terça-feira, 20 de março de 2012
Um curioso caso de edição na Wiki-pt
quinta-feira, 8 de março de 2012
Criação de filhos por pais gueis:o que a ciência tem a dizer?
Therefore be it further resolved that the APA believes that children reared by a same-sex couple benefit from legal ties to each parent;
Therefore be it further resolved that the APA supports the protection of parent-child relationships through the legalization of joint adoptions and second parent adoptions of children being reared by same-sex couples;
Therefore be it further resolved that APA shall take a leadership role in opposing all discrimination based on sexual orientation in matters of adoption, child custody and visitation, foster care, and reproductive health services;
Therefore be it further resolved that APA encourages psychologists to act to eliminate all discrimination based on sexual orientation in matters of adoption, child custody and visitation, foster care, and reproductive health services in their practice, research, education and training (American Psychological Association, 2002);
quarta-feira, 7 de março de 2012
Ecad: quem disse que só governos têm sanha arrecadatória?
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Hemiálogo sobre Dois Principais Sistemas Econômicos do Mundo
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Cena 1.
Simplício Inocêncio pra mostrar como estatal é uma porcaria:
"Cara, o aeroporto de Madri-Barajas, que é privado, é tudo de bom. Não é essa porcaria administrada pela Infraero."
Salviati Scholar:
"O aeroporto de Madri-Barajas é público. Administrado por uma estatal espanhola, Aena."
Simplício Inocêncio:
"Ah, é da Aena? Então é uma porcaria. Eu ouvi muitas reclamações sobre o aeroporto."
Salviati Scholar:
"Vc não disse que o aeroporto era tudo de bom?"
Simplício Inocêncio pega de seu amuleto mágico e convoca os espíritos protetores de sua fé:
"Frágicos máficos! Frágicos máficos!"
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Cena 2.
Simplício Inocêncio pra demonstrar que a concorrência gera redução de preços em automóveis:
"Qdo vieram os chineses, os preços dos carros começaram a cair."
Salviati Scholar:
"Peguei a variação anual dos preços dos automóveis. Se a concorrência houvesse afetado os preços, deveria haver redução nos modelos com preços mais parecidos com os modelos chineses. Mas não é isso o que ocorre."
Simplício Inocêncio pega de seu amuleto mágico e convoca os espíritos protetores de sua fé:
"Frágicos máficos! Frágicos máficos!"
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Cena 3.
Simplício Inocêncio pra provar que o liberalismo econômico é superior:
"O Chile tem os melhores índices sociais da América Latina. Muito à frente dos outros."
Salviati Scholar:
"Na verdade, em diversos indicadores Cuba é muito próximo ao Chile. E em alguns até o supera. Por exemplo, em mortalidade infantil, Cuba tem uma taxa inferior a 5 crianças com menos de um ano que morre a cada 1.000 nascidas vivas; o Chile tem um bom indicador, na faixa de 7 mortes."
Simplício Inocêncio:
"Cuba é uma ditadura. Esses dados são manipulados."
Salviati Scholar:
"São dados produzidos pela CIA, que não morre de amores pelo regime ditatorial castrista."
Simplício Inocêncio pega de seu amuleto mágico e convoca os espíritos protetores de sua fé:
"Frágicos máficos! Frágicos máficos!"
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Cena 4.
Simplício Inocêncio pra demonstrar a superioridade do liberalismo econômico:
"Chile teve um crescimento econômico espetacular depois que adotou o liberalismo."
Salviati Scholar:
"O crescimento foi bem errático e é difícil de creditá-lo de todo a políticas econômico-liberais. Veja este gráfico do crescimento. Houve períodos anteriores de crescimento contínuo mais vigoroso. E veja que durante o governo Pinochet o crescimento caiu bastante em um dado momento."
Simplício Inocêncio pega de seu amuleto mágico e convoca os espíritos protetores de sua fé:
"Frágicos máficos! Frágicos máficos! Vade retro Krugman!"
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Cena 5.
Simplício Inocêncio para demonstrar a superioridade do liberalismo econômico:
"Veja a Coreia do Sul (ufa! achei um país que não é o Chile), cresceu muito mais do que a Coreia do Norte."
