quarta-feira, 9 de julho de 2014

Goodbye Blue Monday*

"John Peacock inspirou fundo. Enquanto agitava furiosamente os dados entre as suas mãos, mantinha os olhos fixos em seu oponente. No momento em que sentiu que o adversário desviou o olhar, lançou os cubos sobre o feltro verde da mesa.
Olhos de cobra! Exatamente o valor que precisava.
Peacock sagrava-se o mais jovem campeão de lançamento de dados na história da competição. Derrotando nada menos do que Anthony "Lucky" Lewis, o único bicampeão da modalidade.
O caminho de Peacock não foi fácil. Nas semifinais havia vencido Edgar Pierre Lablond, representante da forte equipe francesa - que já havia emplacado um semifinalista ano passado. Nas quartas despachara a surpresa do torneio, o tailandês Kopi Luwak, estreante no Campeonato Mundial de Cubopédio e que, nas oitavas conseguira uma vitória inesperada sobre o campeão de três anos atrás: Jürgen Weisz.
A saga de Peacock reflete muito de sua própria trajetória de vida. Campeão improvável em seu colégio, custou a conseguir um patrocínio para alcançar as prévias regionais - ninguém apostaria em um estreante e completo desconhecido. Mas uma bem sucedida campanha no LulzYourKe$h - site de crowdfunding - permitiu-lhe amealhar dinheiro suficiente para sua preparação para o campeonato nacional - onde obteve o índice para o mundial.
'O segredo está todo nos punhos', revela o novo campeão. Seu treinador, Carlos LaSalle, mostra um profissional esforçado: 'Ele faz pelo menos 200 lançamentos todos os dias.' Essa dedicação chegou a ameaçar a carreira do atleta: um princípio de tenossinovite quase o incapacita para a atividade. Passou por intensa terapia durante seis meses valendo-se de um polêmico tratamento à base de pomada de ervas e meditação.
Isso também parece ter marcado muito Peacock, que, já recuperado, continuou a praticar a meditação.
'Ele mentaliza as jogadas', diz o especialista em cubopédio, Mark Shagall. 'Aquela inspirada característica que ele dá antes do lance faz parte do processo de visualizar o resultado.' A intimidação do adversário pelo olhar fixo de lince também serve para desconcentrar o rival. 'O poder mental dele é muito alto', reconhece Weisz, que já havia enfrentado Peacock em outra seletiva.
Mas não é apenas a técnica e a mente que faz o campeão. Sua nutricionista, Edna Macendale, diz que a alimentação balanceada também é fundamental para que Peacock possa obter bons resultados: 'A competição é um momento de grande estresse, e o corpo necessita de muita energia. Também a dieta deve fornecer muito potássio para a concentração mental.'
LaSalle também passa dicas sobre os adversário que irá enfrentar: 'Se o adversário tem a tendência de fazer o lançamento dos dados com a mão direita, é bom que Peacko observe bem e faça o lançamento pelo lado oposto para equilibrar o jogo.'
Apesar de ser considerado um azarão, Peacock certamente não chegou ao topo por acaso. Ele se preparou muito durante toda a sua vida profissional. Estamos provavelmente presenciando uma nova hegemonia no esporte."
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Subtítulo de novela conhecida como "Breakfast of Champions" de Kurt Vonnegut, 1973.

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