O jornalista Carlos Orsi escreveu em seu blogue um texto em defesa do direitos ateus em debocharem abertamente do sentimento religioso das pessoas: "Cuidado com quem prega o ateísmo de 'alma branca'".
A linha de defesa, pelo que entendi, passa por:
1) Liberdade de expressão;
2) Direito de resposta: "eles (os religiosos) que começaram, professor";
3) Estão apenas dizendo a verdade: "religião *é* ridícula";
4) Estratégia retórica: tem que bater o pau na mesa pra se fazer respeitar;
5) Dizer que não deveriam ridicularizar seria o mesmo que dizer que negros deveriam saber seu lugar, homossexuais devem ser discretos e mulheres devem se vestir como pudicas.
1) Como o próprio Orsi reconhece nos comentários da postagem dele, a liberdade de expressão tem limites: de um lado, a lei, e de outro, há a reprovação dos intelectuais. E, bem, aparentemente parte dos intelectuais acham que essa ridicularização passou mesmo o limite do bom gosto e da civilidade a ponto de fazerem crítica pública a essas ações, inclusive intelectuais dentro da própria comunidade ateísta e ateia. (Quanto ao limite legal estou mais incerto - creio que ninguém ainda tenha sido processado.)
2) Em conjunto com certas interpretações de (1) isso acaba legitimando também o próprio discurso *contra* os ateus (ou contra a ateidade/ateísmo). Por quê? Porque de um lado, se *todo mundo* tem a liberdade de dizer *o que quiser*, esse "todo mundo" inclui os religiosos e esse "o que quiser" inclui descascar os ateus. De outro, é o princípio em que a reciprocidade elimina a ofensa inicial. Os dois se xingaram, estão quites. Ninguém tem que falar nada de ninguém. (É um dispositivo de exclusão de pena no Código Penal para os casos de injúrias - art. 140:
"§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria."
Isto é, ateus ficam sem a carta do "quero respeito", a menos que ambas as partes se sentem para um armistício.
E a prioridade da provocação é invertida quando começa a caçoar de Ganexa - há poucos casos de atritos entre hindus (religiões orientais de modo geral, e as de matrizes nativas e africanas também) e ateus no Brasil.
3) O conceito de ridicularidade é extremamente subjetivo ou, no máximo, intersubjetivo. Mas mesmo assim há coisas que não precisam ser ditas por serem provocações puras, sem nenhum aspecto pedagógico. Sério, qual o sentido de ridicularizar Ganexa? O mesmo sentido do Rodeio das Gordas, pelo visto. Ninguém há de defender a humilhação de pessoas obesas para que "elas se toquem e comecem a fazer regime, faz até bem pra saúde delas" - oquei, há gente que defende isso, mas acho que concordaremos que é uma tentativa absurda de justificação.
4) De um lado há que se discutir se a hora é agora. E de outro se é verdade que isso é necessário. Orsi também reconhece nos comentários da postagem dele a possibilidade de escalada, o que chama de "corrida armamentista". Se o efeito desejado é de *convencimento*, isso parece um tiro pela culatra.
5) A comparação não procede como argumentei lá na postagem de Orsi:
"A comparação com 'negro saber seu lugar', 'homossexuais não pode[m] andar de mãos dadas na rua', 'mulher não pode usar roupa sensual' não é bom [sic, boa] em relação a 'ateus devem ser respeitosos'. Em primeiro lugar, desrespeito é criticável - mesmo o responsivo. Além disso, desrespeito *não* é uma característica intrinsecamente necessária para o exercício da ateidade ou do ateísmo. Em terceiro lugar - ligando-se com o primeiro -, 'negro saber seu lugar' restringe os direitos dos negros porque todo mundo, menos os negros, podem ir e vir para qualquer lugar, 'homossexual deve ser discreto' restringe o direito dos homossexuais porque todo mundo, menos os homossexuais, podem demonstrar afeto em público; 'mulher deve se vestir puritanamente' restringe os direitos das mulheres porque todo mundo, menos as mulheres, podem se vestir do jeito que quiserem.
'Ateus devem se comportar' só é comparável a essas situações se a todo mundo, menos os ateus, fosse dado o direito de ser desrespeitoso."
O desrespeito por parte dos ateus em relação aos religiosos deve ser criticado. Também devem ser criticados os desrespeito dos religiosos em relação aos ateus. E também o desrespeito de grupos religiosos em relação a outros grupos religiosos.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Carta Aberta do Prof. Dr. Asher Kiperstok contra a entrevista do Prof. Dr. Ricardo Felício no Programa do Jô
Adianto que não concordo muito com os termos da crítica feita pelo Prof. Dr. Asher Kiperstok, Engenheiro Químico da UFBA: focado exclusivamente em termos de currículo. Claro, há algum peso se nenhuma outra informação for acessível: se não se tem ideia do que estão discutindo, alguém que estudou profundamente o tema provavelmente tem mais conhecimento de causa. Mas, dado que temos a internet, os livros, os jornais para analisar as alegações, o argumento de autoridade pode ser posto para escanteio.
De todo modo, como não vi o teor reproduzido em nenhum outro lugar, trago-o aqui para conhecimento. A informação relevante é que parte da academia está manifestando sua insatisfação com a desinformação dos negacionistas, neste caso em particular, do Prof. Dr. Ricardo Felício.
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(Texto informado pelo autor)
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De todo modo, como não vi o teor reproduzido em nenhum outro lugar, trago-o aqui para conhecimento. A informação relevante é que parte da academia está manifestando sua insatisfação com a desinformação dos negacionistas, neste caso em particular, do Prof. Dr. Ricardo Felício.
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Prezad@s,
Preocupado
com o impacto causado pela entrevista do prof. Felício no programa
de Jô Soares, não apenas negando, mas fazendo chacota de
proeminentes cientistas que vêm nos alertando sobre o grave problema
da mudança climática, coloco a vossa disposição os currículos de
três importantes cientistas brasileiros que, por compreenderem a
gravidade do problema tem se dedicado seriamente ao seu estudo, e o
de dois professores que o negam.
Claro
que cada um pode ter a opinião que quiser, sugiro apenas que
verifiquem os resumos dos currículos abaixo e, se possível visitem
os currículos dos mesmos por extenso nos endereços eletrônicos
indicados, antes de formar uma opinião.
