sábado, 30 de novembro de 2013

Velhinho veneno: é carne, mas poderia ser carmim.

Quando eu ficar mais velho, não quero ficar rabugento assim.



Provavelmente temos que dar o devido desconto. Em parte, ele pode ter ficado sensível pela morte do produtor João Araújo. De outro, deve ser uma pergunta que ele ouve a toda hora. E outras coisas podem tê-lo deixado em bad mood.

Mas já vi mais RTs do cantor com respostas atravessadas. Então, não ficaria surpreso se isso tiver se tornado um traço de personalidade.

De todo modo, apenas a tônica não seria um indicador infalível de que não poderia ser "carmim". É "carne" porque foi assim que ele compôs e é assim que ele canta e é isso o que ele afirma. Mas a dúvida não é uma estúpida.

Existe um fenômeno denominado hiperbibasmo que consiste na alteração da sílaba tônica da palavra. Em não poucos casos, essa alteração leva a uma mudança definitiva durante a evolução da língua. Em alguns casos ocorre um avanço da tônica - vai para uma sílaba seguinte: Nelson Gonçalves cantava "Boem/í/a, aqui me tens de regresso" e não "Boêmia" (a pronúncia original - derivada da região histórica da Europa Central, atualmente parte da República Tcheca) - fenômeno denominado diástole. O inverso, a sístole, ocorre em palavras como: catéter, a partir do original catet/é/r.

Além de 'Boemia', outro exemplo musical que encontramos é o verso final de "Atirei o pau no gato" em que 'b/é/rro" se transforma em "berrô".

Levando-se em conta que "carmim" é uma cor mais usual do que "carne", é uma dúvida pertinente. Mas é "carne".

Via @bruxaOD.

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