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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Space quota exceeded 9

Nogueira, Oracy. 2006. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo Social, revista de sociologia da USP 19(1): 287-308.

preconceito racial: "disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece."
preconceito racial de marca: "[quando] se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque".
preconceito racial de origem: "quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo étnico para que sofra as conseqüências do preconceito".

As diferenças entre os dois principais tipos (idealizados) de preconceitos raciais é esquematizada na Tabela 1. "[C]onvém repetir que se trata de dois conceitos ideais que indicam situações 'puras', abstratas, para as quais propendem as situações ou casos concretos, sem que se espere uma coincidência, ponto por ponto, de qualquer caso real com um ou outro dos tipos ideais. Mesmo as proposições que se vão apresentar deverão ser entendidas não num sentido absoluto, porém como indicativas de tendências e como hipóteses a serem aferidas, seja através de novas pesquisas de campo, seja através da reconsideração de dados já disponíveis." (p. 292)

Tabela 1. Quadro sinóptico das diferenças entre preconceito racial de marca e preconceito racial de origem. Fonte: Nogueira 2006.


Isso explicita as diferenças das situações raciais entre o Brasil (onde predomina o preconceito de marca) e os EUA (onde predomina o de origem). Naturalmente, as medidas de combate ao preconceito racial haverá de levar em conta tal diferenciação.

sábado, 2 de abril de 2011

"Legião é o meu nome, porque somos muitos."

Como escrevi antes, temos sim - ainda que a passos de tartaruga - avançado na questão da igualdade racial e sexual (incluindo a questão dos LGBTT).

Se de um lado é chocante constatar que haja ainda gente como Bolsonaros e Felicianos da vida - e gente que defenda o que disseram -, o próprio fato dessas falas e pensamentos chocarem indicam que avançamos: antes essas coisas seriam tidas como naturais, banais. Hoje, não. Muitas vozes se levantaram indignadas.

Seria exemplar se a própria Câmara os denunciasse e os caçassecassasse por conduta incompatível com a vida parlamentar; mas o histórico do tratamento da casa para com seus membros não permite se depositar muitas esperanças nesse final. Seria exemplar também se os eleitores tratassem de manter esse tipo de pessoas longe das vagas representativas, porém, é um nicho político que rende votos suficientes.

Há também gente que, embora não deva compactuar com esse tipo de pensamento, defenda a liberdade de que tais disparates sejam ditas. Sorry. Que tais defensores sejam, quase que invariavalmente, brancos (e não sejam gueis assumidos) tornam as coisas suspeitas. Não de que pensem, no fundo, como tais boçais.

Mas um branco dizendo que os negros (e os gueis) não deveriam ligar pra isso é forçar a amizade. De onde Guterman tirou que ficar calado é a melhor estratégia? Essa foi a situação que imperou por séculos. As coisas só melhoraram quando se passou a *protestar* contra os ataques aos grupos minoritários. "Ah, eu não ligaria." Fácil dizer isso quando se está em uma situação em que jamais passaria por isso.

Haveremos de construir uma sociedade em que tais sandices não encontrariam nenhum refúgio em bolsões quer políticos, quer religiosos, quer de outra natureza. O trabalho é, porém, árduo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Homofobia e racismo

Em uma entrevista ao "TV Fama" da RedeTV!, a cantora Claudia Leitte disse: "Eu adoro gays, mas queria um filho macho". Isso parece ter aborrecido alguns grupo de defesa dos direitos dos homossexais. A mim parece exagerado dizer que se trata de uma declaração homofóbica - claro que precisaria ver exatamente o contexto em que foi dito.

Polêmica parecida foi gerada quanto a modelo Isabeli Fontanta declarou que não queria que o filho dela fosse homossexual. Vendo vídeo da entrevista dela à Hebe, também não me pareceu homofóbico. A declaração dela foi tirada de contexto. Abaixo uma transcrição segundo a Folha Online:
"Isabeli Fontana: 'É, a gente não tem que ter preconceito, mas filho meu eu não gostaria que fosse [gay]. Sim, é um mínimo preconceito... Eu adoro... Tenho vários amigos gays, amo de paixão, mas filho meu eu não gostaria que fosse'.
Hebe Camargo: 'Mas você não gostaria que seu filho fosse...'
Isabeli: 'Ô!'
Hebe: 'É, porque cria muitos problemas...'
Lugui Palhares: 'Mas... Mas se ele fosse, você teria que...'
Isabeli: 'Aceitar?'
Lugui: 'Aceitar e saber entender, porque talvez aí você vai olhar com outros olhos, de outro ângulo...'
Isabeli: 'Tentar entender, mas de outra forma? É, mas eu quero que seja...[heterossexual]"
Hebe: 'Mas é questão de opinião, é a opinião dela, o filho é dela...'
Lugui: 'Com certeza'.
Isabeli: 'Eu tinha que aprender a lidar com a situação, mas que é difícil, é, né?'"

Nos dois casos a resposta parece ter sido pior do que a declaração inicial.

Isabeli Fontana, para a Folha Online, disse entre outras coisas: "Eu vivo em um mundo gay. Convivo com gays o tempo todo. Se eu não gostasse de gays, teria escolhido outra profissão."

Já Claudia Leitte disse, segundo a Folha Online, para a Revista Junior: "Não senti nada. Eu passo pelo beco do off em Salvador. Você conhece né? Eu passo ali e eles sabem que eu sou uma traveca assim né... salto alto. Eu sou uma bicha discreta. Passo ali cantando 'It's Rainning Man', 'I Will Survive'". Agora pior mesmo foi a declaração do marido de Leitte, Márcio Pedreira, quando da entrevista para a TV Fama: "Deus me livre. Ele será bem criado."- aí, sim, há homofobia evidente.

Ainda sobre preconceito, mas agora de natureza racial, o humorista do CQC, Danilo Gentili tentou fazer uma piada no Twitter: "King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?". Aqui há um preconceito grande contra os negros. Mas o pior, novamente, foi a resposta: "Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?"; "Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com cara porque é famoso. A cabeça de vocês que têm preconceito."O caso foi arquivado pelo Ministério Público de São Paulo, que analisou o episódio.

Pessoas famosas continuam sendo... pessoas. Falíveis como nós, mortais, somos. No entanto, dado o posicionamento de destaque que têm, é justo cobrar delas um maior cuidado em suas declarações. Claro, há que se tomar cuidado com um certo exagero patrulheiro (minha avaliação, como foi nos casos das duas beldades sobre os filhos virem a ser homossexuais).