Quando
precisamos de um especialista, seja para resolver um problema na
nossa arcada dentária ou consertar nosso veículo, procuramos nos
aconselhar com pessoas que tenham um currículo adequado para nos
responder.
Temos
que ter muito cuidado para não nos deixarmos cair no conto de
charlatães. Sejam dentistas, mecânicos ou professores
universitários.
O
Painel Intergovernamental para a Mudança Climática, ao qual o prof.
Felicio se referiu de forma jocosa, no programa do Jô, é uma
instância que reúne milhares de cientistas do porte dos professores
Fearnside, Nobre e Marengo, sob os auspícios da Organização
Meteorológica Mundial (WMO) e do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (UNEP) e que recebeu o Premio Nobel pelo seu esforço
em alertar a humanidade para este gravíssimo problema.
Asher
Kiperstok PhD,
Coordenador
do TECLIM/UFBA
Cientistas
Brasileiros que tem alertado para a gravidade do problema da mudança
climática.
Philip
Martin FearnsideBolsista
de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A
possui
graduação em Biologia - Colorado College (1969), mestrado em
Zoologia - University of Michigan - Ann Arbor (1974) e doutorado em
Ciências Biológicas - University of Michigan - Ann Arbor (1978).
Atualmente é pesquisador titular iii do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA). Estuda problemas ambientais na
Amazônia brasileira desde 1974, inclusive morando dois anos na
rodovia Transamazônica antes de entrar nas quadras do INPA em 1978.
Realiza pesquisas ecológicas, incluindo a estimativa de capacidade
de suporte de agro-ecossistemas tropicais para populações humanas e
estudos sobre impactos e perspectivas de diferentes modos de
desenvolvimento na Amazônia e sobre as mudanças ambientais
decorrentes do desmatamento da região. Desde 1992 vem promovendo a
captação do valor dos serviços ambientais da floresta amazônica
como forma de desenvolvimento sustentável para as populações
rurais na região. Em 2004 foi vencedor do Prêmio da Fundação
Conrado Wessel na área de Ciência Aplicada ao Meio Ambiente. Em
2006 ele recebeu do Ministério do Meio Ambiente o Prêmio Chico
Mendes com 1o lugar na área de Ciência e Tecnologia, e no mesmo ano
foi identificado pelo Instituto de Informações Científicas
(Thomson-ISI) como sendo o segundo mais citado cientista no mundo na
área de aquecimento global
(http://esi-topics.com/gwarm2006/interviews/PhilipFearnside.html).
Seus trabalhos estão disponíveis através do site
http://philip.inpa.gov.br.(Texto
informado pelo autor)
Última
atualização do currículo em 07/04/2012 Endereço
para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/3176139653120353
Carlos
Afonso NobreBolsista
de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A
Possui
graduação em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (Dezembro de 1974) e doutorado em Meteorologia pelo
Massachusetts Institute of Technology (Janeiro de 1983). Iniciou sua
carreira profissional no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA), em 1975. É pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais desde 1983. Exerce desde fevereiro de 2011 a função de
Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento
do Ministério de Ciência e Tecnologia-MCT. Exerceu funções de
gestão no INPE: chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre
(CCST-INPE) de 2008 a 2011 e coordenador geral do Centro de Previsão
de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC-INPE) de 1991 a 2003. E também
coordenação de experimentos científicos, entre outros: coordenador
científico do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na
Amazônia (LBA) durante o período de 1996 a 2002 e coordenador
brasileiro do Anglo-Brazilian Climate Observations Study (ABRACOS) de
1990 a 1996. Foi representante da área Multidisciplinar da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(2005-2007). Exerceu a presidência do International Advisory Group
do Programa de Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PP-G7)
(2006-2008). Atualmente é o presidente do Comitê Científico do
International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP). Preside os
Conselhos Diretores da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças
Climáticas (Rede CLIMA) e do Painel Brasileiro de Mudanças
Cllimáticas. Foi coordenador do Programa FAPESP de Pesquisa em
Mudanças Climáticas Globais (2008-2011). Representa o Brasil no
International Institute for Applied System Analysis. e é membro do
International Scientific Advisory Panel do Climate Change Adaptation
Program, da Holanda. Tem experiência na área de Geociências, com
ênfase em Meteorologia, Climatolgia e Modelagem Climática, atuando
principalmente nos seguintes temas: ciências atmosféricas, clima,
meteorologia, Amazônia e modelagem climática, interação
biosfera-atmosfera, mudanças climáticas e desastres naturais.
Ministra as disciplinas Interação Biosfera-Atmosfera e Introdução
à Ciência do Sistema Terrestre, em Programas de PG do INPE.Formulou
há 20 anos a hipótese da "savanização" da Amazônia em
resposta a desmatamentos e vem estudando como o aquecimento global
pode influenciar a floresta tropical. Já orientou 26 alunos de
mestrado e doutorado. Foi um dos autores do Quarto Relatório de
Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC) que, em 2007, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz,
juntamente com Al Gore. Recebeu, em 2007, o Prêmio da Fundação
Conrado Wessel, na área de Meio Ambiente. Em 2009, recebeu a Von
Humboldt Medal da European Geophysical Union. Em 2010, receberá a
condecoração da Classe Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito
Científico da Presidência da República. Sua produção científica
foi citada mais de 4 mil vezes (dezembro de 2010) no ISI (índice h =
28) e mais de 5 mil vezes no Google Scholar.(Texto
informado pelo autor)
Última
atualização do currículo em 01/09/2011 Endereço
para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/1608252203113404
Jose
Antonio Marengo OrsiniBolsista
de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A
Pesquisador
1-A do CNPq. Jose A. Marengo possui graduação em Fisica y
Meteorologia - Universidad Nacional Agraria (1981), mestrado em
Ingenieria de Recursos de Agua y Tierra - Universidad Nacional
Agraria (1987) em Lima, Peru e doutorado em Meteorologia - University
of Wisconsin - Madison (1991) em EUA. Fez pos doutorado na NASA-GISS
e Columbia University em Nova York e na Florida State University na
Florida, EUA em modelagem climática. Foi coordenador cientifico da
previsão climatica do CPTEC INPE. Atualmente é pesquisador titular
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. É professor na pos
graduação do INPE. È membro de vários painéis internacionais:
IPCC, VAMOS-CLIVAR, GWSP, e é membro de grupos de trabalho no Brasil
e no exterior sobre mudanças de clima. e mudanças globais . É
consultor na área de estudos ambientais e de agencias de
financiamento e parecerista de diversas revistas científicas e de
agencias financiadoras nacionais e internacionais. É autor de
artigos, capítulos de livros, livros, relatórios técnicos e
trabalhos de congressos. Pelo INPE, participa atualmente de vários
projetos de pesquisa, com instituições brasileiras, inglesas,
francesas e americanas, e têm intensificado atividades de docência
e orientação de pesquisa, além de ser membro ativo em vários
conselhos participativos de clima e hidrologia, mudanças climáticas
e globais. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em
Meteorologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Amazônia,
clima, mudança de clima, e modelagem de clima. È coordenador de
projetos de pesquisa nacionais e internacionais, e tem ocupado cargos
administrativos no INPE, é membro do Comite CIentifico do Painel
Brasileiro de Mudancas Climaticas, CLA y RE dos Relatorios do IPCC
GT1 e 2, e atualmente é o Coodenador Geral do Centro de Ciencia do
Sistema Terrestre CCST, e desde 2012 é Membro Titular da Academia
Braslieira de Ciencias.(Texto
informado pelo autor)
Última
atualização do currículo em 10/04/2012 Endereço
para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/5719239270509869
Cientistas
brasileiros que tem feito chacota sobre o problema da mudança
climática
Ricardo
Augusto Felicio
Graduado
em Ciências Atmosféricas - Meteorologia pela Universidade de São
Paulo (1998), mestrado em Meteorologia pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (2003) e doutorado em Geografia (Geografia
Física) pela Universidade de São Paulo (2007). Atualmente é Prof.
