Depois do núcleo do negacionismo climático no Departamento de Geografia da FFLCH/USP, agora temos um núcleo do negacionismo do Holocausto na Faculdade de Direito da mesma USP.
A ultradireita está mesmo à vontade para tirar suas asinhas de fora.
Precisamos conter essa onda antes que o desastre sobrevenha: uma escalada de violência contra minorias (homossexuais, negros, estrangeiros...), um retrocesso nas garantias legais e constitucionais (avanço de leis que firam o princípio do estado laico, caducamento da Maria da Penha, restrições de direitos humanos...) e vitória dessas campanhas obtusas (criacionismo em aulas de ciências, negacionismo climático orientando políticas públicas, negacionismo do Holocausto em aulas de história...).
Apenas cartas abertas indignadas de associações científicas, de direitos humanos e de movimentos sociais parece não surtir o efeito - talvez se retarde uma ou outra ação dessas, mas aos poucos elas penetram aqui e ali: como as aulas de religião em escolas públicas (incluindo criacionismo) do Rio de Janeiro, as diversas tentativas de tornar a leitura da Bíblia obrigatória em escolas públicas e outros estabelecimentos (e o desrespeito a quem não comunga da mesma religião).
Muitas dessas ações ocorrem nas franjas legais, mas as que violam frontalmente as leis deveriam ser objetos de contestações judiciais.
Campanhas de esclarecimento ajudam? Não sei. Raramente vêm seguidas de medições de parâmetros sobre os efeitos (até por dificuldades operacionais, além dos custos de pesquisas de opinião pública).
É preciso, a meu ver, *organizar* um movimento de reação - é preciso ser organizado para que a força dos números se traduzam em força de pressão e para ganhar alguma musculatura econômica.
Upideite(20/nov/2012): Nos comentários, Antonio Caleari indica seu texto em resposta às acusações de Sean Purdy. "Em outras palavras, propus-me não a confrontar os argumentos propriamente historiográficos acerca do mérito factual sobre a ocorrência (ou não) de um Holocausto Judeu, no contexto da Segunda Guerra Mundial. Coube ao projeto acadêmico apresentado, aceito e executado, tão somente avaliar, sob a ótica do Direito (especialmente da disciplina juscriminal), se é legítima a ordenação de um delito opinião, com base em um dado período da história recente. Daí a oposição entre o direito de punir do Estado (Jus Puniendi) e o intuito revisionista (Animus Revidere). [...] A chancela acadêmica que recebi na FD-USP (Largo de São Francisco) se deveu unicamente à minha criteriosa observância dos parâmetros científicos que derivaram em argumentos jurídicos, dos quais me utilizei para criticar a criminalização da negação do Holocausto, sob a já citada proposta metadiscursiva, e jamais tendo ocorrido uma falseada laureação ao mérito da teoria revisionista (ao contrário da espalhafatosa manchete no site de Luiz [sic] Nassif: 'A negação do Holocausto laureada na USP'). O resultado foi a avaliação de meu trabalho com nota máxima e posterior indicação ao 'Prêmio Jovem Jurista', apenas cuja premiação é feita pelo Santander, diferentemente do que fora maliciosamente"
Obs: Tendo a concordar com Caleari de que, ao menos em um mundo ideal, não se deveria criminalizar o revisionismo negacionista. Mas continua a ser uma coisa idiota denegar o que é fartamente sustentado em fatos. Como é toda sorte de negacionismo - a negação da ocorrência de um fenômeno (evolução, vínculo câncer de pulmão/tabagismo, aquecimento global e mudanças climáticas) a despeito das evidências em contrário. O revisionismo negacionista do Holocausto, como quase todo negacionismo, não é, porém, de todo inocente. Há consequências práticas nessa postura, como minimizar os horrores sofridos pela população judaica (e outras minorias na Alemanha nazista) e fomentar intolerância contra ela.
Minha resposta (CONTRADITÓRIO) às críticas e acusações do Profº Sean Purdy está disponível em: http://www.2shared.com/document/gJNZnQ1I/Resposta_s_crticas_do_Prof_Sea.html
ResponderExcluirCaro Antonio Caleari,
ResponderExcluirGrato pela visita e comentário.
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[]s,
Roberto Takata