Dia 23 de agosto, enviei por email algumas perguntas à Senadora Marina Silva.
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From: rmtakata@xxxx
To: marinasi@xxxx
Subject: Posicionamento sobre questões políticas, religiosas, ambientais e científicas
Date: Sun, 23 Aug 2009 08:00:32 -0300
Excelentíssima Senhora Senadora da República Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima,
Frente ao convite do Partido Verde para que V. Exa. concorra pelo partido à Presidência da República em pleito a ser realizado no próximo ano, gostaria de fazer algumas perguntas para esclarecer seus posicionamentos em relação a alguns temas. Suas respostas serão fundamentais para que eu possa formular meu juízo em relação a uma eventual candidatura de V. Exa.
1) Em relação aos chamados transgênicos, V. Exa., é:
a) Totalmente contra e procuraria bani-lo do país;
b) Tem forte restrição e procuraria impedir sua disseminação no país;
c) Acredita que há questões a ser esclarecidas e incentivaria mais estudos para decidir sobre o tema;
d) Tende a ser favorável e considera que os transgêncios, devidamente regulados, possam ser úteis;
e) É totalmente favorável e incentivaria sua adoção (facilitando o acesso ao crédito e investiria fortemente na pesquisa e desenvolvimento dos transgêncios);
f) Tem outro posicionamento (qual?).
2) Em relação à reforma agrária, V. Exa, acredita que:
a) O programa atual é adequado e deveria ser mantido;
b) O programa atual é inadequado e um novo projeto deve ser realizado para acelerar o ritmo;
c) O programa atual é inadequado e um novo projeto deve ser realizado para diminuir o ritmo;
d) Tem outro posicionamento (qual?).
3) Em relação ao projeto de união de pessoas do mesmo sexo, V. Sra, é:
a) Contra;
b) A favor;
c) Tem outro posicionamento (qual?).
4) Em relação à descriminalização do comércio de drogas, V. Sra., é:
a) Contra;
b) A favor;
c) Tem outro posicionamento (qual?).
5) Em relação à descriminalização do aborto, V. Sra., é:
a) Contra, a lei atual deve ser mantida;
b) Contra, a lei atual deve ser modificada e se tornar mais rígida;
c) A favor, para os casos de fetos anencefálicos ou com defeitos incompatíveis com a vida;
d) A favor, para fetos até 12 semanas de gestação (antes do desenvolvimento do sistema nervoso central);
e) A favor, à decisão exclusiva da gestante;
f) Tem outro posicionamento (qual?).
6) Em relação à remoção de símbolos religiosos de repartições públicas, V. Sra., é:
a) Contra;
b) A favor;
c) Tem outro posicionamento (qual?).
7) Em relação à diminuição da maioridade penal, V. Sra., é:
a) Contra;
b) A favor;
c) Tem outro posicionamento (qual?).
8) Em relação a metas de redução de emissão de poluentes, V. Sra., acredita que o país deveria adotar:
a) Metas universais;
b) Metas voluntárias;
c) Metas menores do que os países desenvolvidos;
d) Não deveria adotar nenhuma meta;
e) Tem outro posicionamento (qual?).
9) Em relação ao ensino de criacionismo nas escolas públicas, V. Sra, acredique que:
a) O currículo deveria inclui-lo nas aulas de ciências;
b) O currículo deveria incui-lo somente nas aulas de religião;
c) Escolas públicas não devem ensinar religião, nem criacionismo;
d) Tem outro posicionamento (qual?).
10) Em relação à lei da anistia, V. Sra., tem a opinião de que:
a) Deve ser mantida como tal;
b) Deve ser totalmente abolida;
c) Deve ser modificada: tortura é crime imprescritível;
d) Deve ser modificada: terrorismo é crime imprescritível;
e) Tem outro posicionamento (qual?).
11) Em relação ao chamado Mensalão, V. Sra., acredita que:
a) Foi um esquema de corrupção e os responsáveis devem ser punidos;
b) Foi uma distribuição de dinheiro de caixa 2 de campanha e os responsáveis devem ser punidos;
c) Não está comprovada a existência do Mensalão;
d) Tem outro posicionamento (qual?).
12) Em relação a Darfur, V. Sra., acredita que o Brasil deve:
a) Condenar veementemente o governo de Sudão por promover ou permitir o massacre de milhares de civis;
b) Procurar dialogar para que o governo sudanês resolva a questão - usar o chamado soft power do Brasil;
c) Se abster, pois trata-se de um problema interno;
d) Tem outro posicionamento (qual?).
