sábado, 2 de abril de 2011

"Legião é o meu nome, porque somos muitos."

Como escrevi antes, temos sim - ainda que a passos de tartaruga - avançado na questão da igualdade racial e sexual (incluindo a questão dos LGBTT).

Se de um lado é chocante constatar que haja ainda gente como Bolsonaros e Felicianos da vida - e gente que defenda o que disseram -, o próprio fato dessas falas e pensamentos chocarem indicam que avançamos: antes essas coisas seriam tidas como naturais, banais. Hoje, não. Muitas vozes se levantaram indignadas.

Seria exemplar se a própria Câmara os denunciasse e os caçassecassasse por conduta incompatível com a vida parlamentar; mas o histórico do tratamento da casa para com seus membros não permite se depositar muitas esperanças nesse final. Seria exemplar também se os eleitores tratassem de manter esse tipo de pessoas longe das vagas representativas, porém, é um nicho político que rende votos suficientes.

Há também gente que, embora não deva compactuar com esse tipo de pensamento, defenda a liberdade de que tais disparates sejam ditas. Sorry. Que tais defensores sejam, quase que invariavalmente, brancos (e não sejam gueis assumidos) tornam as coisas suspeitas. Não de que pensem, no fundo, como tais boçais.

Mas um branco dizendo que os negros (e os gueis) não deveriam ligar pra isso é forçar a amizade. De onde Guterman tirou que ficar calado é a melhor estratégia? Essa foi a situação que imperou por séculos. As coisas só melhoraram quando se passou a *protestar* contra os ataques aos grupos minoritários. "Ah, eu não ligaria." Fácil dizer isso quando se está em uma situação em que jamais passaria por isso.

Haveremos de construir uma sociedade em que tais sandices não encontrariam nenhum refúgio em bolsões quer políticos, quer religiosos, quer de outra natureza. O trabalho é, porém, árduo.

4 comentários:

  1. Concordo em gênero, número, grau e qualquer outra categoria de que porventura eu tenha me esquecido. Bom saber que há gente que vai além do pessimismo estéril do "não tem jeito, mesmo" e do "nunca vai mudar".

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  2. Salve, Belisário,

    Valeu.

    Por outro lado temos que ficar atentos, pois o que foi conquistado também pode ser perdido. E trabalhar pra continuarmos a progredir (e acelerar o passo que temos muito o que mudar ainda).

    []s,

    Roberto Takata

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  3. Indignação, repúdio, boicote... sim.
    Cassação? Por falar besteira ou ofender os outros... aí entramos na questão da liberdade de opinião... qual é o mal menor?

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  4. André,

    O mal menor claramente é cassar um deputado que ofende os homossexuais.

    Oras, um deputado que defendesse o fechamento do Congresso possivelmente seria cassado sem nenhum trauma.

    Liberdade de opinião não é absoluta. Nenhum direito o é.

    []s,

    Roberto Takata

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