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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Eleições 2014: Pesquisas eleitorais

Fig. 1. Evolução das intenções de votos aos candidatos à presidência da república nas eleições de 2014. Fontes: Datafolha, Ibope, Vox Populi, CNT/MDA.

A Fig. 1 apresenta o pool de dados das pesquisas eleitorais sobre as intenções de votos dos brasileiros para a presidência. Ressalte-se que há diferenças nas metodologias - antes das definições oficiais das candidaturas o total de opções apresentadas na pesquisa estimulada variou - em muitos casos, apenas três candidatos eram apresentados.

A primeira pesquisa incluída teve início em 11/out/2013; a mais recente, em 23/set/2014. Os dados estão compilados aqui.

Na Fig. 2 os mesmos dados, mas a partir de 14/ago/2014.

Fig. 2. Evolução das intenções de votos aos candidatos à presidência da república. Fontes: Datafolha, Vox Populi, Ibope, CNT/MDA.

Neste momento, a tendência de queda das intenções de votos à Marina Silva é bem nítida. Se há ou não um aumento nas intenções de votos a Aécio Neves é um pouco mais nebuloso.

Upideite(17/out/2014): Ao fim, a tendência de aumento de Aécio Neves, que parecia mais nebulosa com os dados até 23/set/2014, se confirmou e houve até uma intensificação na reta final. Seguindo para o segundo turno e com uma diferença de apenas 5% em relação à Dilma Rousseff.

domingo, 31 de agosto de 2014

A operação de readequação sexual no programa da Marina Silva

Um antes e depois do texto do programa de governo da Senadora Marina Silva para as eleições presidenciais de 2014.

Sumiu todo o trecho a respeito da transfobia. Não se fala mais em sociedade sexista, heteronormativa e excludente em relação às diferenças (virou apenas diferenças de visões de mundo e sugere que a questão da sexualidade é simplesmente uma das "escolhas feitas em cada área da vida"). Se um certo pastor pressionar um pouco mais, vão tirar completamente menção à sexualidade (agora restrita somente ao cabeçalho introdutório - ui!).

Entre as propostas, claro, tiraram a menção àao PL 122 de criminalização da homofobia. Casamento civil vira somente união civil - e não há mais compromisso de apoiar propostas sobre a questão. Não se compromete mais a aprovar o PL Identidade de Gênero Brasileira (lei João W. Nery), só a cumpri-la caso se transforme em lei (o que é óbvio, constitucionalmente todo mundo é obrigado a obedecer à lei e fazê-la cumprir). Não se fala mais em eliminar obstáculo à adoção por casais homoafetivos, diz-se em fazer as mesmas exigências a casais homo e heteroafetivos (em princípio é o que deve ser, mas isso pode significar obstáculos diferenciais - digamos, passe a se exigir tanto de casais homo como hetero garantias dos avós). Deixa de se comprometer a produzir materiais didáticos sobre orientação sexual e novas formas de família (afinal, família é só a velha: homem e mulher). Sumiu o compromisso de manter e ampliar os programas atuais. E não vai mais dar efetividade ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT, só vai levar em consideração (o que permite analisar e ignorar).
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LGBT
Não podemos mais permitir que os direitos humanos e a dignidade das minorias sexuais continuem sendo violados em nome do preconceito. O direito de vivenciar a sexualidade e o direito às oportunidades devem ser garantidos a todos, indistintamente.
Texto original Texto malafaizado
Ainda que tenhamos dificuldade para admitir, vivemos em uma sociedade sexista, heteronormativa e excludente em relação às diferenças. Os direitos humanos e a dignidade das pessoas são constantemente violados e guiados, sobretudo, pela cultura hegemônica de grupos majoritários (brancos, heterossexuais, homens etc.). Uma sociedade em que somente a maioria – seus valores, tabus e interesses – é atendida pelo poder político, enquanto as minorias sociais e sexuais silenciam, não pode ser considerada democrática. É preciso olhar com respeito às demandas de grupos minoritários e de grupos discriminados. A população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) encontra-se no rol dos que carecem de políticas públicas específicas.

O direito de expressar sentimentos e vivenciar a sexualidade deve ser garantido a todos. As demandas da população LGBT já estão nas agendas internacionais. No Brasil, no entanto, precisamos superar o fundamentalismo incrustrado no Legislativo e nos diversos aparelhos estatais, que condenam o processo de reconhecimento dos direitos LGBT e interferem nele.

A Constituição de 1988 prega a liberdade e a igualdade de todas as brasileiras e todos os brasileiros sem distinção de qualquer natureza. Contudo, dados da Secretária Nacional de Direitos Humanos mostram que, de 2011 a 2012, os crimes homofóbicos cresceram 11% em nosso país. De acordo com o Grupo Gay da Bahia, houve 338 assassinatos com motivação homofóbica e transfóbica só no ano de 2012. Tais crimes maculam nossa democracia e ofendem o princípio da convivência na diversidade.

