domingo, 14 de setembro de 2014

Criacionismo. Nas escolas públicas, não!

O Brasil, sempre atrasado, agora está meio que tendo que enfrentar a briga do Design Inteligente contra o bom senso. Nos EUA, desde 2005, com o julgamento Kitzmiller v. Distrito Escolar da Área de Dover, está bem claro para o sistema legal que a Teoria do Design Inteligente (TDI) é só uma forma de criacionismo e este, desde 1982, no julgamento McLean v. Conselho da Educação de Arkansas, é considerado uma forma de religião, não tendo nada a ver com ciências.
Os adeptos do criacionismo estão organizados no Brasil já há um bom tempo. Inclusive do TDI. Mas agora, com o crescimento da bancada evangélica, com o sucesso de várias investidas arcaizantes dessa bancada: impedimento da oferta pelo SUS de assistência ao abortamento nos casos que são previstos em lei; retrocesso da agenda de cultura da tolerância e respeito à diversidade sexual (incluindo de orientação sexual) nas escolas; proscrição de campanhas de combate à aids/HIV voltados para o público LGBTT/queer e para prostitutas... estão botando as asinhas de fora e querem que a pseudociência religiosa do criacionismo (sob a alcunha de TDI) seja enfiada nas escolas e universidades públicas nas aulas de ciências. É a proposta que irão defender em seu segundo primeiro congresso de TDI (houve um primeiro primeiro congresso em 2010).
No Rio de Janeiro, em 2004, sob a batuta da governadora evangélica presbiteriana Rosinha Garotinho, o ensino do criacionismo invadiu as escolas públicas pela porta de trás: em meio a aulas de religião.
Não podemos ceder à essa agenda obscurantista. Que eles acreditem, é direito deles. Que ensinem aos filhos deles em escolas confessionais particulares é direito deles. Que queiram impor a visão religiosa deles a todos os demais brasileiros é um abuso que não se pode tolerar.
Duvido que eles gostassem de que os filhos deles fossem obrigatoriamente expostos às lendas de religiões de matrizes africanas.
Pra manter o respeito a todas as formas de crenças é que o Estado tem que ser religiosamente neutro, tem que ser laico. Não pode, assim, permitir a mistura de religião com ciência nas escolas públicas.

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