13) Em relação a Hugo Chavez, V. Sra., acredita que:
a) É um presidente eleito democraticamente e é, ele mesmo, um democrata;
b) Foi eleito democraticamente, mas tem realizado ações que corroem a democracia venezuelana (como cassação e não-renovação de concessões de rádio e TV, abuso do instrumento de plebiscito para se pertuar no poder);
c) Fraudou a última eleição, é, na prática, um ditador;
d) Tem outro posicionamento (qual?).
14) Em relação ao regime cubano, V. Sra., acredita que:
a) É democrático;
b) É autoritário, mas o país deve manter relações cordiais;
c) É autoritário e deve ser condenado pelo Brasil;
d) Tem outro posicionamento (qual?).
15) Em relação à questão hondurenha, V. Sra., acredita que:
a) Houve golpe e Manuel Zelaya deve reassumir imediatamente a presidência;
b) A derrubada de Zelaya foi plenamente legítima;
c) Tem outro posicionamento (qual?).
16) Sobre a pretensão do Brasil assumir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, V. Sra, é:
a) Contra;
b) A favor;
c) Tem outro posicionamento (qual?).
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São esses, por ora, minhas dúvida em relação ao seu pensamento.
Agradeço desde já por sua atenção e respostas.
Cordialmente,
Roberto Takata
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(Já notei vários erros de português. Mas foi assim. Vamos ver se ela responde.)
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Pesquisas 2
O Gravatai Merengue, nos comentários do blogue dele (respondendo a um comentário meu por lá), indagou a respeito das diferenças metodológicas nas pesquisas do Vox Populi (VP) e da Datafolha (DF) que devem ser levadas em conta - e que não permitem uma comparação direta simples.
Especificamente para a última pesquisa VP sobre a sucessão presidencial não há todo o detalhamento metodológico - apenas algumas informações foram publicadas (total de entrevistados, total de unidades da federação em que foi feita a pesquisa e a margem geral de erro, além, claro, das datas). A pesquisa da DF tem uma metodologia mais detalhada disponível do sítio web dela. Mas, considerando-se o histórico das pesquisas anteriores do VP, podemos elencar as diferenças do processo de coleta de dados entre os dois institutos.
1) tamanho amostral - 2.000 eleitores no VP; 4.100 na DF*;
2) cenários simulados - VP: 5 cenários; DF: 7 cenários (sim, isso faz diferença);
3) normalmente o VP faz pesquisas domiciliares; o DF faz pesquisas de rua;
4) distribuição das praças pesquisadas (não há relação dos municípios divulgados, mas o VP pesquisou em 24 unidades da federação; a DF em 25: com ênfase em SP*);
5) cotas de entrevistados: o VP normalmente faz cotas de sexo, idade, escolaridade e renda; a DF fez cotas de sexo e idade;
6) certamente o questionário não é o mesmo (isso também importa - p.e. a ordem das perguntas afeta o resultado).
*Algumas pessoas ficaram alarmadas pelo fato de metade dos entrevistados (2.052) na pesquisa da DF serem do Estado de São Paulo. Isso, sim, poderia introduzir um viés se não fosse feita uma correção: a ponderação pelo número de eleitores de cada UF pesquisada. A DF deu peso 887/4100 = 21,63%. Isso está próximo ao total de eleitores do estado, segundo dados do TSE, SP, em julho de 2009, tinha 22,36% dos eleitores. A estimativa do IBGE para julho de 2009, da população de SP, era de 21,62%. Aparentemente a DF ponderou pela população total e não pelo número de eleitores - a diferença é pequena, no entanto. Desconheço o motivo para tal opção de ponderação.
Agora, um tanto surpreendente foi a entrevista do presidente do Ibope à Veja. Bem, a entrevista em si não é tão supreendente assim. O que é estranha é o que a Veja atribui a Carlos Augusto Montenegro na introdução. Montenegro faz uma série de previsões: o enfraquecimento (e posterior fim) do PT e que Lula não fará seu sucessor. Aí a revista diz: "Agora, faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, Montenegro faz uma análise que o consagrará se acertar. Se errar? Bem, dará às pessoas o direito de igualarem seu ofício às brumas da especulação." Teria mesmo Montenegro dito isso? Ou seria uma ilação da revista. Acredito mais que seja o segundo caso.
O presidente do Ibope certamente sabe que, confiável o quanto seja uma pesquisa estatística bem feita, ela não garante certeza - há a margem de erro, e ela é grande tendo tanto tempo ainda a transcorrer. Tanto é que sobre as chances de Serra, ele diz: "Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava - e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito. Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também." Duvido que ele seja louco de apostar o prestígio da instituição que comanda por causa de uma tendência. Botafoguense que seja.
Em todo caso fiz uma consulta do Ibope a esse respeito. Vamos ver se respondem.
