Até é compreensível - embora não plenamente justificável, a meu ver - a vista grossa que governantes que se pretendem democráticos fazem de violações de direitos humanos cometidos por governos aliados ou de países nos quais possuem certos interesses (econômicos, milatares, políticos...).
Por isso os EUA não pressionam tanto o governo da China a respeito das seguidas violações contra os direitos humanos de ativistas contrários à ditadura do PC chinês. No episódio da invasão ao Google, a diplomacia americana, sempre tão afeita aos interesses de sua indústria, um tanto que tentou colocar panos quentes.
Que o Brasil não condene as violações em Cuba, no Irã, ou mesmo em Sudão, ainda que vergonhoso, é analisável à luz da doutrina da solução dialogada. Agora, passa de qualquer limite razoável o que foi fartamente comentado semana passada. Lula, em visita à Cuba, tendo coincidido com a morte, em decorrência da greve de fome, do preso político Orlando Zapata comentou o seguinte: "Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome".
Menos pior se tivesse preferido se calar ou mesmo tergiversar. Poderia ter sido até ambíguo: lamentando a morte sem culpar o regime castrista. Mas acabou saindo essa besteira incomensurável.
(Claro que nem o Brasil, nem os EUA são livres de críticas de violações - graves - aos direitos humanos. Guantánamo é a vergonha do tio Sam, as prisões brasileiras também vivenciam diariamente horrores cometidos contra presos comuns.)
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