Como disse na postagem abaixo, não sou contra a limitação da meia-entrada - defendo até mesmo sua extinção para estudantes (sim, poderiam ser criadas carteirinhas especiais para estudantes de baixa renda).
Mas é de lascar os argumentos usados pelos defensores de cotas para meias-entradas. Segundo a Gabriela Duarte, hoje ninguém mais paga inteira. Segundo os atores e produtores de cinema, os preços dos ingressos irão cair 40%.
Vamos supor que hoje 100% dos ingressos sejam meia-entrada (o que é certamente um exagero). Vamos supor que haja a alegada queda de 40% no preço final dos ingressos. E vamos supor que os 60% de vagas de inteiras sejam preenchidas. Isso é o princípio da misericórdia na argumentação: aceitam-se todas as premissas dadas como verdadeiras.
Hoje a arrecadação média seria de: 1* 0% + 0,5*100% = 0,5.
(Preço da inteira, fração dos que pagam inteira; preço da meia, fração dos que pagam meia; preço médio final.)
Com a lei aprovada:
0,6*60% + 0,3*40% = 0,36 + 0,12 = 0,48.
Há uma *queda* relativa de 0,02/0,5 = 4% na arrecadação por sessão por espectador.
Podem alegar que, com a queda nos preços, haverá um aumento no total de espectadores, compensando a diminuição na arrecadação por sessão por espectador. Seria uma alegação justificável. Mas tem um porém, isso significa que basta baixar o preço dos ingressos para aumentar o público, isso independentemente de cotas.
Como diz Wagner Moura, é pura matemática.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Mezzo mezzo 2: É matemática pura
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