quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Requentando o negacionismo

Eu teria muita coisa a dizer sobre a tese de doutoramento recém-defendida "'Quando o sol brilha, eles fogem para a sombra...': a ideologia do aquecimento global" na FFLCH/USP que diz: "[c]oncluímos que a hipótese do aquecimento global antropogênico não é consensual e exerce hoje a função de ideologia legitimadora do capitalismo tardio, perpetuando a exclusão social travestindo-se de compromisso com as gerações futuras".

Mas ficarei com a frase de um email reproduzido na tese que explica a rejeição de três trabalhos submetidos pela autora à 3a Conferência Regional sobre Mudanças Globais: América do Sul (São Paulo, 4-8/nov/2007): "[...] falta de fundamentação científica." (Menos de 40 artigos científicos publicados em revistas indexadas sobre o tema foram incluídos na 'revisão' - a bibliografia listada conta com 137 itens, muitos livros, por volta de duas dezenas, sobre humanidades. Não encontrei nenhuma menção ao desvio de concentração de isótopos 13 de carbono ou sobre cálculo de forçante radioativa usando a busca no pdf.)

Preciso ler com mais atenção algum dia (não é mesmo minha prioridade), no entanto, pelo que depreendi, a argumentação principal é a mesma de muitos negacionistas climáticos: há muita variação natural dos parâmetros. (Ou seja, não parece passar nem no critério de originalidade da tese.) Mais ou menos como dizer que não é possível saber se uma moeda é ou não viciada porque tanto pode dar cara como coroa - ignorando todo o processo de inferência estatística.

Upideite(11/out/2011): Dos 20 papers mais citados sobre mudanças climáticas e aquecimento global na base Thompson e produzidos entre 1999 e 2009, simplesmente *nenhum* é citado na tese.

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