Dr. da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de
Geociências, com ênfase em Geografia e Meteorologia, atuando
principalmente nos seguintes temas: Climatologia Geográfica,
Antártida, Meteorologia e ciclones extratropicais que atuam no
Brasil e no cinturão polar. Realiza pesquisas sérias e críticas
sobre a variabilidade climática e seus desdobramentos,
desmistificando as "mudanças climáticas antropogênicas"
e sua ideologia embutida.(Texto
informado pelo autor)
Última
atualização do currículo em 21/06/2011 Endereço
para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/3573585906523607
Luiz
Carlos Baldicero Molion
Possui
graduação em Fisica pela Universidade de São Paulo (1969), PhD em
Meteorologia, University of Wisconsin, Madison (1975), pós-doutorado
em Hidrologia de Florestas, Institute of Hydrology, Wallingford, UK
(1982) e é fellow do Wissenschftskolleg zu Berlin, Alemanha (1990).
É Pesquisador Senior aposentado do INPE/MCT e atualmente Professor
Associado da Universidade Federal de Alagoas, professor visitante da
Western Michigan University, professor de pós graduação da
Universidade de Évora, Portugal. Tem experiência na área de
Geociências, com ênfase em Dinamica de Clima, atuando
principalmente em variabilidade e mudanças climáticas, Nordeste do
Brasil e Amazonia, e nas áreas correlatas energias renováveis,
desenvolvimento regional e dessalinização de água.É membro do
Grupo Gestor da Comissão de Climatologia, Organização
Meteorológica Mundial (MG/CCl/WMO).
(Texto informado pelo autor)
Última
atualização do currículo em 11/05/2011 Endereço
para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/5110326514774369
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quinta-feira, 17 de maio de 2012
Hora da pipoca
Uma pequena seleção de filmes para se ver enquanto espero o professor Renato Rovai arrumar o texto dele.*
*Upideite(17/mai/2012): Rovai arrumou. Bem, mais ou menos, ainda aparece um "Takata" indevido no segundo parágrafo.
Upideite(17/mai/2012): Agora, sim, está tudo certinho lá no blog do Rovai.
- Zero Hour! 1957. EUA. 81 min. Direção: Hall Bartlett. Com Dana Andrews e Linda Darnell.
- Dwie godziny. 1957. Polônia. 70 min. Direção: Stanislaw Wohl e Józef Wyszomirski. Com Barbara Fijewska, Irena Krasnowiecka e Wanda Luczycka.
- 3 Hours. 2010. RU. 15 min. Direção: Regan Hall. Com Diana Adel, Abdullah Amer e Naseem Baha.
- Four Hours. 2011. RU. 90 min. Direção: Andy Super. Com Peter Peralta, Amar Adatia e Alexandra B. Harris.
- Five Hours. 1911. EUA. ? min. Direção: ?. Com ?
- 6 Hours. 2009. Coreia do Sul. 29 min. Direção: Moon Seong-Hyeok. Com Min-yeong Chu, Kim Hyo-joo e Hyo-jin Kim.
- 7 Hours. 2011. EUA. 25 min. Direção: Jess Carson. Com Sean Jones, Casondra Witham e Clint Anthony.
- 8.5 Hours. 2008. Irlanda. 112 min. Direção: Brian Lally. Com Lynette Callaghan, Victor Burke e Jonathan Byrne.
- 10 Hours. 2011. EUA. 5 min. Direção: Easton Grainer. Com Alex Danke, Easton Grainer e Paulina Schmidtke.
- 12 Horas. 2001. Porto Rico. 89 min. Direção: Raúl Marchand Sánchez. Com Jaime Bello, Marcos Betancourt e Modesto Lacen.
- Fourteen Hours. 1951. EUA. 92 min. Direção: Henry Hathaway. Com Paul Douglas, Richard Basehart, Barbara Bel Geddes, Debra Paget, Agnes Moorehead e Robert Keith.
- 22 Hours. 2008. EUA. ? min. Direção: ? Com Deborah Abbott, Kelli Cooke e Brian Thornton.
- 23 Hours. 2000. EUA. 86 min. Direção: Eric Thornett. Com David Lee Stewart, Jason Wauer e Duane Rouch.
- 24 Hours. 1931. EUA. 65-68 min. Direção: Marion Gering. Com Clive Brook, Kay Francis e Miriam Hopkins.
- 27 Horas. 1986. Espanha. 81 min. Direção: Montxo Armendáriz. Com Martxelo Rubio, Maribel Verdú e Jon San Sebastián.
- 32 Hours 7 minutes. 2009. 90 min. Direção: Cory Welles. Com Alexander Roy, David Diem e Jon Goodrich.
- 36 Hours. 1965. EUA. 115 min. Direção: George Seaton. Com James Garner, Rod Taylor e Eva Marie Saint.
