Não vou falar muito da questão da remoção dos símbolos religiosos dos órgãos públicos: o auê atual foi pela ação do MPF de São Paulo (mas decisão similar já havia sido tomada pelo MPE de Piauí). Só duas coisas.
1) Acertadamente no caso do Piauí falaram das entidades por trás do pedido (diversas organizações sociais de direitos civis: Liga Brasileira de Lésbicas, Católicas pelo Direito de Decidir e por aí vai), no caso de São Paulo não falaram do Brasil para Todos (organização da qual sou membro - mas não faço parte da diretoria). Não entendo bem os motivos (quando do julgamento pelo CNJ de questão similar, falaram que era uma petição do BpT).
2) Quase todas as críticas foram bem resumidas pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu blogue no sítio da Veja: aqui, aqui e aqui. E foram muito bem respondidas aqui. Portanto, por ora, não tenho mais nada a acrescentar ao tema.
O ponto é ligeiramente diferente. É o discurso de Lula em reunião com os presbiterianos pelos 150 de sua igreja no país. O que disse o molusco-mór (não tomem esse epíteto como necessariamente negativo, é antes jocoso do que depreciativo), segundo a Folha Online:
"O presidente defendeu que toda criança tenha formação religiosa. Para ele, a religião pode manter os jovens longe da violência e delinquência. 'Com mais religião, o mundo seria menos violento e com muito mais paz.'"Noves fora a questão da laicidade estatal: qualquer cidadão tem o direito de expressar sua religiosidade (já falei isso em uma postagem sobre os jogadores de futebol), mas aqui quem está a falar é o presidente da república; já tem a questão do tal acordo (concordata) com o Vaticano -, podemos analisar também sob o ponto de vista da consistência do discurso... Há não muito tempo dizia o mesmo cefalópodo (também sem ofensas necessárias), segundo O Povo:
"É preciso acabar com a hipocrisia religiosa de não permitir que temas importantes como este [educação sexual] sejam tratados à luz do dia."Mr. Silva mesmo disse que preferia ser uma metamorfose ambulante. Apenas que ele troca de discurso muito facilmente para certas coisas - e não apenas no sentido de mudar de opinião, de se transformar, é algo que se cola ao oportunismo, um discurso para cada platéia. E a patuléia (sensu Elio Gaspari) parece adorar.
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