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domingo, 13 de outubro de 2013

Don’t Start None, Won’t Be None

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wachemshe hao hao kwangu mtapoa
I got this wrap cloth from Tanzania. It’s a khanga. It was the first khanga I purchased while I was in Africa for my nearly 3 month stay for field research last year. Everyone giggled when they saw me wear it and then gave a nod to suggest, “Well, okay”. I later learned that it translates to “Give trouble to others, but not me”. I laughed, thinking how appropriate it was. I was never a trouble-starter as a kid and I’m no fan of drama, but I always took this 21st century ghetto proverb most seriously:
Don’t start none. Won’t be none.
For those not familiar with inner city anthropology – it is simply a variation of the Golden Rule. Be nice and respectful to me and I will do the same. Everyone doesn’t live by the Golden Rule it seems. (Click to embiggen.)
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The Blog editor of Biology-Online dot org asked me if I would like to blog for them. I asked the conditions. He explained. I said no. He then called me out of my name.
My initial reaction was not civil, I can assure you. I’m far from rah-rah, but the inner South Memphis in me was spoiling for a fight after this unprovoked insult. I felt like Hollywood Cole, pulling my A-line T-shirt off over my head, walking wide leg from corner to corner yelling, “Aww hell nawl!” In my gut I felt so passionately:”Ofek, don’t let me catch you on these streets, homie!”
This is my official response:
It wasn’t just that he called me a whore – he juxtaposed it against my professional being: Are you urban scientist or an urban whore? Completely dismissing me as a scientist, a science communicator (whom he sought for my particular expertise), and someone who could offer something meaningful to his brand.What? Now, I’m so immoral and wrong to inquire about compensation? Plus, it was obvious me that I was supposed to be honored by the request..
After all, Dr. Important Person does it for free so what’s my problem? Listen, I ain’t him and he ain’t me. Folks have reasons – finances, time, energy, aligned missions, whatever – for doing or not doing things. Seriously, all anger aside…this rationalization of working for free and you’ll get exposure is wrong-headed. This is work. I am a professional. Professionals get paid. End of story. Even if I decide to do it pro bono (because I support your mission or I know you, whatevs) – it is still worth something. I’m simply choosing to waive that fee. But the fact is told ol’ boy No; and he got all up in his feelings. So, go sit on a soft internet cushion, Ofek, ’cause you are obviously all butt-hurt over my rejection. And take heed of the advice on my khanga.

You don’t want none of this
Thanks to everyone who helped me focus my righteous anger on these less-celebrated equines. I appreciate your support, words of encouragement, and offers to ride down on his *$$.
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Este é um reblog parte da campanha contra a atitude tacanha da Scientific American de censurar a postagem acima. A SciAm em vez de pedir desculpas à autora pela ofensa proferida pelo editor do sítio web parceiro (e tomar as devidas providências contra o ofensor) apagou a postagem em que a ecóloga urbana DNLee expunha o caso.

Upideite(14/out/2013): A editora da SciAm postou um esclarecimento dos motivos da remoção da postagem de DNLee sobre o episódio. A questão legal é relevante, mas soa como uma desculpa inventada a posteriori, sobretudo pela explicação inicial dada no twitter não mencioná-la - dava a entender que a remoção se dera pela postagem fugir do tema científico.


Upideite(14/out/2013): Nos comentários, @ciencianamidia informa que uma das administradoras do Biology Online se desculpa pela ofensa de um de seus editores à DNLee. O curioso é que o "the Blog Editor" é reduzido a um "our recently hired employee".

Upideite(14/out/2013): Pelo twitter, @ciencianamidia avisa que a postagem foi restaurada.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Um pouco mais sobre cantadas: ajuste semântico necessário

Antes de prosseguir, dois avisos importantes:
1) Concordo que abordagens grosseiras às mulheres por parte dos homens (e outras mulheres) são altamente reprováveis;
2) Sou machista (mas não estou dizendo que é tudo bem ser machista, ao contrário).

Åsa Heuser, em seu Uma Ateia Humanista, aborda a questão da cantada. Do que ela chama de cantada-de-rua. Grosso modo, corresponde a cantadas grosseiras ou cantada de pedreiro/feirante...

Creio que haja concordância nos extremos do espectro: abordagens mais suaves - que Heuser chama de 'galanteio', do tipo: "poxa, você está bonita hoje", extremante polida e delicada são permitidas ou aceitáveis (desejáveis?); abordagens rudes do tipo: "e aí, tesuda, que tal uma tchatchaca na butchaca?" são vetadas e condenáveis.

Figura 1. Como algumas feministas veem a questão de cantadas aceitáveis e inaceitáveis. **Fonte.

