não é de todo objetiva, é resultado de uma reflexão profunda a respeito de meus valores pessoais.
Ao que respeito a trajetória pessoal da candidata e que isso me desperta simpatia, tenho que reconhecer que os direitos civis, os direitos individuais, os direitos humanos estão em uma escala muito acima das coisas que eu valorizo.
Marina Silva tem sido esquiva e ambígua em sua fala. A ponto de confundir muita gente informada. E eu mesmo - embora eu não seja parâmetro de pessoa informada - fiquei ali titubeante perante a resposta dela à questão do casamento guei. Ok, ela se diz favorável a que se faça um plebiscito. Vamos considerar que houvesse chances apreciáveis de que fosse aprovado pela população. Por que isso teria que ser decidido por plebiscito? (Imagine um plebiscito no começo do século passado sobre o direito a voto das mulheres. Ou um referendo sobre se gueis devem ter direito à cidadania...) Às vezes, as leis precisam ser mais avançadas do que pensam os cidadãos - se dependesse de vontade popular, o cinto de segurança não
Mas nem é esse o ponto. O ponto é a perversidade que existe por trás do posicionamento de Marina Silva. Não estou dizendo que ela é perversa, mas há essa perversidade em seu discurso, ainda que de maneira inopinada. O que ela diz é: "Reconheço o direito do grupo X de querer um direito Y. Mas não reconheço o direito do grupo X de ter o direito Y." Sacam a sutileza? Sacam a terrível maldade que isso encerra?
É o mesmo ponto de vista utilizado por aqueles que detêm o poder de fato e não querem partilhá-lo com um grupo maior. Sabendo que um grupo minoritário não tem poder para alcançar o que deseja, diz algo como: "Vocês podem pedir à vontade (eu é que não vou dar)."
Não é nem pelo imobilismo declarado de Marina Silva. (Infelizmente é um tipo de imobilismo que não se encontrará apenas nela. Não será Serra e, duvido que também venha a ser Dilma, quem irá capitanear a proposição e lutar pela aprovação do casamento civil guei.) É pela própria rejeição à ideia. Ser tolerante a que outros avancem com a proposta não elimina o fato de que ela mesma a rejeita - e ficaria satisfeita se fracassassem no intento.
Refletindo sobre isso e em como é errado negar um direito a um grupo tão somente por sua orientação sexual é que não posso votar em Marina Silva. Essa diferença é incontornável - salvo, claro, ela mude de opinião e se ponha a favor do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Por vicissitudes do destino, tenho relacionamentos afetivos com várias pessoas que têm posicionamentos conservadores. Convivo com elas e tenho carinho por elas. Mas continuo a discordar desses posicionamentos em específico. Em um político, no entanto, em uma pessoa pública, a expressão de tais posicionamentos é, a meu ver, inaceitável.
Se ainda lhe é difícil de enxergar onde está a perversidade desse tipo de discurso, substitua o grupo, imagine um candidato que assim se declarasse: "O casamento foi pensado para pessoas brancas. É uma instituição criada há milhares de anos. Não aceito o casamento de negros. Mas é direito dos negros lutarem pelo casamento civil." O absurdo é o mesmo. Brancos e negros devem ser iguais em direitos. Assim como hetero e homossexuais.
Uma vez escancarada tal perversidade, não consigo deixar de ter um arrepio na espinha quando penso no que isso implica.
Takata, vc poderia esclarecer melhor a diferenca entre casamento gay e uniao civil entre os gays. Marina defende o segundo, mas nao o primeiro. qual a diferenca em termos legais?
ResponderExcluirVc teria algum cometario a fazer sobre este video?
http://www.youtube.com/watch?v=vFm6ZTrjBGw
É verdade que Serra é maçon ou isso é boato?
É verdade que Serra é o preferido entre os evangelicos, segundo os dados de pesquisas eleitorais? E que Marina é a mais votada entre os ateus e sem religiao?
E é verdade que Dilma se converteu à Renovacao Carismatica ( pentecostalismo catolico) e que mudou seu discurso sobre o aborto, como foi noticiado hoje aqui?
http://migre.me/Z8uT
Depois de assistir esse video do Serra, tenho duvidas que ele defenda o estado laico...
ResponderExcluirEle oficializou o "Dia dos Gideoes missionarios do Estado de Sao Paulo"!
E instituiu tambem o dia da EXPO-Cristã no Estado de São Paulo, em 12 de setembro, faz parte do calendario ofical do estado de Sao Paulo "Eu decidi isso depois de visitar essa feira", diz Serra.
Vcs sabiam que entre os evangelicos Serra é o preferido, por ser mais conservador?
http://www1.folha.uol.com.br/po...angelicos-preferem-tucano.shtml
Quanta baboseira idealista!
ResponderExcluirTá com diarreia mental?
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Valdecir,
ResponderExcluirGrato pela visita. Mas não acho apropriado seu linguajar.
Se quiser expressar discordância, faça-o com respeito.
[]s,
Roberto Takata
eu acho que vc eh gay... fato... e vc disse tanto q nao era essa a questão o pq vc nao votaria nela... e soh falou sobre isso
ResponderExcluirDesfuturando,
ResponderExcluirSe eu fosse guei não haveria problemas. Ser guei não é doença, não é crime.
E não entendi o que você quis dizer com: "e vc disse tanto q nao era essa a questão o pq vc nao votaria nela... e soh falou sobre isso"
Qdo eu escrevi: "Mas nem é esse o ponto", eu me referi ao plebiscito. Argumentei q o plebicisto não é um mecanismo adequado para se abordar a questão.
[]s,
Roberto Takata
Takata, uma dúvida. Se você descobrisse que algum dos seus candidatos é explicitamente contrário ao direito à poligamia, ele perderia seu voto?
ResponderExcluirPergunto isso porque, se entendi bem, a relevância que você dá à questão do casamento gay não é pragmática, mas de princípio. Se é assim, me parece que a convicção quanto à poligamia seria da mesma natureza, o que levaria a uma posição de difícil conciliação com as opções disponíveis.
André,
ResponderExcluirNão chegaria a perder. Nem chegaria a ganhar se defendesse. Perderia ou ganharia alguns pontos.
[]s,
Roberto Takata