Especificamente para a última pesquisa VP sobre a sucessão presidencial não há todo o detalhamento metodológico - apenas algumas informações foram publicadas (total de entrevistados, total de unidades da federação em que foi feita a pesquisa e a margem geral de erro, além, claro, das datas). A pesquisa da DF tem uma metodologia mais detalhada disponível do sítio web dela. Mas, considerando-se o histórico das pesquisas anteriores do VP, podemos elencar as diferenças do processo de coleta de dados entre os dois institutos.
1) tamanho amostral - 2.000 eleitores no VP; 4.100 na DF*;
2) cenários simulados - VP: 5 cenários; DF: 7 cenários (sim, isso faz diferença);
3) normalmente o VP faz pesquisas domiciliares; o DF faz pesquisas de rua;
4) distribuição das praças pesquisadas (não há relação dos municípios divulgados, mas o VP pesquisou em 24 unidades da federação; a DF em 25: com ênfase em SP*);
5) cotas de entrevistados: o VP normalmente faz cotas de sexo, idade, escolaridade e renda; a DF fez cotas de sexo e idade;
6) certamente o questionário não é o mesmo (isso também importa - p.e. a ordem das perguntas afeta o resultado).
*Algumas pessoas ficaram alarmadas pelo fato de metade dos entrevistados (2.052) na pesquisa da DF serem do Estado de São Paulo. Isso, sim, poderia introduzir um viés se não fosse feita uma correção: a ponderação pelo número de eleitores de cada UF pesquisada. A DF deu peso 887/4100 = 21,63%. Isso está próximo ao total de eleitores do estado, segundo dados do TSE, SP, em julho de 2009, tinha 22,36% dos eleitores. A estimativa do IBGE para julho de 2009, da população de SP, era de 21,62%. Aparentemente a DF ponderou pela população total e não pelo número de eleitores - a diferença é pequena, no entanto. Desconheço o motivo para tal opção de ponderação.
Agora, um tanto surpreendente foi a entrevista do presidente do Ibope à Veja. Bem, a entrevista em si não é tão supreendente assim. O que é estranha é o que a Veja atribui a Carlos Augusto Montenegro na introdução. Montenegro faz uma série de previsões: o enfraquecimento (e posterior fim) do PT e que Lula não fará seu sucessor. Aí a revista diz: "Agora, faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, Montenegro faz uma análise que o consagrará se acertar. Se errar? Bem, dará às pessoas o direito de igualarem seu ofício às brumas da especulação." Teria mesmo Montenegro dito isso? Ou seria uma ilação da revista. Acredito mais que seja o segundo caso.
O presidente do Ibope certamente sabe que, confiável o quanto seja uma pesquisa estatística bem feita, ela não garante certeza - há a margem de erro, e ela é grande tendo tanto tempo ainda a transcorrer. Tanto é que sobre as chances de Serra, ele diz: "Faltando um ano para as eleições, o governador de São Paulo, José Serra, lidera as pesquisas. Ele tem cerca de 40% das intenções de voto. Em 1998, também faltando um ano para a eleição, o líder de então, Fernando Henrique Cardoso, ganhou. Em 2002, também um ano antes, Lula liderava - e venceu. O mesmo aconteceu em 2006. Isso, claro, não é uma regra, mas certamente uma tendência. Um candidato que foi deputado constituinte, senador, ministro duas vezes, prefeito da maior cidade do país e governador do maior colégio eleitoral é naturalmente favorito. Ele pode cair? Pode. Mas pode subir também." Duvido que ele seja louco de apostar o prestígio da instituição que comanda por causa de uma tendência. Botafoguense que seja.
Em todo caso fiz uma consulta do Ibope a esse respeito. Vamos ver se respondem.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Pesquisas
Tem muita gente - dos dois lados - fazendo comparações indevidas entre os resultados da Datafolha e do Vox Populi para a corrida presidencial.
Gravatai Merengue fez uma leitura do tipo "antes" x "depois" (com base nas datas de coleta dos dados) e interpretou que houve uma queda no índice de apoio à Dilma Roussef e aumento ao de José Serra. Não é possível fazer essa leitura, são dados de institutos diferentes, usando metodologias distintas e com base de pesquisa distinta.
Outros acham que as diferenças nos resultados indicam uma manipulação. Rodrigo Vianna acha que pode ser fraude da Datafolha. Luiz Carlos Azenha não vai tão longe, apenas diz que os números do Vox Populi desmentem os da Datafolha. Novamente, não é possível de se dizer isso sem levar em conta diferenças metodológicas - e nas datas.
Embora haja algumas diferenças entre os resultados dos dois institutos, não se pode dizer que sejam inconsistentes com os demais dados dos mesmos institutos, nem que sejam incompatíveis com os dados dos institutos concorrentes.