- 40 Hours. 2010. EUA. 14 min. Direção: Sasha Shemirani. Com Joshua Christian, Kali Cook e Tanya Gorlow.
- 48 Hrs. 1982. EUA. 96 min. Direção: Walter Hill. Com Nick Nolte, Eddie Murphy, Annette O'Toole e James Remar.
- 90 Ghanta. 2008. Índia. 130 min. Direção: Sougata Roy Burman e Sushanta Pal Choudhury. Com Jishu Sengupta, Swastika Mukherjee e Tota Roy Chowdhury.
- 127 Hours. 2010. RU/EUA. 94 min. Direção: Danny Boyle. Com James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn, Clémence Poésy, Lizzy Caplan, Kate Burton e Treat Williams.
- 479 Hours. 2010. Austrália. 5 min. Direção: Jason Miller. Com Jennah Bennear, Derek Clauson e Alex Ferris.
- 35.000 Stunden. 2009. Alemanha. 17 min. Direção: Julia Langhof. Com Jean-Luc Bubert.
*Upideite(17/mai/2012): Rovai arrumou. Bem, mais ou menos, ainda aparece um "Takata" indevido no segundo parágrafo.
Upideite(17/mai/2012): Agora, sim, está tudo certinho lá no blog do Rovai.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Editor da Revista Fórum também não sabe ler...
Acabo de descobrir que me juntei ao clube que tem Arnaldo Jabor, Cecília Meireles, Gabriel Garcia Márquez, Luis Fernando Verissimo, entre outros. Não, não é o clube de autores premiados (seja por livros, filmes ou outra produção artística ). Mas de pessoas que já tiveram autoria de uma obra erroneamente atribuída a si.
O editor da Revista Fórum, Renato Rovai, publicou em meados no ano passado um artigo em que me desanca por um texto que eu não escrevi.
O texto criticado é este, intitulado "Onde se encaixam os 'Blogueiros Progressistas' no ecossistema da Democracia Digital?". Qualquer pessoa com um mínimo de atenção notará que o autor não tem nada a ver com a minha pessoa - exceto o fato de ambos sermos usuários do sítio web Observador Político.*
Minha participação nesse texto se resume aos comentários. E um em que eu basicamente discordo do ponto de vista do autor.
----------
"Por Roberto Takata, em 24/07/2011 às 16:10.
a) Não concordo com sua visão, Noronha. Certamente há erros por parte do grupo – eu discordo frontalmente do financiamento público do movimento -, mas não chega a ser partidário e governista. Há, claro, convergência de ideias – afinal, os governos Lula e de Dilma são do espectro da esquerda; mas há críticas por parte deles em relação a ações desses mesmos governos.
b) Depende do que se chama de ecossistema da democracia digital. De todo modo, eles são representantes de uma certa visão de mundo – uma visão que não é incompatível com uma sociedade democrática: ainda que bem diferente de uma visão de um grupo economicamente liberal, p.e.
c) Vai depender de vários fatores. Eles podem – ainda que parcialmente – integrar-se a este projeto (o que é bem pouco provável), podem se postar de modo crítico, podem apoiar ocasionalmente e divergir em outras oportunidades, podem ignorar o projeto ou se manterem distantes…
[]s,
Roberto Takata"
----------
O outro foi em resposta a um comentário, que só agora entendi que foi motivado pelo texto do Rovai:
----------
"Por Roberto Takata, em 25/07/2011 às 20:31.
@lucassantos Acho que sua resposta era para o Wagner Ferraz, criador da discussão, não a mim.
[]s,
Roberto Takata"
----------
Eu nem deveria falar, mas eu *contribuí* com o Primeiro Encontro de Blogueiros Progressistas.
----------
From: contato(at)baraodeitarare(dot)org(dot)br
Subject: Re: Encontro de Blogueiros - conta para pagamento da inscrição
To: rmtakata@xxx
Date: Mon, 9 Aug 2010 17:38:14 -0300
Roberto, Boa Tarde.
Recebi os comprovantes, estão ok.
Aproveito para agradecer em nome de toda comissão organizadora, a doação que você faz. Ela contribuirá para alguém participar do encontro.
Att,
Danielle
----------
*Upideite(15/mai/2012): Caso haja alguma pessoa com problemas de atenção, aí vai um screenshot da tela.
No final do textodetem um "PS: O texto foi corrigido porque o nome do colaborador do blog do FHC estava errado." Pow, nem um "peço desculpas pelo erro"?
Upideite(17/mai/2012): Tudo certinho agora. Rovai pede desculpas via twitter.
Upideite(18/set/2013): O texto com a correção sumiu. Reapareceu a versão original. (E descobri que mais um blogue reproduziu o texto original errado do Rovai.)
Vou compilar aqui os blogues que reproduziram o texto errado:
Maria da Penha Neles
O Outro Lado da Moeda (nos comentários, Gabriel Tatagiba informa a correção)*
(Reproduziram no clipping da CUT também.)
E os que publicaram o texto com a devida correção
De Olho no Discurso
Blog do Daniel Dantas
*Upideite(18/set/2013): adido a esta data.
O editor da Revista Fórum, Renato Rovai, publicou em meados no ano passado um artigo em que me desanca por um texto que eu não escrevi.
O texto criticado é este, intitulado "Onde se encaixam os 'Blogueiros Progressistas' no ecossistema da Democracia Digital?". Qualquer pessoa com um mínimo de atenção notará que o autor não tem nada a ver com a minha pessoa - exceto o fato de ambos sermos usuários do sítio web Observador Político.*
Minha participação nesse texto se resume aos comentários. E um em que eu basicamente discordo do ponto de vista do autor.
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"Por Roberto Takata, em 24/07/2011 às 16:10.
a) Não concordo com sua visão, Noronha. Certamente há erros por parte do grupo – eu discordo frontalmente do financiamento público do movimento -, mas não chega a ser partidário e governista. Há, claro, convergência de ideias – afinal, os governos Lula e de Dilma são do espectro da esquerda; mas há críticas por parte deles em relação a ações desses mesmos governos.
b) Depende do que se chama de ecossistema da democracia digital. De todo modo, eles são representantes de uma certa visão de mundo – uma visão que não é incompatível com uma sociedade democrática: ainda que bem diferente de uma visão de um grupo economicamente liberal, p.e.
c) Vai depender de vários fatores. Eles podem – ainda que parcialmente – integrar-se a este projeto (o que é bem pouco provável), podem se postar de modo crítico, podem apoiar ocasionalmente e divergir em outras oportunidades, podem ignorar o projeto ou se manterem distantes…
[]s,
Roberto Takata"
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O outro foi em resposta a um comentário, que só agora entendi que foi motivado pelo texto do Rovai:
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"Por Roberto Takata, em 25/07/2011 às 20:31.