Salviati Scholar:
"Verdade. Mas veja este estudo que mostra como o crescimento da República da Coreia foi bastante influenciado pelo grande aporte de investimento estatal, sobretudo em educação. Além disso, se compararmos a República da Coreia com a China... a China cresceu muito mais sendo socialista. Ou vejamos o caso da Rússia. Temos este estudo aqui que mostra como a União Soviética cresceu mais do que a a Rússia pós-soviética."
Simplício Inocêncio:
"Isso porque a Rússia foi atrapalhada durante o período socialista. Os efeitos deletérios são duradouros e demora pra serem sanados."
Salviati Scholar:
"Há estes outros gráficos do crescimento de países que emergiram do bloco socialista europeu: veja como há países que cresceram mais sob o regime socialista, outros que cresceram menos e outros que cresceram mais ou menos igual. No longo prazo, em média, não há muita diferença na taxa de crescimento. Sua explicação de herança maldita não se aplica uma vez que o que temos após a saída do socialismo é um crescimento oscilante e não um crescimento que acelera à medida que o tempo passa. E veja o caso de Cuba, podemos comparar neste gráfico o crescimento antes e depois da instalação do socialismo, há um ligeiro incremento na taxa de crescimento de Cuba, mas o que ocorre de mais visível é que as oscilações do crescimento que havia antes são bastante reduzidas."
Simplício Inocêncio:
"Claro que cresce mais, fácil ir pro socialismo - só distribuir a renda que havia antes."
Salviati Scholar:
"Note que o crescimento da União Soviética mostrado no gráfico se refere a um período bem posterior à Revolução Russa. E podemos comparar neste outro gráfico o crescimento dos EUA no mesmo período."
Simplício Inocênio:
"Claro que o crescimento dos EUA caiu, como é que vai crescer no período de crise?"
Salviati Scholar:
"Bem, se crescesse não haveria crise nenhuma, né? Um período de crise econômica é DEFINIDO quando a taxa de crescimento cai. De todo modo veja como a Rússia no mesmo período cresceu de modo contínuo."
Simplício Inocêncio pega de seu amuleto mágico e convoca os espíritos protetores de sua fé:
"Frágicos máficos! Frágicos máficos!"
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Cena 6.
Simplício Inocêncio:
"Prove que a economia socialista é melhor do que a economia liberal."
Salviati Scholar:
"Não é esse o meu ponto de vista. O que eu digo é que os dois sistemas são igualmente (in)eficientes."
Simplício Inocêncio:
"Arrá! Admitiu que a economia socialista é ineficiente!"
Salviati Scholar:
"Sim. Assim como a economia liberal é ineficiente."
Simplício Inocêncio:
"Ah é? E as empresas privatizadas? Elas se tornaram mais eficiente."
Salviati Scholar:
"Algumas sim. Outras não. Veja estes estudos que mostram que em alguns casos as privatizações melhoraram o serviço, em outros não alteraram a qualidade e em outras situações pioraram a qualidade."
Simplício Inocênio:
"Ah, mas a Vale melhorou muito depois da privatização, enquanto a Petrobras com essa intervenção estatal piorou muito."
Salviati Scholar:
"De fato a Vale cresceu bastante e se valorizou. No entanto, a Petrobras está muito bem também. Veja este gráfico, a Petrobras, em termos absolutos, valorizou-se muito mais do que a Vale."
Simplício Inocêncio:
"Ah, mas as ações da Petrobras se desvalorizaram depois que a reserva do pré-sal foi descoberta. Como você explica isso?"
Salviati Scholar:
"Oscilações são típicas de mercados de capitais, ainda mais a curto prazo. Mas é impossível determinar as causas exatas da queda ou da subida de ações no mais das vezes. Geralmente a explicação dada é apenas especulação."
Simplício Inocêncio:
"Mas as estatais geraram grandes dívidas antes das privatizações."
Salviati Scholar:
"Não duvido disso. Mas isso não é pela natureza de estatal, e sim pelo modo como é gerida."
Simplício Inocêncio:
"Ah, então admite que as privatizações foram benéficas!"
Salviati Scholar:
"Como disse antes, os estudos mostram que há privatizações que tiveram efeitos bons e há privatizações que tiveram efeitos ruins."
Simplício Inocêncio:
"Mas empresas privadas ruins quebram. Estatais ficam pesando no bolso de todo mundo."