O problema está no meio do caminho - ou que seria o meio do caminho. Heuser e várias das comentaristas e depoentes em seu "Cantada de rua" consideram ofensivas cantadas do tipo: "gostosa", "delícia". Há feministas que consideram ofensivas também: "essa cadeira está vazia?",

Mas não é uma posição defendida por todas mulheres - e creio que a estimativa de 99% de mulheres que não gostariam dessas cantadas que estou chamando de "meio do caminho" seja irrealisticamente alta - e nem mesmo por todas as feministas.

Abaixo uma seleção de depoimentos de mulheres famosas e desconhecidas (não se pretende aqui estabelecer que a maioria das mulheres gostem, apenas demonstrar que há um certo número delas que recebem bem cantadas que algumas feministas consideram como grosseira):

Algumas análises acadêmicas:

"Em primeiro lugar, a ênfase na decadência do corpo e na falta de homem é uma característica marcante do discurso das brasileiras. Muitas disseram que passaram a se sentir invisíveis depois dos 50 por não receberem mais elogios ou por não serem paqueradas na rua. Algumas relataram, com tristeza, que 'ninguém mais me chama de gostosa'." (Mirian Goldenber 2011)

"No depoimento das meninas e meninos da pesquisa são marcantes esses sinais corporais, quando enumeram qualidades negativas, defeitos, associando-os às representações que têm de si mesmo: 'sou feia e detesto meu cabelo' foi a caracterização que Violeta fez de si. Essa representação de si transmite a seguinte mensagem: sou negra, tenho cabelo de negra e moro num espaço considerado pobre e perigoso. Desse modo, ela pontua como gosta de ser considerada: 'eu gosto ser chamada de gostosa'. Ser 'gostosa' no cotidiano é ter sinais corporais que são valorizados pelo imaginário masculino. É a mulher que quando passa os homens 'mexem': 'ei gostosa!,' atitude muito presente nas ruas do bairro. Isso mostra como o espaço de moradia implica na construção do indivíduo, da alteridade e da relação entre indivíduos, grupos e sociedade, de forma que se constitui numa expressão de marcas culturais que são expressas intensamente na dimensão simbólica do corpo." (Rosângela da Silva Quintela 2003)

Para uma parcela do mulherio que gosta de ser chamada de gostosa, aparentemente há uma ligação com a autoimagem - mas não necessariamente são pessoas com autoimagem ruim. Não dá pra dizer que sejam todas apenas vítimas do machismo a que se submetem - na relação dos depoimentos acima há mulheres que são bem conscientes da questão do feminismo e da desvalorização das mulheres.

Não quero aqui fazer defesa de um suposto direito dos homens de chamarem as mulheres de gostosa, delícia, aimeudeusqueriaissoláemcasa. Não quero tampouco diminuir os dramas reais de mulheres que são tratadas de modo deselegante, desrespeitoso e até violento. Os depoimentos são bem contundentes quanto ao sentimento de insegurança e de indignação que provocam nas mulheres em geral.

Quero chamar a atenção para o fato da diversidade de opiniões a respeito deste ponto - a definição nesta zona intermediária de "cantada-de-rua" é menos clara do que o texto de Heuser faz supor. O ideal de interação imaginada por parcela das feministas (Figura 1) parece muito insosso* - se fosse realmente a maioria das mulheres que se sentissem mal com cantadas do tipo "gostosa/delícia", não haveria muito a fazer a não ser aceitar o fato e *não* se valer desse recurso. Porém, é bem possível que o quadro seja substancialmente diferente.

A divergência não é uma oposição homens x mulheres. Há divergência dentro do próprio grupo feminino (e feminista). Então, dentro dessa zona cinza, é preciso um diálogo mais intenso (e respeitoso) para a construção do sentido de "cantada-de-rua" ou qualquer outra expressão demarcatória do limite entre a cantada aceitável e a inaceitável.

*Upideite(30/mai/2013): Isso se os quatro primeiros quadrinhos representarem o limite superior do aceitável. Ninguém poderia sair da friendzone sem ser considerado um tarado.
**Upideite(31/mai/2013): Adido a esta data.
***Upideite(08/fev/2014): Adido a esta data.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Oh my Bahls. Existe estupro consentido?

Gerou polêmica a cena em que o diretor de teatro Gerald Thomas, durante uma entrevista ao Programa Pânico, tentava colocar a mão por baixo da saia da apresentadora Nicole Bahls (e também abrir a braguilha de Daniel Zuckerman, caracterizado como Tucano Huck, *também tentou colocar a mão por baixo do vestido de Wellington Muniz, o Ceará, caracterizado como Micome Bahls).

