segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Médicos e profissionais de saúde obrigados a declarar CPF de clientes. O que pode dar errado?

A Receita Federal tornou a fiscalização de declaração de despesas médicas e de saúde e agora exige de profissionais como médicos, dentistas e psicólogos a inclusão do CPF (cuidado! contém paywall poroso) de seus clientes/pacientes em suas declarações.

Suponhamos que os governos não persigam seus desafetos a partir de informações desse tipo: p.e. deduzir algum fato embaraçoso sobre a vida sexual de alguém com base nos médicos que consultou e nos antibióticos que comprou (a venda de antibióticos já é controlada).

O que poderia dar errado?

Isto poderia dar errado. CDs (agora deve ser pendrive ou arquivos pra baixar na internet) com declarações de IR são facilmente encontrados por aí à venda.

Planos de saúde terão quase todo o histórico de saúde anterior de seus prospectivos clientes; empregadores terão a mesma informação: "Ih, esse daí é pinel; foi no mesmo psiquiatra que tratou daquele assassino em série".

Mas mesmo que: 1) governos não usem essas informações contra os cidadãos além de fiscalização tributária (Snowden e NSA alguém?); 2) esses dados não caiam em mãos erradas (ok, e você também pode comprar esta escritura para terreno na Lua por módicos R$ 1.200.000); não me sinto nem um pouco confortável em que algum operador desconhecido possa ter acesso a esse tipo de dados.

Não bastasse isso, é uma violação inaceitável de sigilo profissional e privacidade. Espero que o procedimento seja derrubado na Justiça e que outro mecanismo de fiscalização seja aventado. Se nenhum outro for possível, lamento, terão que fazer o que fizeram até aqui: continuar confiando na palavra dos profissionais.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Expulsão de Cássio: Dissecção de uma injustiça

O goleiro Cássio foi vítima de uma arbitragem arbitrária no clássico deste domingo contra o Parmera, na segunda partida do Corinthians pelo Paulista 2015. (1 x 0 pro Timão em cima do Guarani da Capital em plena Allianz Parque.)

Depois de um amarelo discutível por amarrar ele mesmo as chuteiras - claro, tirando as luvas - sob a alegação de que estaria atrasando o jogo; um outro amarelo, também sob alegação de cera, resultou na expulsão do arqueiro em uma reposição de bola, quando ele foi buscar outra, enquanto uma já havia sido lançada a campo pelo gandula. Se o guarda-redes alvinegro tivesse feito de propósito, ok, o amarelo seria justo. Mas o vídeo mostra claramente que Cássio não viu a bola jogada pelo apanha-bolas em nenhum momento antes de lançar a campo ele mesmo a outra que ele foi buscar.


Quando o "ball boy" (nem tão boy assim) joga a bola extra, Cássio está de costas para ele, virado para o centro do campo, discutindo com alguém (1s no vídeo). A bola para sobre a linha da pequena área e Cássio volta, de costas, apontando para a lateral direita dele (7s). Ele começa a virar a dois passos da bola, ainda olhando para a frente (8s). Passa pela bola, também sem olhar para baixo (9s). Vira rapidamente a cabeça para a linha de fundo e vai buscar a outra bola. (10s) Ele pega a bola do fundo, olhando para ela e voltado para o lado. E já inicia o movimento de lançá-la para o campo (15s). Só aí que ele deve ter visto a bola já dentro de campo (16s).

Homenagem ao bom doutor anticorintiano e torcedor do 5PFW (mais anticorintiano do que sampaulino) @Karl_MD - que considera o Cássio tão bom que deve ver até o que acontece às costas dele ou tem um sentido de aranha que localiza as bolas sem vê-las.

Upideite(09/fev/2015): @carloshotta Aventa a possibilidade de Cássio dever ter consciência de que o gandula iria repor a bola e deveria procurá-la antes de buscar outra. Em entrevista à ESPN, o apanhador diz: "quando não é tiro de meta nem nada a gente repõe pra ele [o juiz] possa fazer o jogo andar normal". E Fernando Prass ao programa Bate Bola 2a. edição da ESPN (de hoje) fala que o gandula no Allianz Parque repõe a bola com maior ou menor rapidez de acordo com o jogo (se o time da casa está vencendo, nem joga a bola no campo): coisa, aliás, que ocorre em qualquer lugar.