Upideite (19/ago/2009): Abaixo um gráfico sobreposto com os dados das intenções de voto em Serra (tons de azul) e em Dilma (tons de vermelho) pela Datafolha (linhas contínuas) e pelo Vox Populi (linhas tracejadas) - para maior clareza, foram omitidos os resultados para Ciro Gomes e Heloísa Helena, bem como os de brancos, nulos e a porcentagem dos que não sabem ou não responderam.
Alis Kamels
A brincadeira é engraçada. Já havia sido levantada a bola antes, mas quem cortou foi o Cloaca News. Em blogues que procuram fazer graça como o Cloaca, tubo bem. Porém, em blogues que se pretendem mais sérios, pega mal - vira um ataque baixo à pessoa de Ali Kamel, o jornalista.
Upideite (29/ago/2009): O assunto continua rendendo.
Upideite (29/ago/2009): O assunto continua rendendo.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
A + B = ?
A: Sítio de busca do grupo Microsoft
B: Universidade Livre Internacional da Moldávia
A: Administração de Pesca Marítima da Irlanda
B: Associação Britânica de Antiquários
A: Associação de Imprensa Sul-Africana
B: Associação de Revendedores de Automóveis de Toronto
A: Igreja Presbiteriana Unida de Crafton Heights
B: Engineering Technology Associates
A: Banco da Namíbia
B: Associação de Consultores Ambientais da Austrália Ocidental
B: Universidade Livre Internacional da Moldávia
A: Administração de Pesca Marítima da Irlanda
B: Associação Britânica de Antiquários
A: Associação de Imprensa Sul-Africana
B: Associação de Revendedores de Automóveis de Toronto
A: Igreja Presbiteriana Unida de Crafton Heights
B: Engineering Technology Associates
A: Banco da Namíbia
B: Associação de Consultores Ambientais da Austrália Ocidental
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Cruz e credo
Não que minha opinião importe (não importa)...
Não vou falar muito da questão da remoção dos símbolos religiosos dos órgãos públicos: o auê atual foi pela ação do MPF de São Paulo (mas decisão similar já havia sido tomada pelo MPE de Piauí). Só duas coisas.
1) Acertadamente no caso do Piauí falaram das entidades por trás do pedido (diversas organizações sociais de direitos civis: Liga Brasileira de Lésbicas, Católicas pelo Direito de Decidir e por aí vai), no caso de São Paulo não falaram do Brasil para Todos (organização da qual sou membro - mas não faço parte da diretoria). Não entendo bem os motivos (quando do julgamento pelo CNJ de questão similar, falaram que era uma petição do BpT).
2) Quase todas as críticas foram bem resumidas pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu blogue no sítio da Veja: aqui, aqui e aqui. E foram muito bem respondidas aqui. Portanto, por ora, não tenho mais nada a acrescentar ao tema.
O ponto é ligeiramente diferente. É o discurso de Lula em reunião com os presbiterianos pelos 150 de sua igreja no país. O que disse o molusco-mór (não tomem esse epíteto como necessariamente negativo, é antes jocoso do que depreciativo), segundo a Folha Online:
Não vou falar muito da questão da remoção dos símbolos religiosos dos órgãos públicos: o auê atual foi pela ação do MPF de São Paulo (mas decisão similar já havia sido tomada pelo MPE de Piauí). Só duas coisas.
1) Acertadamente no caso do Piauí falaram das entidades por trás do pedido (diversas organizações sociais de direitos civis: Liga Brasileira de Lésbicas, Católicas pelo Direito de Decidir e por aí vai), no caso de São Paulo não falaram do Brasil para Todos (organização da qual sou membro - mas não faço parte da diretoria). Não entendo bem os motivos (quando do julgamento pelo CNJ de questão similar, falaram que era uma petição do BpT).
2) Quase todas as críticas foram bem resumidas pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu blogue no sítio da Veja: aqui, aqui e aqui. E foram muito bem respondidas aqui. Portanto, por ora, não tenho mais nada a acrescentar ao tema.
O ponto é ligeiramente diferente. É o discurso de Lula em reunião com os presbiterianos pelos 150 de sua igreja no país. O que disse o molusco-mór (não tomem esse epíteto como necessariamente negativo, é antes jocoso do que depreciativo), segundo a Folha Online:
"O presidente defendeu que toda criança tenha formação religiosa. Para ele, a religião pode manter os jovens longe da violência e delinquência. 'Com mais religião, o mundo seria menos violento e com muito mais paz.'"Noves fora a questão da laicidade estatal: qualquer cidadão tem o direito de expressar sua religiosidade (já falei isso em uma postagem sobre os jogadores de futebol), mas aqui quem está a falar é o presidente da república; já tem a questão do tal acordo (concordata) com o Vaticano -, podemos analisar também sob o ponto de vista da consistência do discurso... Há não muito tempo dizia o mesmo cefalópodo (também sem ofensas necessárias), segundo O Povo:
"É preciso acabar com a hipocrisia religiosa de não permitir que temas importantes como este [educação sexual] sejam tratados à luz do dia."Mr. Silva mesmo disse que preferia ser uma metamorfose ambulante. Apenas que ele troca de discurso muito facilmente para certas coisas - e não apenas no sentido de mudar de opinião, de se transformar, é algo que se cola ao oportunismo, um discurso para cada platéia. E a patuléia (sensu Elio Gaspari) parece adorar.