Há um aspecto saudável da grita: parte da sociedade está vigilante quanto aos abusos contra a mulher.

Porém entre as acusações de praticamente um estupro, tentativa de estupro e promoção da cultura do estupro contra Thomas - o que, aliás, lembra-me o episódio envolvendo participantes do BBB12 - faltou atentar para as palavras da que seria a vítima: "Mas ele é gente boa, não foi grosseiro, não."

Assim como faltou àqueles que acusaram o modelo Daniel Echaniz de estupro ouvir antes o que a também modelo Monique Amin tinha a dizer. Depois de ver os vídeos, afirmou em depoimento que tudo fora consentido. E o inquérito foi arquivado por decisão da Justiça.

Ainda que o Programa Pânico seja ao vivo, a entrevista foi gravada e editada (e deverá ir ao ar domingo, 14/abr/2013). Obviamente havia anuência por parte de Bahls. E, houvesse qualquer problema, ela diria. Uma objeção que me apresentaram quando disse que a própria 'vítima' inocentara Thomas é que a violência ocorrera, ela tendo ou não noção da situação. Não me parece ser o caso, porque Nicole Bahls é uma mulher adulta e estava plenamente consciente, teve tempo para pensar no caso. Insistir que ela não tem condições de avaliar o que lhe é ou não agressivo é tirar dela a capacidade de discernimento, o que, peço desculpas se ofendo a alguém, é puro preconceito contra mulheres de boa aparência. Como se ser bonita e ser identificada a um certo culto à imagem fosse impeditivo de se ter discernimento - o odioso estereótipo da "loira burra".

Bahls saiu do programa como uma atração secundária - uma 'paniquete' (sim, o termo oficial é 'panicat') - e retornou como apresentadora (após uma rápida passagem pela Record). Pelo jeito, volta turbinando a audiência (a conferir**).

Disclêimer: O aviso de praxe - sou machista, mas não me orgulho disso.
*Upideite(15/abr/2013): adido a esta data.
Upideite(15/abr/2013): Já subiram um vídeo com a entrevista.
**Upideite(15/abr/2013): Pelo jeito não teve esse efeito de aumento de audiência. Foi de cerca de 7 pontos, a média que vem atingindo nas últimas semanas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Canta, canta minha gente. Ou não?

@nadialapa, também conhecida como Letícia F., postou no blogue Cem Homens um texto sobre mulheres que agem de modo machista ao criticarem mulheres que gostam de se vestir de modo considerado sensual (roupas coladas, que mostram partes do corpo e acentuam as curvas).

Nos comentários, uma leitora reproduziu uma publicação no facebook de uma mulher que gosta de ser assediada (receber cantadas grosseiras). nadialapa sugeriu que a solução seria o assediador perguntar antes.

Creio que não funcione. E não pelo motivo que nadialapa sugere: "Se você não sabe a diferença entre flerte e assédio, realmente perguntar antes não resolve." Essa distinção não tem nenhum papel relevante na questão. Está a se falar de mulheres que gostam de receber cantadas, mesmo as mais grosseiras.

Sim, há que se respeitar as mulheres que não gostam de assédio. Mas a parcela que gosta de cantadas não é insignificante. Se você pergunta antes, digamos, "oi, você gosta de ser assediada?" para uma estranha na rua, a parcela que não gosta vai ser incomodada do mesmo jeito, já para a parcela que gosta será algo anticlimático.

Não convém adotar a estratégia de se assediar a todas, causará transtornos à parcela das mulheres que não gostam disso. Não dá para simplesmente não assediar nenhuma. Declaradamente, as mulheres que gostam têm até a autoestima afetada quando não recebem elogios (mesmo o do tipo que a outra parcela consideraria grosseria)*.

É preciso pensar em um modo prático e que não gere anticlímax que permita a distinção entre os grupos. A prática corriqueira de muitos homens de se fiarem no modo de se vestirem não é boa: parcela significativa das mulheres que gostam de se vestir 'sensualmente' não querem ser assediadas. E não é justo privar essa parcela do direito de se vestirem como gostarem.

(Obviamente o assédio definido como cantada grosseira *não* comporta nenhum consentimento de violação física. Se uma mulher gosta de receber 'cantada de pedreiro', não significa que ela aceite ser tocada.)

*Obs: Não se interprete essa questão de autoestima como uma desculpa, por parte dos homens, de assédio para o bem das mulheres, algo ridículo do tipo: "estou até fazendo um favor". É uma constatação, *declaradamente*, mulheres que gostam de ser assediadas sentem-se feias ou desvalorizadas quando não o são. Obviamente, os assediadores o farão porque faz bem a *eles*.

Disclêimer: O de praxe, sou machista. Não me orgulho disso.