No seio da própria categoria, travestis e transexuais são o grupo mais vulnerável e invisível socialmente. A grande maioria deixa a escola ainda muito jovem. A discriminação sofrida por causa da identidade de gênero divergente faz com que tenham dificuldades para concluir os estudos. É necessário gerar um ambiente que assegure formação e capacitação profissional aos transgêneros.

Como o preconceito é difuso e muitas vezes mascarado, enfrentá-lo é tarefa intersetorial que envolve não só o governo, mas também as esferas da educação e da cultura, nas quais se constroem valores e se transformam mentalidades.
Ainda que tenhamos dificuldade para admitir, vivemos em uma sociedade que tem muita dificuldade de lidar com as diferenças de visão de mundo, de forma de viver e de escolhas feitas em cada área da vida. Essa dificuldade chega a assumir formas agressivas e sem amparo em qualquer princípio que remeta a relações pacíficas, democráticas e fraternas entre as pessoas. Nossa cultura tem traços que refletem interesses de grupos que acumularam poder enquanto os que são considerados minoria não encontram espaços de expressão de seus interesses. A democracia só avança se superar a forma tradicional de supremacia da maioria sobre a minoria e passar a buscar que todos tenham formas dignas de se expressar e ter atendidos seus interesses. Os grupos LGBT estão entre essas minorias que têm direitos civis que precisam ser respeitados, defendidos e reconhecidos, pois a Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei, independentemente de idade, sexo, raça, classe social. Assim como em relação às mulheres, aos idosos e às crianças, algumas políticas públicas precisam ser desenvolvidas para atender a especificidade das populações LGBT.

A violência que chega ao assassinato, vitima muitos dos membros dos grupos LGBT. Dados oficiais indicam que, entre 2011 e 2012, os crimes contra esse grupo aumentaram em 11% em nosso país. Outros sofrem tanto preconceito que abandonam a escola e abrem mão de toda a oportunidade que a educação pode dar, o que também, de certa forma, corresponde a uma expressão simbólica de morte.

É preciso desenvolver ações que eduquem a população para o convívio respeitoso com a diferença e a capacidade de reconhecer os direitos civis de todos.

PARA ASSEGURAR DIREITOS E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO
• Apoiar propostas em defesa do casamento civil igualitário, com vistas à aprovação dos projetos de lei e da emenda constitucional em tramitação, que garantem o direito ao casamento igualitário na Constituição e no Código Civil.
Articular no Legislativo a votação do PLC 122/06, que equipara a discriminação baseada na orientação sexual e na identidade de gênero àquelas já previstas em lei para quem discrimina em razão de cor, etnia, nacionalidade e religião.
Comprometer-se com a aprovação do Projeto de Lei da Identidade de Gênero Brasileira − conhecida como Lei João W. Nery −, que regulamenta o direito ao reconhecimento da identidade de gênero das “pessoas trans”, com base no modo como se sentem e se veem, dispensando a morosa autorização judicial, os laudos médicos e psicológicos, as cirurgias e as hormonioterapias.
Eliminar obstáculos à adoção de crianças por casais homoafetivos.
• Normatizar e especificar o conceito de homofobia no âmbito da administração pública e criar mecanismos para aferir os crimes de natureza homofóbica.
• Incluir o combate ao bullying, à homofobia e ao preconceito no Plano Nacional de Educação, desenvolvendo material didático destinado a conscientizar sobre a diversidade de orientação sexual e às novas formas de família.
• Garantir e ampliar a oferta de tratamentos e serviços de saúde para que atendam às demandas e necessidades especiais da população LGBT no SUS.
Manter e ampliar os serviços já existentes, que hoje atendem com capacidade ínfima e filas de espera enormes.
• Assegurar que os cursos e oportunidades de educação e capacitação formal atendam aos anseios de formação que a população LGBT possui, para garantir ingresso no mercado de trabalho.
Dar efetividade ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT.
PARA ASSEGURAR DIREITOS E COMBATER A DISCRIMINAÇÃO
• Garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo.
• Aprovado no Congresso Nacional o Projeto de Lei da Identidade de Gênero Brasileira – conhecida como a Lei João W. Nery – que regulamenta o direito ao reconhecimento da identidade de gênero das “pessoas trans”, com base no modo como se sentem e veem, dispensar a morosa autorização judicial, os laudos médicos e psicológicos, as cirurgias e as hormonioterapias.
• Como nos processos de adoção interessa o bem-estar da criança que será adotada, dar tratamento igual aos casais adotantes, com todas as exigências e cuidados iguais para ambas as modalidades de união, homo ou heterossexual.
• Normatizar e especificar o conceito de homofobia no âmbito da administração pública e criar mecanismos para aferir os crimes de natureza homofóbica.
• Incluir o combate ao bullying, à homofobia e ao preconceito no Plano Nacional de Educação.
• Garantir e ampliar a oferta de tratamentos e serviços de saúde para que atendam as necessidades especiais da população LGBT no SUS.
• Assegurar que os cursos e oportunidades de educação e capacitação formal considerem os anseios de formação da população LGBT para garantir ingresso no mercado de trabalho.
• Considerar as proposições do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT na elaboração de políticas públicas específicas para populações LGBT.
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sábado, 8 de março de 2014

Política para vândalos e manifestantes coxinhas: Lição 10 ‎#ProtestaBR

Número de partidos políticos

Nos EUA e no RU, o sistema de "dois partidos" não significa que existam apenas dois partidos políticos; apenas que são dois grandes que levam praticamente todas as vagas - seja em consequência do tipo de sistema eleitoral (por colégio e voto distrital, p.e.), seja pela preferência dos eleitorado.