Marvel 70
70 anos da Casa das Idéias. 11 de agosto de 1939. Segunda Guerra correndo solta na Zorópia somente dali a três semanas, com a invasão da Polônia pelas tropas nazistas. A editora se chamava então Timely Publications e lançaria o primeiro número da Marvel Comics dali a pouco menos de dois meses, em outubro. Na MC#1, o Tocha Humana - a versão original andróide, Jim Hammond, não o jovem impulsivo Johnny Storm do Quarteto Fantástico -, e Namor, sim, o Príncipe Submarino. Curiosamente, o personagem mais antigo da Marvel Entertainment Inc. não é nenhum dos dois, mas sim Ka-Zar (David Rand, não Kevin Plunder da Terra Selvagem) introduzido três anos antes na forma de romance pela Manvis Publishing, também de propriedade de Martin Goodman.
Tem gente que prefere o baixinho invocado de garras e esqueleto de adamantium, mas o maior herói da Marvel é mesmo o nosso amigo da vizinhança. O Homem Aranha é a alma da Marvel, sim. Ou vai dizer que sabe mesmo quem é James Howlett? (Pausa para uma googleada... E você achando que se chamava Logan.) Já Perter Parker todo mundo conhece, inclusive um certo homem da Casa Branca (tá, a história foi fraquinha).
Mas, então, muitas felicidades e muitos anos de vida para a provecta House of Ideas.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Homofobia e racismo
Em uma entrevista ao "TV Fama" da RedeTV!, a cantora Claudia Leitte disse: "Eu adoro gays, mas queria um filho macho". Isso parece ter aborrecido alguns grupo de defesa dos direitos dos homossexais. A mim parece exagerado dizer que se trata de uma declaração homofóbica - claro que precisaria ver exatamente o contexto em que foi dito.
Polêmica parecida foi gerada quanto a modelo Isabeli Fontanta declarou que não queria que o filho dela fosse homossexual. Vendo vídeo da entrevista dela à Hebe, também não me pareceu homofóbico. A declaração dela foi tirada de contexto. Abaixo uma transcrição segundo a Folha Online:
"Isabeli Fontana: 'É, a gente não tem que ter preconceito, mas filho meu eu não gostaria que fosse [gay]. Sim, é um mínimo preconceito... Eu adoro... Tenho vários amigos gays, amo de paixão, mas filho meu eu não gostaria que fosse'.
Hebe Camargo: 'Mas você não gostaria que seu filho fosse...'
Isabeli: 'Ô!'
Hebe: 'É, porque cria muitos problemas...'
Lugui Palhares: 'Mas... Mas se ele fosse, você teria que...'
Isabeli: 'Aceitar?'
Lugui: 'Aceitar e saber entender, porque talvez aí você vai olhar com outros olhos, de outro ângulo...'
Isabeli: 'Tentar entender, mas de outra forma? É, mas eu quero que seja...[heterossexual]"
Hebe: 'Mas é questão de opinião, é a opinião dela, o filho é dela...'
Lugui: 'Com certeza'.
Isabeli: 'Eu tinha que aprender a lidar com a situação, mas que é difícil, é, né?'"
Nos dois casos a resposta parece ter sido pior do que a declaração inicial.
Isabeli Fontana, para a Folha Online, disse entre outras coisas: "Eu vivo em um mundo gay. Convivo com gays o tempo todo. Se eu não gostasse de gays, teria escolhido outra profissão."
Já Claudia Leitte disse, segundo a Folha Online, para a Revista Junior: "Não senti nada. Eu passo pelo beco do off em Salvador. Você conhece né? Eu passo ali e eles sabem que eu sou uma traveca assim né... salto alto. Eu sou uma bicha discreta. Passo ali cantando 'It's Rainning Man', 'I Will Survive'". Agora pior mesmo foi a declaração do marido de Leitte, Márcio Pedreira, quando da entrevista para a TV Fama: "Deus me livre. Ele será bem criado."- aí, sim, há homofobia evidente.