Salviati Scholar:
"Verdade que empresas estatais ruins pesam no bolso do contribuinte. Mas empresas privadas ruins também acabam pesando: impostos devidos, salários atrasados, fornecedores e financiadores caloteados, acionistas prejudicados... Isso acaba fazendo com que governos intervenham, como no caso da GM."
Simplício Inocêncio:
"Mas a GM é um caso isolado. Dezenas de empresas já quebraram."
Salviati Scholar:
"Sim, várias empresas já quebraram. Assim como dezenas de estatais já foram desativadas. Nos dois casos, elas têm efeitos no bolso da população proporcionais ao tamanho das empresas."
Simplício Inocêncio pega de seu amuleto mágico e convoca os espíritos protetores de sua fé:
"Frágicos máficos! Frágicos máficos! Você deveria ler mais sobre liberalismo econômico e não basear sua argumentação em simples artigos publicados em revistas científicas que refutam o que estou dizendo."
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Provocações (futebolísticas) e preconceitos
sábado, 21 de janeiro de 2012
Sheldrake no blogue do Nassif
Não é desafio, não é heresia. É simplesmente trabalho mal-feito. Os poucos trabalhos publicados (em revistas científicas) por Sheldrake nessa área que supostamente desafiaria os conhecimentos científicos estabelecidos são de pouca validade: quando há, os controles das variáveis são pobres (lembro de um estudo em que ele sugeria que um processo de fusão nuclear a frio ocorreria no interior dos organismos de pintainhos por se desenvolverem em um ambiente teoricamente sem suplementação de cálcio; mas não reconheceu a possibilidade de contaminação das fontes* - mais ou menos o mesmo tipo de problema que pode ter ocorrido naquela história de bactérias que usam arsênio).
Sua hipótese dos campos mórficos não se sustenta pela simples constatação de que, se lançarmos uma moeda, há uma chance de mais ou menos 50% de dar cara. Se campos mórficos funcionassem do modo como Sheldrake afirma que funciona, há muito tempo a jogada de moeda teria que ter se consolidado a dar 100% uma das faces em específico. Afinal, os tais campos mórficos, para Sheldrake, teriam fixado a estrutura organizada dos cristais a partir de um processo inicialmente caótico e casual: as poucas vezes em que cristais se formavam no início moldariam o campo mórfico que aumentaria o número de novos cristais que modificariam o campo mórfico até que toda vez a estrutura cristalina se estabelecesse. Em lançamento de moedas também há flutuações casuais que levariam a um maior número de uma das faces do que de outra. Se existissem campos mórficos, isso mudaria a probabilidade do resultado do lançamento. Ao fim, isso levaria a apenas um dos lados ser o resultado de qualquer lançamento de moeda.
Sabemos que isso não ocorre, logo, a hipótese de campos mórficos é refutada.
Essa cultura da iconoclastia não é necessariamente má. Mas a iconoclastia pela iconoclastia sem uma argumentação sólida baseada em fatos (e não em interpretações desviantes de experimentos mal planejados e mal executados) é criticável.
Qualquer pessoa pode contestar o que a ciência (ou outro estabelecimento) diz. A questão não é contestar, mas apresentar os dados que sustentam sua contestação.
Einstein não é Einstein somente por desdizer o que Newton disse sobre tempo e espaços absolutos. Einstein é Einstein por suas predições terem se confirmado - como os dados do eclipse em Sobral e o ajustamento da órbita do planeta Mercúrio.
Sheldrake desdiz o que a ciência diz. E daí? Suas previsões se confirmam? As moedas dizem que não. E não é lance de sorte.
[]s,
Roberto Takata
@superperplexo
Sim, Sheldrake é cientista. Não muda o fato de que muitos dos experimentos que ele faz é mal-feito: não controla bem variáveis interferentes. Diga-se de passagem, que não é um problema exclusivo de Sheldrake. Mesmo cientistas conceituados, como Linus Pauling e Luc Montagnier (dois nobelistas, com méritos) caem nessas armadilhas para dar sustenta [sic, deveria ser 'para dar sustento a'] suas pet ideas - respectivamente, megadosagem de vitamina C na prevenção de cânceres e homeopatia.
