Havia uma piada (que tragicomicamente insinuava uma verdade) no plebiscito de 1988 realizado perto do fim da ditadura de Pinochet no Chile. O povo deveria escolher se o governo dele continuaria ou não. Era o voto do "sí" e do "no". "Sí, queremos que fique", "No, no queremos que saia". O "não" ganhou e acabou que a didatura terminou em 1990, com a realização de eleições presidenciais no país. Era o fim da ditadura mais sangrenta na história recente da América Latina.
Hugo Chávez não tem tanto sangue nas mãos, mas tem um gosto parecido pelo poder. Em 2007 criou uma nova emenda na constituição venezuelana, que lhe dava o direito de reeleições ilimitadas, e colocou-a sob referendo popular. Resultado: 50,7% dos eleitores rejeitaram as emendas (que Chávez chamou de "vitoria de mierda" da oposição). Em 2009, voltou à carga, com novo referendo sobre reeleições ilimitadas - a desculpa foi de que no primeiro referendo, outras emendas foram julgadas em conjunto -, agora, parece que o "sim" ganhou.
Assim fica fácil, repete o pleito até obter o resultado desejado, não precisa nem manipular a votação. E segundo alguns analistas (que não sei quem são): "a vitória legitima ainda mais o governo de Chávez, contrariando as acusações do Departamento de Estado dos EUA de que seria um ditador". Realmente, em 2007 foi uma vitória de m... da oposição.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
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