Sim, o Piritubão tem toda a cara que vai ser um desastre aos cofres públicos - como fizeram com o Engenhão no Rio para o Pan 2007.
Mas, alto lá. E os R$ 630 milhões a serem empregados no Morumbi? Aliás, por esse valor, é melhor que se construa uma nova arena. O SPFC não conseguiu garantias para isso. Conseguiu-as apenas para um projeto de R$ 265 milhões. Daria para fazer as reformas exigidas pela Fifa? Por menos da metade do valor orçado para a reforma completa? Certamente que não.
Sim, os estádios e as condições na África do Sul, pelo que relatam os jornalistas, são bem aquém do que exigido ao Morumbi. E há os problemas que há. A Fifa aceitar que isso se repita no Brasil não tem cabimento. Além disso, o tamanho da economia sul-africana é um quinto da brasileira.
Mas vamos lá. Só Rio de Janeiro e São Paulo possuem rede hoteleira e infraestrutura para receber uma abertura ou uma final de Copa do Mundo (sim, tem que melhorar muito de qualquer forma). Rio de Janeiro receberá a final. A abertura tem que ser em São Paulo - alternativamente poderia ser abertura e final no Rio, porém essa configuração parece-me mais complicada (politicamente em especial).
Não tem que diminuir mesmo os padrões de exigência dos estádios - nas questões de conforto e segurança aos torcedores (acesso, estacionamentos, acomodações, etc.), condições de trabalho da imprensa e assim por diante. O SPFC não tem condições de bancar com a iniciativa privada. Tem que ser excluído mesmo. Não faz sentido enfiar grana pública em um projeto privado.
Então ou se reforma o Pacaembu - que é o que defendo - ou se constroi uma arena pública. A segunda opção acho que é complicada - mais um estádio em São Paulo? Claro, teria que ver se o Paca comporta reforma do tamanho necessário. Em se construindo uma arena pública, tem que ser, claro, em um local em que ainda não haja densidade de construções que torne o projeto demasiadamente custoso em desapropriações, nem que o trânsito seja impeditivo.
O que se tem que tomar cuidado com o Piritubão - como em qualquer projeto, especialmente com verbas públicas - é a questão do desvio de verbas (historicamente sabemos como isso funciona) e o que será feito depois: será cedido quase de graça ao Timão? Isso não pode acontecer.
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