A Unilever trouxe há pouco a marca Lifebuoy pra estas paragens, entrando no mercado em que praticamente apenas a Protex da Colgate-Palmolive se fazia presente (havia - e há - outras marcas menores, com pouco peso em anúncios publicitários): a dos sabonetes antibacterianos.
O slogan promete: "100% melhor proteção contra bactérias*" - com a observação em letras minúsculas: "comparado com sabonetes sem ingredientes antibacterianos".
O que quer dizer ser "100% melhor"? Eles não esclarecem nas peças publicitárias em que anunciam a vantagem. Há dois modos de se interpretar: 1) o total de bactérias removidas é o dobro do das removidas por sabonetes comuns; 2) o total de bactérias restantes é 100% menor. O segundo caso implica que há uma remoção *total* de bactérias.
No vídeo da campanha aparece imagem comparativa representando a pele com o uso de sabonete comum e do produto. A figura abaixo reproduz dois fotogramas: o antes e o depois.
No caso do sabonete comum, segundo a peça, há eliminação de poucas bactérias. Claramente, é sugerido que "100% melhor" deve ser interepretado como o caso 2.
Mas aí vemos no Código Penal a definição de charlatanismo:
"Charlatanismo
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa."
Só escapam por não anunciar cura, mas prevenção - embora não seja um meio secreto (mas vá lá saber o que é fórmula Active5), claramente se propõe como infalível.
O site australiano é mais modesto. Diz que mata 99,9% das bactérias em 10 segundos.
De todo modo, a peça publicitária do Lifebuoy é uma boia furada. O produto deve funcionar, mas esse "100% melhor" está ilustrado de modo altamente enganoso. Sabonetes comuns removem até 98% dos germes da pele em uma lavagem adequada.
Conar e Procon deveriam ter uma conversinha com a Unilever.
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