@lucassantos Acho que sua resposta era para o Wagner Ferraz, criador da discussão, não a mim.
[]s,
Roberto Takata"
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Eu nem deveria falar, mas eu *contribuí* com o Primeiro Encontro de Blogueiros Progressistas.
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From: contato(at)baraodeitarare(dot)org(dot)br
Subject: Re: Encontro de Blogueiros - conta para pagamento da inscrição
To: rmtakata@xxx
Date: Mon, 9 Aug 2010 17:38:14 -0300
Roberto, Boa Tarde.
Recebi os comprovantes, estão ok.
Aproveito para agradecer em nome de toda comissão organizadora, a doação que você faz. Ela contribuirá para alguém participar do encontro.
Att,
Danielle
----------
*Upideite(15/mai/2012): Caso haja alguma pessoa com problemas de atenção, aí vai um screenshot da tela.
Upideite(15/mai/2012): Rovai, pelo twitter, diz que irá verificar e corrigir.
Upideite(17/mai/2012): 37 horas depois, Rovai fez uma correção. Parcial (13h56): ainda tem um "Takata" indevido no segundo parágrafo e um "Roberto Takata" na tag.No final do texto
Upideite(17/mai/2012): Tudo certinho agora. Rovai pede desculpas via twitter.
Upideite(18/set/2013): O texto com a correção sumiu. Reapareceu a versão original. (E descobri que mais um blogue reproduziu o texto original errado do Rovai.)
Vou compilar aqui os blogues que reproduziram o texto errado:
Maria da Penha Neles
O Outro Lado da Moeda (nos comentários, Gabriel Tatagiba informa a correção)*
(Reproduziram no clipping da CUT também.)
E os que publicaram o texto com a devida correção
De Olho no Discurso
Blog do Daniel Dantas
*Upideite(18/set/2013): adido a esta data.
sábado, 12 de maio de 2012
Sequências de filmes são sempre piores?
A rigor não. Embora os gostos variem, alguém sempre irá lembrar de algum filme cuja continuação seja tão bom ou melhor do que a parte anterior. (Pra mim, por exemplo, Superman 2, de 1980, é tão bom quanto Superman, o Filme, de 1978; e Star Wars Episódio 5: O Império Contra Ataca, de 1980, é superior a Star Wars Episódio 4: Uma Nova Esperança.)
Mas e se colocado assim: de maneira geral, as sequências são inferiores aos filmes originais? Temos dois problemas. Em primeiro lugar, há sérias divergências de opiniões quanto a se uma franquia em particular têm sequências piores, melhores ou iguais às películas anteriores (mesmo se estivermos falando em cinema digital, ok?); em segundo lugar, ainda que tivéssemos um critério comum de análise para todos os críticos, as avaliações seriam diferentes para franquias diferentes. Uma solução possível (e passível de muitas críticas) é adotar as médias de avaliações: entre os críticos e entre as franquias.
A Figura 1, abaixo, mostra a variação dos índices de críticas (médias de avaliações do Rotten Tomatoes e do Metacritic) para as sequências de várias franquias.
Para os três primeiros filmes de uma franquia, não há diferença estatisticamente significativa (para alfa=5%) entre o primeiro (nota média de 76,15±16,83 - entre 0 e 100) e o segundo (62,54±26,37) filmes e entre o segundo e o terceiro filmes (54,09±24,26), mas há entre o primeiro e o terceiro filmes. A comparação com a média a partir do quarto filme fica complicada - já que o tamanho amostral não é mais igual (nem todas as franquias analisadas têm mais do que 3 títulos) e a partir da 6a. sequência, perde-se muito do sentido estatístico (apenas 5 das franquias analisadas têm 7 ou mais partes).
O que isso quer dizer? Não estou bem certo. A minha interpretação é que há uma tendência, no quadro geral, de as franquias degringolarem; mas não dá pra dizer que "as sequências sempre/em geral são piores do que o filme anterior". (Devendo se atentar para o fato de que o tamanho amostral aqui não é lá muito alto: apenas 27 franquias.)
Outro modo, também sujeito a críticas, de se analisar, é pelo desempenho econômico. A Figura 2 mostra a variação da rentabilidade relativa dos filmes - a renda obtida no mercado americano sobre o custo de produção da obra.
Aqui a tendência é mais clara: não há diferença estatisticamente significativa entre os três primeiros filmes de uma franquia: 34,82±58,61; 9,78±8,27;6,15±4,32, respectivamente de médias de rentabilidade relativa.
Se compararmos as médias dos lucros (bilheteria americana menos os custos de produção), também não encontramos diferenças significativas entre os três primeiros filmes de cada série: 309,68±261,04; 274,99±239,11; 274,33±274,73 (em milhões de dólares).
Dentro das limitações do tamanho amostral e das críticas a que são passíveis os métodos aqui usados, acho que podemos concluir que é bem discutível dizer que as sequências são sempre (ou tendem a ser) piores do que os filmes precedentes. E isso contra o que diz minha intuição e experiência pessoal.
Mas e se colocado assim: de maneira geral, as sequências são inferiores aos filmes originais? Temos dois problemas. Em primeiro lugar, há sérias divergências de opiniões quanto a se uma franquia em particular têm sequências piores, melhores ou iguais às películas anteriores (mesmo se estivermos falando em cinema digital, ok?); em segundo lugar, ainda que tivéssemos um critério comum de análise para todos os críticos, as avaliações seriam diferentes para franquias diferentes. Uma solução possível (e passível de muitas críticas) é adotar as médias de avaliações: entre os críticos e entre as franquias.
A Figura 1, abaixo, mostra a variação dos índices de críticas (médias de avaliações do Rotten Tomatoes e do Metacritic) para as sequências de várias franquias.
Figura 1. Variação de crítica para sequências de algumas franquias hollywoodianas. Fontes: Rotten Tomatoes e Metacritic.
