sábado, 12 de maio de 2012

Sequências de filmes são sempre piores?

A rigor não. Embora os gostos variem, alguém sempre irá lembrar de algum filme cuja continuação seja tão bom ou melhor do que a parte anterior. (Pra mim, por exemplo, Superman 2, de 1980, é tão bom quanto Superman, o Filme, de 1978; e Star Wars Episódio 5: O Império Contra Ataca, de 1980, é superior a Star Wars Episódio 4: Uma Nova Esperança.)

Mas e se colocado assim: de maneira geral, as sequências são inferiores aos filmes originais? Temos dois problemas. Em primeiro lugar, há sérias divergências de opiniões quanto a se uma franquia em particular têm sequências piores, melhores ou iguais às películas anteriores (mesmo se estivermos falando em cinema digital, ok?); em segundo lugar, ainda que tivéssemos um critério comum de análise para todos os críticos, as avaliações seriam diferentes para franquias diferentes. Uma solução possível (e passível de muitas críticas) é adotar as médias de avaliações: entre os críticos e entre as franquias.

A Figura 1, abaixo, mostra a variação dos índices de críticas (médias de avaliações do Rotten Tomatoes e do Metacritic) para as sequências de várias franquias.

Figura 1. Variação de crítica para sequências de algumas franquias hollywoodianas. Fontes: Rotten Tomatoes e Metacritic.

Para os três primeiros filmes de uma franquia, não há diferença estatisticamente significativa (para alfa=5%) entre o primeiro (nota média de 76,15±16,83 - entre 0 e 100) e o segundo (62,54±26,37) filmes e entre o segundo e o terceiro filmes (54,09±24,26), mas há entre o primeiro e o terceiro filmes. A comparação com a média a partir do quarto filme fica complicada - já que o tamanho amostral não é mais igual (nem todas as franquias analisadas têm mais do que 3 títulos) e a partir da 6a. sequência, perde-se muito do sentido estatístico (apenas 5 das franquias analisadas têm 7 ou mais partes).

O que isso quer dizer? Não estou bem certo. A minha interpretação é que há uma tendência, no quadro geral, de as franquias degringolarem; mas não dá pra dizer que "as sequências sempre/em geral são piores do que o filme anterior". (Devendo se atentar para o fato de que o tamanho amostral aqui não é lá muito alto: apenas 27 franquias.)


Outro modo, também sujeito a críticas, de se analisar, é pelo desempenho econômico. A Figura 2 mostra a variação da rentabilidade relativa dos filmes - a renda obtida no mercado americano sobre o custo de produção da obra.



Figura 2. Variação da rentabilidade das sequências. Fontes: Wikipédia Anglófona, Box Office Mojo e outros.

Aqui a tendência é mais clara: não há diferença estatisticamente significativa entre os três primeiros filmes de uma franquia: 34,82±58,61; 9,78±8,27;6,15±4,32, respectivamente de médias de rentabilidade relativa.

Se compararmos as médias dos lucros (bilheteria americana menos os custos de produção), também não encontramos diferenças significativas entre os três primeiros filmes de cada série: 309,68±261,04; 274,99±239,11; 274,33±274,73 (em milhões de dólares).

Dentro das limitações do tamanho amostral e das críticas a que são passíveis os métodos aqui usados, acho que podemos concluir que é bem discutível dizer que as sequências são sempre (ou tendem a ser) piores do que os filmes precedentes. E isso contra o que diz minha intuição e experiência pessoal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário