sexta-feira, 11 de março de 2011

"Nrada tremos a tremer; senrão os nossos tremrores"*

O terremoto do Japão (seguido de tsunami devastador) gerou comoção com as imagens fortes das ondas arrasando cidades (em particular a cidade de Sendai).

Como em outros tremores recentes de grande magnitude: em 2004 no Índico e em 2010 no Chile, para este também alguns cientistas calcularam o efeito do fenômeno no eixo de rotação do planeta.

O princípio é relativamente simples (embora os cálculos em si envolvam mais detalhes e complicações). Terremotos de grande intensidade acabam deslocando grandes porções de rochas: mais para cima ou mais para baixo, mais para o norte ou mais para o sul. Isso muda a distribuição da massa do planeta. A distribuição da massa afeta o modo como a Terra gira.

Um experimento simples ajuda a visualizar. Pegue uma vareta (daquelas do jogo de pega-vareta ou um espetinho de churrasco) e lance ao alto fazendo-a girar. A vareta irá girar e o centro de rotação estará mais ou menos no meio do comprimento. Se você espetar uma borracha em uma das extremidades e lançar ao ar fazendo-a girar, agora o centro de rotação estará deslocado em direção à extremidade em que está a borracha.

Para o terremoto do Japão, cálculos preliminares indicam um deslocamento do eixo de cerca de 10 cm.

O que significam esses 10 cm? Em termos práticos, nada. Não vai alterar o clima. A alteração na duração do dia será igualmente insignificante. Basta ver que a Terra tem um diâmetro de 12,5 mil km - isso faz com que a circunferência do planeta seja de cerca de 40 mil km. Um ângulo de 90o corresponde a 10 mil km. Ou 1.000.000.000 de cm. Os 10 cm correspondem então a: 90o x (10/1.000.000.000) ~ 9 x 10^-7 grau ou aproximadamente um milionésimo de grau.

Cada evento de sismo desloca o eixo em uma direção - mais pra lá, mais pra cá. Ao fim, acabam por se cancelar parcialmente. Mas mesmo que se somassem de modo aritmético, seriam necessários um milhão de terremotos de intensidade como este para fazer o eixo mudar pouco menos de 1 grau.

Então, nada de neve no nosso Natal tropical. Nem poderá dar a desculpa ao chefe pelo atraso no serviço de que o terremoto mudou o horário.

Inacreditável (na verdade eu acredito bem) também que haja gente tentando ligar o tsunami no Japão ao aquecimento global. Como o Deputado Federal Chico Alencar: "Por trás do desastre no Japão,o aquecimento global, fruto de um modelo velho de desenvolvimento.Um outro, novo,é urgente"

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*Millôr Fernandes, A Bíblia do Caos.

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