Ainda sobre preconceito, mas agora de natureza racial, o humorista do CQC, Danilo Gentili tentou fazer uma piada no Twitter: "King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?". Aqui há um preconceito grande contra os negros. Mas o pior, novamente, foi a resposta: "Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?"; "Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com cara porque é famoso. A cabeça de vocês que têm preconceito."O caso foi arquivado pelo Ministério Público de São Paulo, que analisou o episódio.
Pessoas famosas continuam sendo... pessoas. Falíveis como nós, mortais, somos. No entanto, dado o posicionamento de destaque que têm, é justo cobrar delas um maior cuidado em suas declarações. Claro, há que se tomar cuidado com um certo exagero patrulheiro (minha avaliação, como foi nos casos das duas beldades sobre os filhos virem a ser homossexuais).
Polêmica parecida foi gerada quanto a modelo Isabeli Fontanta declarou que não queria que o filho dela fosse homossexual. Vendo vídeo da entrevista dela à Hebe, também não me pareceu homofóbico. A declaração dela foi tirada de contexto. Abaixo uma transcrição segundo a Folha Online:
"Isabeli Fontana: 'É, a gente não tem que ter preconceito, mas filho meu eu não gostaria que fosse [gay]. Sim, é um mínimo preconceito... Eu adoro... Tenho vários amigos gays, amo de paixão, mas filho meu eu não gostaria que fosse'.
Hebe Camargo: 'Mas você não gostaria que seu filho fosse...'
Isabeli: 'Ô!'
Hebe: 'É, porque cria muitos problemas...'
Lugui Palhares: 'Mas... Mas se ele fosse, você teria que...'
Isabeli: 'Aceitar?'
Lugui: 'Aceitar e saber entender, porque talvez aí você vai olhar com outros olhos, de outro ângulo...'
Isabeli: 'Tentar entender, mas de outra forma? É, mas eu quero que seja...[heterossexual]"
Hebe: 'Mas é questão de opinião, é a opinião dela, o filho é dela...'
Lugui: 'Com certeza'.
Isabeli: 'Eu tinha que aprender a lidar com a situação, mas que é difícil, é, né?'"
Nos dois casos a resposta parece ter sido pior do que a declaração inicial.
Isabeli Fontana, para a Folha Online, disse entre outras coisas: "Eu vivo em um mundo gay. Convivo com gays o tempo todo. Se eu não gostasse de gays, teria escolhido outra profissão."
Já Claudia Leitte disse, segundo a Folha Online, para a Revista Junior: "Não senti nada. Eu passo pelo beco do off em Salvador. Você conhece né? Eu passo ali e eles sabem que eu sou uma traveca assim né... salto alto. Eu sou uma bicha discreta. Passo ali cantando 'It's Rainning Man', 'I Will Survive'". Agora pior mesmo foi a declaração do marido de Leitte, Márcio Pedreira, quando da entrevista para a TV Fama: "Deus me livre. Ele será bem criado."- aí, sim, há homofobia evidente.
Ainda sobre preconceito, mas agora de natureza racial, o humorista do CQC, Danilo Gentili tentou fazer uma piada no Twitter: "King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?". Aqui há um preconceito grande contra os negros. Mas o pior, novamente, foi a resposta: "Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?"; "Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com cara porque é famoso. A cabeça de vocês que têm preconceito."O caso foi arquivado pelo Ministério Público de São Paulo, que analisou o episódio.
Pessoas famosas continuam sendo... pessoas. Falíveis como nós, mortais, somos. No entanto, dado o posicionamento de destaque que têm, é justo cobrar delas um maior cuidado em suas declarações. Claro, há que se tomar cuidado com um certo exagero patrulheiro (minha avaliação, como foi nos casos das duas beldades sobre os filhos virem a ser homossexuais).
Upideites
Dois tópicos atualizados:
domingo, 2 de agosto de 2009
Ó mar salgado, quanto de teu sal...
Por que Portugal existe? Foi a pergunta lançada no blogue Ciência ao Natural, do paleontólogo português Luís Azevedo Rodrigues, no Scienceblogs.
"A pergunta deixou-me sem reacção.
Geograficamente não fazíamos muito sentido, pois éramos uma perturbação na geometria quase perfeita do rectângulo peninsular.
A questão linguística poderia ser a solução para o aparente dilema existencial, mas também existiam os catalães, galegos ou bascos, com línguas próprias.
Por que raio, então, existia Portugal?
Repesquei da memória as lições da história, os dramas edipianos de Afonso Henriques, o beneplácito papal, entre outros justificativos.
Ainda assim não fiquei satisfeito.
Por que existia Portugal?"
Respondi assim, na caixa de comentários:
"Portugal existe por causa da invasão moura e, posteriormente, pela necessidade da Coroa Britânica em ter um aliado no continente contra o Império Espanhol."
