terça-feira, 7 de maio de 2013

A tal "bolsa crack" - a ideia pode não ser ruim

O governador paulista Geraldo Alckmin está certo em reclamar que "bolsa crack" é um apelido maldoso. Seria mais apropriado chamá-lo de "bolsa ANTIcrack".

O valor (R$ 1.350/mês - durante seis meses) parece injusto para quem não tem nenhum problema com crack - seja um dependente químico ou tenha parente dependente. Mas, ao contrário de certas reações ao anúncio, não é uma recompensa ao drogadito. Nem uma recompensa à família do drogadito.

A grana é para ser aplicada exclusivamente no tratamento. Que não é barato. Mas não poderia usar isso para investir em centros públicos e oferecer o tratamento gratuito? Em parte sim. Porém o tratamento é individualizado, não é trivial o governo manter uma rede de clínicas que possam oferecer todos os tratamentos especializados possíveis. Seria necessário contratar e treinar pessoal, comprar equipamentos e instalações...

A alternativa seria, em vez de dar o dinheiro para a família, reembolsar as clínicas cadastradas. É possível. Mas a vantagem do dinheiro ser por meio de cartão fornecido aos parentes é criar um duplo controle. No sistema de reembolso, toda a comprovação parte da clínica - que um paciente se internou, que tais e tais procedimentos foram aplicados. No caso do cartão, há dados tanto oriundos da família - naturalmente as operações do cartão são registradas -, quanto das clínicas. Assim, permite-se fazer um cruzamento e verificar se os valores estão sendo devidamente utilizados. (Não, não é 100% seguro contra fraudes. Porém, diminui a brecha.)

Há que se verificar como isso será efetivamente implantado e operado. Porém, não me parece uma má ideia à partida.

A crítica que se pode fazer é se esse valor será suficiente. Eu acredito que em muitos casos não. Sobretudo pela limitação temporal de apenas seis meses de tratamento. Mas é melhor do que nada. O problema do crack é realmente devastador como tragédia pessoal e familiar, e o custo social de não tratar os dependentes pode ser bem maior - como casos de violência associada às drogas.

Programa similar está em operação em Minas Gerais desde 2011. Desconheço os resultados.

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