Não é pelo Senador Romeu Tuma (não que eu haja lhe desejado mal - não me alegra sua morte, entristece-me, de fato; como a morte de todo ser humano), nem pelo polvo Paul, nem pelo fim do Walkman.
Meu luto é pela morte do governador José Serra. Não a morte física. Que eu saiba ele goza de plena saúde - ao menos somaticamente falando. É pela morte de seu caráter.
Folha: Em convenção da Assembleia de Deus, Serra promete vetar Lei da homofobia
O Globo: Serra promete a evangélicos vetar projeto que criminaliza homofobia
O tucano disse: "Do jeito que está, ele passa a perseguir igrejas que têm posições contrárias ao homossexualismo. Uma coisa é perseguir e fazer grupos de extermínio contra os gays, como tem acontecido. Outra, é proibir que as igrejas preguem contra atos homossexuais entre seus fieis. Eu vetarei essa lei. Essa lei não andará." (Se algum distraído eventualmente não atinou com o que isso significa, troque o grupo: "Uma coisa é perseguir e fazer grupos de extermínio contra negros... outra é proibir que as igrejas preguem contra os negros entre seus fieis.")
Triste fim de um político formado em meio às ideias progressistas da esquerda, da valoração das liberdades individuais, do respeito às diferenças e proteção às minorias.
Já não votaria nele por tudo o que fez em sua campanha. Mas agora faço questão de participar da campanha *contra* a candidatura de José Serra. O grande respeito que nutria pela figura de Serra - a despeito de minhas brincadeiras como sobre a bolinha de papel - evaporou-se por completo.
Dilma Rousseff, seja bem-vinda, presidente!
Upideite(26/out/2010): Deixe-me assinar esta postagem - Roberto Takata.
Upideite(27/out/2010): André Lima, no twitter, diz que é um espantalho a comparação com a situação dos negros. Não é. Criticar atos homossexuais é o mesmo que criticar os homossexuais, pois é a vera definição do que eles são. André cai na ladainha homofóbica - não que ele seja homofóbico, bem entendido - do "criticar o pecado e não o pecador". É um subterfúgio de discriminar as pessoas fingindo que não se está a discriminá-las. Mas se ainda quiser insistir: Pense em: "outra coisa é proibir que as igrejas preguem contra a negrice, coisa de preto, entre seus fieis".
Upideite(27/out/2010): O grupo da Diversidade Tucana postou a versão deles da questão. Douraram a pílula, mas deixaram de fora a parte reveladora: "Eu vetarei essa lei. Essa lei não andará." Sem falar que não há nada na PLC 122/2006 que fale sobre religião. É tergiversação.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
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2 comentários:
Eu acho complicado. Isso não é praticamente precedente para ilegalização da igreja? As bases das crenças deles dizem isso, homossexualismo é errado. Também ateísmo e as outras religiões são erradas. Pela mesma lógica, as religiões, por serem outras religiões, seriam vítimas de discriminação como a que há contra os homossexuais pela religião, bem como os ateus. Logo, toda religião deveria, por lei, ser não-proselitista. E nem os ateus poderiam tentar desconverter os religiosos.
Não estou defenendo o Serra, já torço um pouco o nariz para o que chamam de "homofobia". Ainda que certos discursos, principalmente os que incitam violência, devam mesmo ser criminalizados, há sempre o risco do exagero. Meio como aconteceu há pouco tempo, um negro se referindo a outro como "neguinho" ou "neguinha" e sendo processado por racismo. Nos EUA houve dois casos que me parecem histeria, pelo que sei, que servem também de exemplo. Um professor demitido ao falar, em economia, sobre diferentes padrões de consumo, e que gays, assim como idosos e os mais jovens, tem uma janela de tempo de preocupação de prazo menos longo do que casais heterossexuais, que tendem a pensar em ter filhos. Outro caso foi uma demissão pelo uso da palavra "niggardly", pela sonoridade parecida com "nigger", apesar do significado nem o contexto poderem ser de alguma forma interpretados como qualquer tipo de ofensa.
Leto Atreides,
É o mesmo que dizer que a proibição de homicídio é precedente de ilegação das igrejas. Sim, isso impede que cultos com sacrifícios humanos sejam realizados, mas e daí? As religiões continuam. Só não tem sacrifício humano.
Tem paranoia? Tem. Isso não é impeditivo para se combater a discriminação e o preconceito.
Grato pela visita e pelos comentários.
[]s,
Roberto Takata
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