O que gerou duas respostas um tanto contrariadas, uma do próprio dono do blogue:
"Caro Roberto Takata,
Só uma pequena informação, para que o debate não esteja enviesado:
-Portugal 'nasceu' em 1143, quando nem existiam a 'Coroa Britânica' nem tão pouco o 'Império Espanhol'.
Abraço
Luís Azevedo Rodrigues"
E outra da historiadora portuguesa, Elsa Alípio, do Museu da Presidência da República e do Instituto de História Contemporânea, de Portugal:
"A Roberto Takata:
Não sei qual é a sua formação, mas permita-me que o aconselhe a rever a História da Europa, começando, talvez, pelo país europeu que há mais tempo tem as suas fronteiras definidas, por uma questão de critério cronológico para facilitar o estudo..."
Ao que repliquei assim:
"Salve, Rodrigues e Alípio,
Confesso que o estilo da resposta inicial foi propositadamente provocadora, embora não se pretendesse ofensiva.
Mas a reação de ambos é compreensível: muitos brasileiros também não gostariam de uma resposta que, em uma leitura rápida ao menos, insinuasse que o Brasil só existe por causa de circunstâncias externas e não fruto de uma luta do próprio povo brasileiro. Por muito menos, uma observação de aspectos feios do Rio de Janeiro durante o Pan, uma jogadora americana de vôlei de praia foi alvo de invectivas (mil vezes piores em violência) por parte de brasileiros (que aproveitaram para destilar um antiamericanismo raivoso).
Claro que a "minha" tese é simplificadora - há muito mais coisas por trás. Mas de um lado não elimina a importância do próprio povo português na constituição de seu país. Como lembra Azevedo, Portugal constituiu-se como nação e território independentes já em 1143, fato a que a historiadora Alípio alude por "fronteiras definidas há mais tempo". É a isso que menciono quando digo que a existência do país luso se deve à invasão moura. Os muçulmanos do norte da África dominaram a península ibérica entre 711 e 1221. Os pequenos reinos cristãos, inicialmente confinados ao norte da região, travaram várias batalhas - denominadas de Reconquista ou Conquista Cristã. Por serviços na guerra, D. Henrique de Borgonha, genro de Afonso VI de Leão e Castela, foi recompensado com o Condado Portucalense. O condado daria origem à Portugal - com a extensão de seu território à medida em que os muçulmanos eram empurrados para o sul. Em 1139, Afonso Henriques, filho de D. Henrique, depois de uma vitória sobre os mouros na Batalha de Ourique, declara a independência de Portugal. Em 1143, no tratado de Zamora, a independência portuguesa é reconhecida pelo rei de Castela.
Mais à frente, o reino da Espanha - resultado da unificação e expansão dos demais reinos cristãos da península - absorveu Portugal durante o período conhecido como União Ibérica (1580-1640). O rei da Espanha durante esse período era também o rei de Portugal. Em 1640, iniciou-se uma série de revoltas portuguesas denominada de "Guerra da Restauração", para a reconquista da independência portuguesa. Em 1668, no Tratado de Lisboa, a Espanha reconheceria a indenpendência de Portugal. Nessa consolidação final de Portugal, muitos historiadores reconhecem a importância da aliança portuguesa com a Inglaterra, retomada após a restauração da dinastia Stuart com a coroação de Carlos II em 1661 - a aliança foi simbolizada com o casamento de Carlos II com a infanta portuguesa Catarina de Bragança.
O historiador Dan Stanislawski, falecido em 1997, escreveu sobre a independência portuguesa em "The Individuality of Portugal". Para a questão, ele analisa ainda a influência da geografia: Portugal ficava mais afastado do centro de comando da Espanha e situava-se em um terreno baixo, enquanto o restante da península ficava sobre um terreno mais elevado, nas mesetas - a movimentação de tropas de lá para cá não era tão trivial: dominar as regiões da Galícia, Catalunha e do País Basco, tão ou mais diversos culturalmente em relação à Espanha do que Portugal era e é, era relativamente menos complicado, portanto.
Eu ia perguntar ao leitor solitário deste blogue qual a opinião dele sobre isso tudo. Mas aprendi com toda a confusão que se deve tomar cuidado ao perguntar, podemos não gostar das respostas. Ou, dito de outro modo, se perguntar não ofende, responder, às vezes, sim.
"A pergunta deixou-me sem reacção.
Geograficamente não fazíamos muito sentido, pois éramos uma perturbação na geometria quase perfeita do rectângulo peninsular.
A questão linguística poderia ser a solução para o aparente dilema existencial, mas também existiam os catalães, galegos ou bascos, com línguas próprias.
Por que raio, então, existia Portugal?
Repesquei da memória as lições da história, os dramas edipianos de Afonso Henriques, o beneplácito papal, entre outros justificativos.
Ainda assim não fiquei satisfeito.