Para os três primeiros filmes de uma franquia, não há diferença estatisticamente significativa (para alfa=5%) entre o primeiro (nota média de 76,15±16,83 - entre 0 e 100) e o segundo (62,54±26,37) filmes e entre o segundo e o terceiro filmes (54,09±24,26), mas há entre o primeiro e o terceiro filmes. A comparação com a média a partir do quarto filme fica complicada - já que o tamanho amostral não é mais igual (nem todas as franquias analisadas têm mais do que 3 títulos) e a partir da 6a. sequência, perde-se muito do sentido estatístico (apenas 5 das franquias analisadas têm 7 ou mais partes).
O que isso quer dizer? Não estou bem certo. A minha interpretação é que há uma tendência, no quadro geral, de as franquias degringolarem; mas não dá pra dizer que "as sequências sempre/em geral são piores do que o filme anterior". (Devendo se atentar para o fato de que o tamanho amostral aqui não é lá muito alto: apenas 27 franquias.)
Outro modo, também sujeito a críticas, de se analisar, é pelo desempenho econômico. A Figura 2 mostra a variação da rentabilidade relativa dos filmes - a renda obtida no mercado americano sobre o custo de produção da obra.
Figura 2. Variação da rentabilidade das sequências. Fontes: Wikipédia Anglófona, Box Office Mojo e outros.
Aqui a tendência é mais clara: não há diferença estatisticamente significativa entre os três primeiros filmes de uma franquia: 34,82±58,61; 9,78±8,27;6,15±4,32, respectivamente de médias de rentabilidade relativa.
Se compararmos as médias dos lucros (bilheteria americana menos os custos de produção), também não encontramos diferenças significativas entre os três primeiros filmes de cada série: 309,68±261,04; 274,99±239,11; 274,33±274,73 (em milhões de dólares).
Dentro das limitações do tamanho amostral e das críticas a que são passíveis os métodos aqui usados, acho que podemos concluir que é bem discutível dizer que as sequências são sempre (ou tendem a ser) piores do que os filmes precedentes. E isso contra o que diz minha intuição e experiência pessoal.
Ah, esses negacionistas...
... talvez eu devesse dizer: ah, esses jornalistas.
Ricardo Felício 'tá todo prosa. Agora é o Terra Notícias quem lhe dá trela. A maior parte das bobagens já discuti no GR. Destaco só este trecho da nova entrevista: "Procura na internet. São 35 mil oceanógrafos, meteorologistas dos EUA. Muita gente que não aceita essa hipótese."
O repórter deveria mesmo ter procurado na internet. Pelo menos no site das estatísticas de trabalho e emprego dos EUA do Departamento de Trabalho. Tem também este trabalho sobre estatísticas de bacharelado em Oceanografia e Meteorologia nos EUA (obrigado, @ALuizCosta).
Em 2010 eram 9.500 meteorologistas trabalhando nos EUA. De 1967 a 2004, formaram-se, em média,240cerca de 220 oceanógrafos por ano. Mantendo-se essa média, de 1967 a 2012, teriam se formado 10.8009.900 oceanógrafos (veja que o período é de 45 anos, mesmo que todos tivessem se empregado, alguns já teriam se aposentado). Isso nos dá uns 20.30019.400 pessoas entre meteorologistas e oceanógrafos nos EUA.*
Como poderia haver 35 mil meteorologistas+oceanógrafos nos EUA que negam o aquecimento global e as mudanças climáticas? Mesmo que 100% desses profissionais negassem, seriam em torno de 20 mil.
De todo modo, a posição das associações representativas é bastante clara. Em 2007, a Associação Meteorólogica Americana declarou: "Despite the uncertainties noted above, there is adequate evidence from observations and interpretations of climate simulations to conclude that the atmosphere, ocean, and land surface are warming; that humans have significantly contributed to this change; and that further climate change will continue to have important impacts on human societies, on economies, on ecosystems, and on wildlife through the 21st century and beyond."
Em 2009, uma pesquisa com 3.146 especialistas em Ciências da Terra teve como resultado que 90% concordaram que a Terra está a passar por um período de aquecimento e 82% que as atividades humanas têm influência nesse processo.
*Upideite(12/mai/2012): Valores corrigidos após recálculo. Eu havia esquecido de fazer a conversão dos dados de coordenadas da figura na escala. (Só por coincidência, os números não foram muito diferentes. Não havia notado o problema justamente por esse fato; já que batia com a estimativa prévia que eu havia feito.)
Upideite(13/mai/2012): Em pesquisa feita pela Associação Meteorológica Americana com seus membros ao fim de 2011, dos respondentes (1.862 do total de 7.197 membros), 89% disseram que o aquecimento global está ocorrendo; 59%, que a ação humana é a principal causa do aquecimento e 11%, que a ação humana e causas naturais são as responsáveis pela elevação da temperatura, 23%, que ainda não se sabe o suficiente para dizer e apenas 6%, que as causas são naturais.
Ricardo Felício 'tá todo prosa. Agora é o Terra Notícias quem lhe dá trela. A maior parte das bobagens já discuti no GR. Destaco só este trecho da nova entrevista: "Procura na internet. São 35 mil oceanógrafos, meteorologistas dos EUA. Muita gente que não aceita essa hipótese."
O repórter deveria mesmo ter procurado na internet. Pelo menos no site das estatísticas de trabalho e emprego dos EUA do Departamento de Trabalho. Tem também este trabalho sobre estatísticas de bacharelado em Oceanografia e Meteorologia nos EUA (obrigado, @ALuizCosta).
Em 2010 eram 9.500 meteorologistas trabalhando nos EUA. De 1967 a 2004, formaram-se, em média,
Como poderia haver 35 mil meteorologistas+oceanógrafos nos EUA que negam o aquecimento global e as mudanças climáticas? Mesmo que 100% desses profissionais negassem, seriam em torno de 20 mil.
De todo modo, a posição das associações representativas é bastante clara. Em 2007, a Associação Meteorólogica Americana declarou: "Despite the uncertainties noted above, there is adequate evidence from observations and interpretations of climate simulations to conclude that the atmosphere, ocean, and land surface are warming; that humans have significantly contributed to this change; and that further climate change will continue to have important impacts on human societies, on economies, on ecosystems, and on wildlife through the 21st century and beyond."
Em 2009, uma pesquisa com 3.146 especialistas em Ciências da Terra teve como resultado que 90% concordaram que a Terra está a passar por um período de aquecimento e 82% que as atividades humanas têm influência nesse processo.
