Paulo Henrique Amorim continua sua implacável perseguição a José Serra. É engraçado para quem, como eu, vê de fora, mas sei como isso pode ser muito chato. (Às vezes acho que PHA pega pesado demais - como quando sugere ligações ilícitas de familiares do governador com envolvidos em esquemas fraudulentos.)
PHA volta à carga com a questão do diploma de economista. Pelo twitter, sua campanha são tweets no formato: troco X por diploma de Serra: ex. aqui, aqui, aqui e aqui.
A rigor, o diploma é dispensável. Diz a lei que regulamentou a profissão de economista (Lei Federal 1.411/1951):
"Art 1º A designação profissional de Economista, a que se refere o quadro das profissões liberais, anexo ao Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), é privativa:
a) dos bacharéis em Ciências Econômicas, diplomados no Brasil, de conformidade com as Leis em vigor;
b) dos ...(Vetado) ... que, embora não diplomados, forem habilitados ...(Vetado)."
O item b é explícito, quem não tem diploma pode ser economista - mas desde que habilitado para tanto.
Certamente Serra não tem diploma. Peca por não responder diretamente à questão. Ele respondeu assim: "O Guido Mantega escreveu sobre a minha formação acadêmica no livro Conversas com Economistas Brasileiros, @FadaCarmim: http://migre.me/11nNa". Pelo link, o que já se sabe, ele deixou o país interrompendo seu curso de Engenharia. Fez mestrado e doutorado em Economia, mas não se formou no curso de bacharelado.
Mas até aí não é problema Serra registrar-se no TSE como economista (eu contestaria a afirmação de que se trata de superior completo, mesmo com pós-graduação). A questão é se Serra tem registro em algum Corecon. Aí pega o que diz o Corecon-PB, Serra não tem registro em *nenhum* Corecon. #comofaz (Sim, grave - até mais grave - também a denúncia do jornalista Sitônio Pinto de que o presidente do Corecon-PB vem recebendo ameaças. Não sei em que situação está atualmente.)
Acho mais grave ele falar que foi professor no IEA de Princeton (ele foi visitante, o IEA nao tem estudantes que precisem de professor ou orientador).
ResponderExcluirMas o grave mesmo é o processo de contratacao na UNICAMP. Qual o curriculo do Serra na época? Ele nao tem nenhum paper no ISI Thomson antes dos anos 2000 (tem um depois). No Google Scholar, nao tem nenhum paper antes de ser contratado como professor na UNICAMP (a menos do trabalho com a Maria Conceicao Tavares de 1970).
Ou seja, parece uma producao muito pequena para vencer um concurso. Mas talvez nao tenha havido concurso. Nesta pagina do jornal da UNICAMP temos o seguinte relato:
http://migre.me/13Got
" Os economistas da Unicamp, liderados por João Manuel Cardoso de Mello, ansiavam pela contratação do colega, mas o processo estava parado na gaveta do coordenador dos Institutos, o físico Sérgio Porto, que tinha birra com os intelectuais de esquerda.
“Aposto que ele é igualzinho a vocês”, pilheriou o físico. “Sim, igualzinho”, ironizou João Manuel. Porto resolveu colocar o peso do cargo para encerrar a queda de braço: “Não vou recomendar”."
Uma interpretacao alternativa seria que Sergio Porto percebeu que a contratacao era politica, pelo fato de Serra ter coordenado a campanha de FHC em 1978.
Alem disso, a trajetoria no mestrado e doutorado é esquisita, o cara parece um genio que faz mestrado e doutorado ao mesmo tempo, em dois ou tres anos. O mestrado em Cornell nao exigiu dissertacao e o doutorado parece ser latu sensu, sem banca.
"Com o golpe militar de 1964, exilou-se na Bolívia, no Uruguai e, em seguida, no Chile, onde fez o curso de Economia da Cepal, em 1966, especializando-se em Planejamento Industrial. Fez mestrado em Economia pela Universidade do Chile (1968), da qual foi professor entre 1968 e 1973. Em 1974, o mestrado (1976?) e o doutorado (a tese é de 1978) em Ciências Econômicas na Universidade de Cornell, Estados Unidos. Também figurou como membro do Institute for Advanced Study, de Princeton(1977-1978)."