Desafiar modelos mentais predominantes (predominantes apenas no mainstream científico, na população em geral, o que predomina são as visões misticoides como de Sheldrake, Goswami, Capra e outros) qualquer um pode fazer. O que é necessário é ter fatos que sustentem o desafio, do contrário é apenas bazófia.
As perguntas sobre a natureza das ciências, dos processos científicos, do conhecimento científico, de seu papel no empoderamento social de certos grupos, etc... é relevante para muito além da discussão a respeito da contribuição de indivíduos como Sheldrake. Mas, qualquer que seja a definição dada, não irá diminuir o ponto que, sem fatos que apoiem uma dada hipótese, sem dados que confirmem uma dada previsão, é tudo questão de gogó.
O respeito que a sociedade dá ao conhecimento científico advém do fato de que ele funciona. Aplicando-se as teorias científicas, suas predições são acertadas: dimensionamos o sistema elétrico de acordo com as leis da eletricidade (p.e., U = Ri), usinas nucleares valem-se da famosa equação einsteniana (E = mc^2), melhoristas genéticos valem-se do conhecimento de como funciona a herança genética e assim por diante.
O teoria que Sheldrake nos propõe falha miseravelmente quando testada. E é isso o que importa aqui.
[]s,
Roberto Takata
@Erly Ricci
Em nenhum momento debati a questão mofogênica. Se o fizesse, provavelmente, eu usaria um pedaço de pão e o deixaria guardado em um local úmido e escuro.
O que apresentei foi o resultado das moedas como contestação aos campos mórficos. Embora vagamente baseado nos campos morfogenéticos da biologia do desenvolvimento, os campos mórficos não se resumem a eles (vale dizer que há uma explicação bem elaborada e testada sobre campos morfogenéticos a partir de padrões de expressão de genes controladores do desenvolvimento).
Para Sheldrake, os campos mórficos explicam desde a morfogênese embrionária à formação de novas estruturas culturais, passando pela formação de cristais, galáxias e basicamente qualquer estrutura - física ou lógica - do universo. O paradigma dos campos mórficos é o do efeito do centésimo macaco: (a história é mais uma lenda urbana do que um fato real) um macaco em uma ilha aprendeu a lavar batatas em água salgada antes de comê-la[s], lentamente alguns outros macacos, observando o primeiro macaco, também passaram a lavar os alimentos, quando atingiu-se um número crítico (neste caso, 100 indivíduos), instantaneamente todos os macacos da ilha passaram a fazer o mesmo (mesmo os que jamais observaram esse comportamento antes). (A parte real da história é que há mesmo alguns macacos selvagens japoneses que lavam batatas na água salgada, mas jamais foi observado o tal efeito do centésimo macaco.) Para Sheldrake, o primeiro macaco modificou ligeiramente o campo mórfico correspondente ao comportamento de preparo de alimentos dessa população de macacos, aumentando a facilidade com que outros macacos aprendessem o novo comportamento, qdo novos macacos aprenderam, o campo mórfico modificou-se mais, facilitando ainda mais que mais macacos aprendessem; atingindo o limiar, o campo mórfico estaria firmemente conformado (estaria em ressonância) para esse novo comportamento - então todos os demais seriam afetado pela nova configuração do campo mórfico e passariam a exibir o novo comportamento.
Como disse no meu primeiro comentário, isso vale também para a formação de cristais - por que, digamos, o diamante tem a configuração tetraédrica invariante? Para Sheldrake, foi porque de início, os átomos de carbono se organizavam caoticamente. Mas alguns se organizaram casualmente em formato tetraédrico. Isso alterou o campo mórfico da rede cristalina do diamante e o processo seguiu como no modelo do centésimo macaco.
Oras, o mesmo princípio aplicar-se-ia no resultado de lançamento de moedas. Campos mórficos monetários assim determinariam e assim funcionariam. Mas não funcionam.
E não apenas lançamentos de moedas não funcionam assim. Não há casos conhecidos de transmissão de características somáticas adquiridas; se induzirmos a formação de falhas na rede cristalina do diamante, isso não fará com essa falha seja reproduzida em outros eventos de cristalização.
Em outras palavras, campos mórficos são uma hipótese firmemente refutada. Insistir neles, sem um embasamento factual, é um ato [que] não se constitui em um desafio real ao conhecimento científico, muito menos aos processos científicos.
[]s,
Roberto Takata