*Upideite(12/mai/2012): Valores corrigidos após recálculo. Eu havia esquecido de fazer a conversão dos dados de coordenadas da figura na escala. (Só por coincidência, os números não foram muito diferentes. Não havia notado o problema justamente por esse fato; já que batia com a estimativa prévia que eu havia feito.)
Upideite(13/mai/2012): Em pesquisa feita pela Associação Meteorológica Americana com seus membros ao fim de 2011, dos respondentes (1.862 do total de 7.197 membros), 89% disseram que o aquecimento global está ocorrendo; 59%, que a ação humana é a principal causa do aquecimento e 11%, que a ação humana e causas naturais são as responsáveis pela elevação da temperatura, 23%, que ainda não se sabe o suficiente para dizer e apenas 6%, que as causas são naturais.
domingo, 6 de maio de 2012
Ah, esses criacionistas...
...um deles tentou rebater no fim do ano passado uma mensagem que eu havia enviado ao Jornal da Ciência da SBPC em 2005. Fiquei sabendo disso quando procurava sobre a repercussão da entrevista de um negacionista climático no Programa do Jô (meus contra-argumentos ao que o entrevistado disse estão no GR).
Bem, enviei um comentário ao sítio web criacionista, mas por algum motivo minha resposta não saiu completa. Infelizmente não guardei o texto exato (erro meu). Mas reconstituo mais ou menos a ideia geral da minha resposta abaixo.
-----------------------
Sim, sei o que é um projeto ótimo......simples, um projeto ótimo é um que não tem como melhorar.Se você consegue pensar em um modo de melhorar um projeto, então ele não é ótimo. (O que não quer dizer que se você não consegue pensar em um jeito melhor o projeto seja, de fato, ótimo.)
"isso não significa que eles não foram projetados". De fato um projeto ruim não significa que não houve projeto. E não disse que não houve projeto. Disse apenas que um projeto ruim mostra que o projetista é ruim.
Clamar pela micro-evolução para explicar as imperfeições não vai ajudar. Apenas mostra que o projetista foi incompetente e seu projeto se estraga com o tempo.
"Será que Takata acredita que um sistema complexo como o potro não tenha sido o produto de um projeto inteligente somente porque talvez o designer não seja uma pessoa boa?"<=Não afirmei isso. É só caso de que um produto cuja finalidade de uso é mau revela um designer de má índole (ou de quem contratou o designer, caso este tenha sido forçado a isso).
"A inferência científica do design da vida não tem absolutamente nada a dizer acerca das qualidades morais do designer."<=Tem que ter muita boa vontade para se achar isso. Será que o instrumento de tortura mencionado não revela nada das qualidades morais de quem o projetou/encomendou? Imagine um julgamento em que o réu admita que projetou uma bomba para ser usada em uma escola infantil que causou dezenas de vítimas inocentes, o advogado de defesa diz: "não dá para dizer absolutamente nada sobre as qualidades morais do meu cliente a partir disso". Acho - espero - que não vai colar.
"está confundindo ciência com religião". Originalmente eu disse na resposta que saiu cortada lá que não, que estava apenas examinando as consequências de se admitir o designer. Mas, de fato, há uma mistura de ciência com religião - mas isso não sou eu quem fiz, a confusão da ciência com religião ocorre no exato instante em que se diz que os seres vivos foram projetados por um designer e que esse designer é deus. Se querem que seja científico que um designer projetou os seres vivos, então estão autorizando que se examine cientificamente o designer a partir do projeto. Se não querem que o designer seja objeto de escrutínio racional, não o botem no meio da conversa.
"Talvez o Designer justamente quisesse que o golfinho viesse à tona respirar de tempos em tempos."<=Talvez. Mas se não se pode especular como o designer deveria ter projetado, então não se deveria especular que talvez quisesse um golfinho que viesse à tona. Do contrário,então talvez o designer tivesse querido fazer um golfinho voador, e, então, teria falhado miseravelmente. Talvez ele tenha querido que os seres vivos evoluíssem por seleção natural, deriva gênica e outros processos naturais. Mas me pergunto o que o designer teria querido fazer com um parasita que ataca o sistema nervoso de uma criança, fazendo-a sofrer por longo período até que ela morra.
-----------------------
Torno a dizer o que escrevi na mensagem ao Jornal da Ciência:
Os criacionistas são maus vizinhos. Como possuem um jardim todo feio, mal-cuidado, esburacado e carunchado; tentam invadir o gramado da ciência, muito mais bem cuidado, viçoso e em expansão, procurando arrancar as belas flores de seu lugar com as navalhas grosseiras da pseudociência.
Que eles cuidem de seu próprio quintal, antes de maldizer o da casa ao lado.
E já publiquei aqui no NAQ, reproduzo novamente:
Upideite(06/mai/2012): Resumo da ópera:
- O Design Inteligente não é uma religião, ela não diz que o designer é deus.
- Ah, que bom, porque, pelo projeto, o designer é um idiota.
- Blasfêmia!
Bem, enviei um comentário ao sítio web criacionista, mas por algum motivo minha resposta não saiu completa. Infelizmente não guardei o texto exato (erro meu). Mas reconstituo mais ou menos a ideia geral da minha resposta abaixo.
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Sim, sei o que é um projeto ótimo......simples, um projeto ótimo é um que não tem como melhorar.Se você consegue pensar em um modo de melhorar um projeto, então ele não é ótimo. (O que não quer dizer que se você não consegue pensar em um jeito melhor o projeto seja, de fato, ótimo.)
"isso não significa que eles não foram projetados". De fato um projeto ruim não significa que não houve projeto. E não disse que não houve projeto. Disse apenas que um projeto ruim mostra que o projetista é ruim.
Clamar pela micro-evolução para explicar as imperfeições não vai ajudar. Apenas mostra que o projetista foi incompetente e seu projeto se estraga com o tempo.
"Será que Takata acredita que um sistema complexo como o potro não tenha sido o produto de um projeto inteligente somente porque talvez o designer não seja uma pessoa boa?"<=Não afirmei isso. É só caso de que um produto cuja finalidade de uso é mau revela um designer de má índole (ou de quem contratou o designer, caso este tenha sido forçado a isso).
