A Senadora Kátia Abreu, na Folha de São Paulo, escreveu:
"Ruralistas são os que vivem no meio rural --e é de lá que vem o alimento indispensável ao ser humano. Combatê-los por esse 'mal' de origem é levar o preconceito a um grau irracional."
Ou seja, ela, arbitrariamente, *redefiniu* o termo ruralista com o propósito de dizer que é preconceito de origem criticar os ruralistas.
Peguemos as definições do Aulete Digital:
"a2g.
1. Ref. ou inerente ao, ou próprio do ruralismo
2. Diz-se de quem é dono de uma propriedade rural ou defende seus interesses (empresário ruralista; entidade ruralista).
3. Pol. Diz-se de que ou quem segue o ruralismo como orientação política (bancada ruralista).
4. Art.pl. Diz-se do artista que prioriza temas rurais em suas obras (pintor ruralista; poeta ruralista); bucólico s2g.
5. Dono de propriedade rural.
6. Aquele que defende os interesses rurais; aquele que se preocupa com os problemas rurais.
7. Pol. Aquele que segue o ruralismo como orientação política."
O Michaelis:
"adj e s m+f
1 Diz-se do, ou o artista que nos seus trabalhos dá preferência à representação de cenas rurais.
2 Diz-se da, ou a pessoa que se interessa pelos problemas ou coisas agrários."
O uso que a senadora condenada é mais do que abonado pelos dicionários: ruralista é "aquele que defende os interesses dos proprietários rurais". Quem vive no meio rural é um "morador da zona rural, ou, simplesmente rural", como o que vive na cidade é "morador da zona urbana, ou, simplesmente urbano".
Um ruralista pode ser um morador da zona urbana.
A senadora tem todo o direito de inventar um novo significado para a palavra para seu uso. Só não pode pegar essa nova acepção para reinterpretar marotamente o que os outros dizem.
Alguém poderia perfeitamente dizer que "corrupção" é o ato ou efeito de se estudar o crustáceo Callichirus major. Mas, com isso, não pode sair por aí dizendo que os que bradam contra a corrupção estão querendo investir contra a ciência. São dois significados distintos.
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terça-feira, 23 de outubro de 2012
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Embromation Society: O que eu falo não se escreve...
O governo precisa urgentemente melhorar sua comunicação. Suas falas e declarações à imprensa (mídia) tem gerado polêmicas e obrigado a desmentidos/esclarecimentos sobre o que sai publicado.
Primeiro a confusão sobre os 10% de analfabetos em São Paulo. Até o jornalista Marcelo Leite (mais da área de ciências do que de educação ou de política stricto sensu) se meteu no imbróglio, discutindo com o Secretário de Imprensa o que se disse, o que se escreveu, o que se quis dizer com o que se disse...
Agora o Ministro da Justiça Tarso Genro sobre o que significa o apoio do Presidente Lula à candidatura da Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff à presidência. Obstáculo, handicap*, vantagem...
As emendas acabam soando como desculpas esfarrapadas. Ainda que eventualmente tenham mesmo querido dizer o que dizem que quiseram dizer. E não o que parece que disseram. (Eu sempre vou me lembrar dos "recursos não contabilizados" do então tesoureiro do PT Delúbio Soares à época do escândalo do Mensalão, para se referir a caixa dois. Aliás, a admissão do caixa dois - um crime financeiro por si mesmo - soava como uma desculpa esfarrapada para a origem do dinheiro do chamado valerioduto.)
Talvez umas aulinhas de português com a Madame Natasha?
*O ministro ter usado o termo handicap dá margem também a algumas insinuações maldosas.
Vejamos como o titio Houaiss define as acepções possíveis do termo:
s.m. 1 desp em corridas e outras competições, vantagem que se concede a um ou mais competidores (pessoa ou animal) para compensar deficiências de sua parte e igualar as possibilidades de vitória de todos 2 fig. qualquer desvantagem que torna mais difícil o sucesso 3 deficiência física ou mental que dificulta as atividades normais de uma pessoa
A acepção 3 pegaria *muito* mal. A acepção 2 foi a interpretação do jornal El País e é a mais natural, já que, depois de dizer que Dilma Rousseff era uma boa candidata e ser boa gestora, o ministro saca um "pero". O ministro diz que é a acepção 1, porém essa vantagem é para *compensar* deficiências - não é algo que faz com que o competidor seja o franco favorito. Mas ele se vale do fato de que é mesmo muito comum o emprego errôneo do termo aqui no Brasil - sobretudo por empresas de consultoria e pessoal de auto-ajuda.
Primeiro a confusão sobre os 10% de analfabetos em São Paulo. Até o jornalista Marcelo Leite (mais da área de ciências do que de educação ou de política stricto sensu) se meteu no imbróglio, discutindo com o Secretário de Imprensa o que se disse, o que se escreveu, o que se quis dizer com o que se disse...
Agora o Ministro da Justiça Tarso Genro sobre o que significa o apoio do Presidente Lula à candidatura da Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff à presidência. Obstáculo, handicap*, vantagem...
As emendas acabam soando como desculpas esfarrapadas. Ainda que eventualmente tenham mesmo querido dizer o que dizem que quiseram dizer. E não o que parece que disseram. (Eu sempre vou me lembrar dos "recursos não contabilizados" do então tesoureiro do PT Delúbio Soares à época do escândalo do Mensalão, para se referir a caixa dois. Aliás, a admissão do caixa dois - um crime financeiro por si mesmo - soava como uma desculpa esfarrapada para a origem do dinheiro do chamado valerioduto.)
Talvez umas aulinhas de português com a Madame Natasha?
*O ministro ter usado o termo handicap dá margem também a algumas insinuações maldosas.
Vejamos como o titio Houaiss define as acepções possíveis do termo:
s.m. 1 desp em corridas e outras competições, vantagem que se concede a um ou mais competidores (pessoa ou animal) para compensar deficiências de sua parte e igualar as possibilidades de vitória de todos 2 fig. qualquer desvantagem que torna mais difícil o sucesso 3 deficiência física ou mental que dificulta as atividades normais de uma pessoa
A acepção 3 pegaria *muito* mal. A acepção 2 foi a interpretação do jornal El País e é a mais natural, já que, depois de dizer que Dilma Rousseff era uma boa candidata e ser boa gestora, o ministro saca um "pero". O ministro diz que é a acepção 1, porém essa vantagem é para *compensar* deficiências - não é algo que faz com que o competidor seja o franco favorito. Mas ele se vale do fato de que é mesmo muito comum o emprego errôneo do termo aqui no Brasil - sobretudo por empresas de consultoria e pessoal de auto-ajuda.
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