Por que existia Portugal?"
Respondi assim, na caixa de comentários:
"Portugal existe por causa da invasão moura e, posteriormente, pela necessidade da Coroa Britânica em ter um aliado no continente contra o Império Espanhol."
O que gerou duas respostas um tanto contrariadas, uma do próprio dono do blogue:
"Caro Roberto Takata,
Só uma pequena informação, para que o debate não esteja enviesado:
-Portugal 'nasceu' em 1143, quando nem existiam a 'Coroa Britânica' nem tão pouco o 'Império Espanhol'.
Abraço
Luís Azevedo Rodrigues"
E outra da historiadora portuguesa, Elsa Alípio, do Museu da Presidência da República e do Instituto de História Contemporânea, de Portugal:
"A Roberto Takata:
Não sei qual é a sua formação, mas permita-me que o aconselhe a rever a História da Europa, começando, talvez, pelo país europeu que há mais tempo tem as suas fronteiras definidas, por uma questão de critério cronológico para facilitar o estudo..."
Ao que repliquei assim:
"Salve, Rodrigues e Alípio,
Eu disse *posteriormente*. Portugal foi absorvido pela Espanha durante a união ibérica. Poderia ter simplesmente sumido do mapa como um país independente."
-------------Confesso que o estilo da resposta inicial foi propositadamente provocadora, embora não se pretendesse ofensiva.
Mas a reação de ambos é compreensível: muitos brasileiros também não gostariam de uma resposta que, em uma leitura rápida ao menos, insinuasse que o Brasil só existe por causa de circunstâncias externas e não fruto de uma luta do próprio povo brasileiro. Por muito menos, uma observação de aspectos feios do Rio de Janeiro durante o Pan, uma jogadora americana de vôlei de praia foi alvo de invectivas (mil vezes piores em violência) por parte de brasileiros (que aproveitaram para destilar um antiamericanismo raivoso).
Claro que a "minha" tese é simplificadora - há muito mais coisas por trás. Mas de um lado não elimina a importância do próprio povo português na constituição de seu país. Como lembra Azevedo, Portugal constituiu-se como nação e território independentes já em 1143, fato a que a historiadora Alípio alude por "fronteiras definidas há mais tempo". É a isso que menciono quando digo que a existência do país luso se deve à invasão moura. Os muçulmanos do norte da África dominaram a península ibérica entre 711 e 1221. Os pequenos reinos cristãos, inicialmente confinados ao norte da região, travaram várias batalhas - denominadas de Reconquista ou Conquista Cristã. Por serviços na guerra, D. Henrique de Borgonha, genro de Afonso VI de Leão e Castela, foi recompensado com o Condado Portucalense. O condado daria origem à Portugal - com a extensão de seu território à medida em que os muçulmanos eram empurrados para o sul. Em 1139, Afonso Henriques, filho de D. Henrique, depois de uma vitória sobre os mouros na Batalha de Ourique, declara a independência de Portugal. Em 1143, no tratado de Zamora, a independência portuguesa é reconhecida pelo rei de Castela.
Mais à frente, o reino da Espanha - resultado da unificação e expansão dos demais reinos cristãos da península - absorveu Portugal durante o período conhecido como União Ibérica (1580-1640). O rei da Espanha durante esse período era também o rei de Portugal. Em 1640, iniciou-se uma série de revoltas portuguesas denominada de "Guerra da Restauração", para a reconquista da independência portuguesa. Em 1668, no Tratado de Lisboa, a Espanha reconheceria a indenpendência de Portugal. Nessa consolidação final de Portugal, muitos historiadores reconhecem a importância da aliança portuguesa com a Inglaterra, retomada após a restauração da dinastia Stuart com a coroação de Carlos II em 1661 - a aliança foi simbolizada com o casamento de Carlos II com a infanta portuguesa Catarina de Bragança.
O historiador Dan Stanislawski, falecido em 1997, escreveu sobre a independência portuguesa em "The Individuality of Portugal". Para a questão, ele analisa ainda a influência da geografia: Portugal ficava mais afastado do centro de comando da Espanha e situava-se em um terreno baixo, enquanto o restante da península ficava sobre um terreno mais elevado, nas mesetas - a movimentação de tropas de lá para cá não era tão trivial: dominar as regiões da Galícia, Catalunha e do País Basco, tão ou mais diversos culturalmente em relação à Espanha do que Portugal era e é, era relativamente menos complicado, portanto.
Eu ia perguntar ao leitor solitário deste blogue qual a opinião dele sobre isso tudo. Mas aprendi com toda a confusão que se deve tomar cuidado ao perguntar, podemos não gostar das respostas. Ou, dito de outro modo, se perguntar não ofende, responder, às vezes, sim.
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