"A inferência científica do design da vida não tem absolutamente nada a dizer acerca das qualidades morais do designer."<=Tem que ter muita boa vontade para se achar isso. Será que o instrumento de tortura mencionado não revela nada das qualidades morais de quem o projetou/encomendou? Imagine um julgamento em que o réu admita que projetou uma bomba para ser usada em uma escola infantil que causou dezenas de vítimas inocentes, o advogado de defesa diz: "não dá para dizer absolutamente nada sobre as qualidades morais do meu cliente a partir disso". Acho - espero - que não vai colar.
"está confundindo ciência com religião". Originalmente eu disse na resposta que saiu cortada lá que não, que estava apenas examinando as consequências de se admitir o designer. Mas, de fato, há uma mistura de ciência com religião - mas isso não sou eu quem fiz, a confusão da ciência com religião ocorre no exato instante em que se diz que os seres vivos foram projetados por um designer e que esse designer é deus. Se querem que seja científico que um designer projetou os seres vivos, então estão autorizando que se examine cientificamente o designer a partir do projeto. Se não querem que o designer seja objeto de escrutínio racional, não o botem no meio da conversa.
"Talvez o Designer justamente quisesse que o golfinho viesse à tona respirar de tempos em tempos."<=Talvez. Mas se não se pode especular como o designer deveria ter projetado, então não se deveria especular que talvez quisesse um golfinho que viesse à tona. Do contrário,
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Torno a dizer o que escrevi na mensagem ao Jornal da Ciência:
Os criacionistas são maus vizinhos. Como possuem um jardim todo feio, mal-cuidado, esburacado e carunchado; tentam invadir o gramado da ciência, muito mais bem cuidado, viçoso e em expansão, procurando arrancar as belas flores de seu lugar com as navalhas grosseiras da pseudociência.
Que eles cuidem de seu próprio quintal, antes de maldizer o da casa ao lado.
E já publiquei aqui no NAQ, reproduzo novamente:
Upideite(06/mai/2012): Resumo da ópera:
- O Design Inteligente não é uma religião, ela não diz que o designer é deus.
- Ah, que bom, porque, pelo projeto, o designer é um idiota.
- Blasfêmia!
sexta-feira, 4 de maio de 2012
PF detém ilegalmente pesquisador brasileiro
A Polícia Federal mantém preso, ilegalmente, o paleontólogo brasileiro Alexander Kellner - um dos especialistas mundiais em pterossauros, pesquisador do Museu Nacional e membro da Academia Brasileira de Ciências.
Ele foi detido na última quinta-feira (03/mai/2012) no aeroporto de Juazeiro do Norte, sob alegação de tráfico de fósseis por não ter autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia.
De fato, o transporte de fósseis sem autorizações necessárias é crime pela Lei Federal 9.605:
"Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa."
O dispositivo legal de concessão de autorização pelo DNPM é regulado Decreto-Lei 4.146/1942. Que, em seu artigo 1o, diz em seu caput:
"Art. 1º Os depósitos fossilíferos são propriedade da Nação, e, como tais, a extração de espécimes fósseis depende de autorização prévia e fiscalização do Departamento Nacional da Produção Mineral, do Ministério da Agricultura."
Só que o parágrafo único do artigo diz também:
"Parágrafo único. Independem dessa autorização e fiscalização as explorações de depósitos fossilíferos feitas por museus nacionais e estaduais, e estabelecimentos oficiais congêneres, devendo, nesse caso, haver prévia comunicação ao Departamento Nacional da Produção Mineral."
Que a PF esteja a zelar pelo nosso patrimônio mineral e científico é alvissareiro. A Chapada do Araripe tem sido alvo de intensa ação de contrabandistas que levam os fósseis mais espetaculares e vendem a preços astronômicos mundo afora - e várias vezes os cientistas brasileiros precisam ir a instituições do exterior ou pedir autorização a colecionadores particulares para estudar espécimes brasileiras.
Mas a detenção e cárcere do pesquisador Alex Kellner é claramente afrontosa à lei. E, no mínimo, seria abusiva, posto que, claramente, Kellner não é um contrabandista.
Como cidadão, como apreciador das ciências e como defensor da legalidade, expresso meu repúdio à ação da Polícia Federal. Que o pesquisador seja imediatamente liberado para o que mal já feito à imagem do cientista não se torne ainda maior e irrecuperável.
(via @luizbento)
Upideite(04/mai/2012): Parece que Kellner e Amiot, que o acompanhava, foram soltos após o pagamento de pesadíssima fiança - R$ 24 mil - levantada em cotização entre pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (URCA).
Ele foi detido na última quinta-feira (03/mai/2012) no aeroporto de Juazeiro do Norte, sob alegação de tráfico de fósseis por não ter autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério de Minas e Energia.
De fato, o transporte de fósseis sem autorizações necessárias é crime pela Lei Federal 9.605:
"Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa."
O dispositivo legal de concessão de autorização pelo DNPM é regulado Decreto-Lei 4.146/1942. Que, em seu artigo 1o, diz em seu caput:
"Art. 1º Os depósitos fossilíferos são propriedade da Nação, e, como tais, a extração de espécimes fósseis depende de autorização prévia e fiscalização do Departamento Nacional da Produção Mineral, do Ministério da Agricultura."
Só que o parágrafo único do artigo diz também:
"Parágrafo único. Independem dessa autorização e fiscalização as explorações de depósitos fossilíferos feitas por museus nacionais e estaduais, e estabelecimentos oficiais congêneres, devendo, nesse caso, haver prévia comunicação ao Departamento Nacional da Produção Mineral."
Que a PF esteja a zelar pelo nosso patrimônio mineral e científico é alvissareiro. A Chapada do Araripe tem sido alvo de intensa ação de contrabandistas que levam os fósseis mais espetaculares e vendem a preços astronômicos mundo afora - e várias vezes os cientistas brasileiros precisam ir a instituições do exterior ou pedir autorização a colecionadores particulares para estudar espécimes brasileiras.
Mas a detenção e cárcere do pesquisador Alex Kellner é claramente afrontosa à lei. E, no mínimo, seria abusiva, posto que, claramente, Kellner não é um contrabandista.
Como cidadão, como apreciador das ciências e como defensor da legalidade, expresso meu repúdio à ação da Polícia Federal. Que o pesquisador seja imediatamente liberado para o que mal já feito à imagem do cientista não se torne ainda maior e irrecuperável.
(via @luizbento)
Upideite(04/mai/2012): Parece que Kellner e Amiot, que o acompanhava, foram soltos após o pagamento de pesadíssima fiança - R$ 24 mil - levantada em cotização entre pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (URCA).