Tanto nos EUA como no RU há vários partidos menores. Como os Partidos Verdes britânico e americano. Nos EUA ainda é possível candidatura independente.

Nos EUA também tem financiamento público (ainda que a maior parte do financiamento seja privado - o que vários analistas consideram como fonte de distorções sérias no processo eleitoral). Para cada dólar dos primeiros 250 USD de cada contribuinte individual para uma candidatura presidencial nas primárias há uma contrapartida federal; cada um dos maiores partidos recebem até algo em torno de 100 milhões de USD para convenções e distribuição de gastos em eleições gerais.

Não estou dizendo que isso mostra que o financiamento público é bom, que deve ser exclusivo ou algo equivalente. Apenas que críticas e comparações devem ser feitas com base em situações reais (ainda que se almeje uma situação ideal).

Falar que no Brasil deveria haver bipartidarismo *como* nos EUA, implicaria isso acima: não há uma restrição legal a dois partidos, há financiamento público, permite-se lobbies e por aí vai.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Eleições 2012: São Paulo - SP

Voltando ao tema da interpretação de gráficos.

Acrescentando os dados do Vox Populi e a última rodada do Datafolha, temos o gráfico abaixo.


Basicamente temos o mesmo cenário anterior. O que muda a tendência de Russomano, agora mais claramente de ligeira subida. Serra continua em ligeira queda e Haddad virtualmente estável (um fraco indicativo de uma fraca ascensão).

Nenhum indício de que a grita de falsificação tenha alguma fundamentação.

Upideite(25/set/2012): Agora com a pesquisa Ibope que acaba de ser divulgada.


O padrão é basicamente o mesmo. Apenas reforça a ligeira tendência de aumento de opção de voto em Haddad.

Upideite(28/set/2012): A mais recente do Datafolha:

Aqui os dados mudam em relação à tendência anterior. Há que se esperar os dados dos demais institutos para confirmar se há mudança no padrão.

Upideite(02/out/2012): A última do Ibope:

A tendência de Russomano passa a ser de queda.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Interpretando gráficos eleitorais

O blogue do Nassif publica texto do sociólogo Aldo Fornazieri analisando as eleições de São Paulo e, de passagem, comenta sobre os resultados das pesquisas de intenções de voto feitas pelo Datafolha e pelo Ibope.

"As pesquisas do Datafolha e do Ibope divulgadas nesta semana apontam para tendências contrárias. O Datafolha aponta para tendências de queda de Russomano e de Serra e de ascensão de Haddad. O Ibope aponta para tendências de queda de Serra e Haddad e de ascensão de Russomano. Ao que tudo indica, um dos dois institutos está errando."

Na verdade, as pesquisas apontam o *mesmo* padrão. E poderia até haver discrepâncias dentro do que o autor considera tendências contrárias sem que implicasse em erro por nenhum dos institutos.

Vamos para a primeira afirmação que fiz: o padrão é o mesmo. Vejam a figura 1.

Figura 1. Evolução das intenções de voto para prefeito em São Paulo-SP. Barra: margem de erro (fixa em 3%). RUS - Russomano, SER - Serra, HAD - Haddad; DF - Datafolha, IB - Ibope.

É difícil falar em tendência de queda de Russomano para os dados do Datafolha dos dias 4 de setembro de 2012 e 9 de setembro. Os jornalistas políticos falam em oscilação com essa variação dentro da margem de erro. Em termos estatísticos os dois pontos são equivalentes. Pelo mesmo motivo não dá pra falar em tendência de ascensão de Haddad. Além disso, o período de comparação entre as pesquisas do Datafolha e do Ibope são diferentes: as pesquisas do Ibope são de 30 de agosto e de 12 de setembro.

Os resultados de ambos os institutos indicam uma tendência geral de estabilidade no período por volta de 29 de agosto a 12 de setembro - com moderada tendência de fraca queda das intenções de voto a José Serra. (Figura 2.)

Figura 2. Evolução das intenções de voto para a prefeitura de São Paulo. Quadrados: Russomano; losangos: Serra; triângulos: Haddad. Tons escuros: Datafolha, tons claros: Ibope.

Falemos agora sobre pesquisas indicarem "tendências" contrárias.

Especialmente nessa situação de estabilidade ou quase estabilidade, por efeito de amostragem, os pontos podem variar casualmente - sem indicarem uma tendência real de subida ou descida. Digamos que Russomano, no período, tenha 32% das intenções de voto dos eleitores paulistanos. A primeira amostragem do instituto A poderia resultar em 30% das intenções de voto e a segunda, 34% das intenções de voto; para o instituto B poderia ocorrer  o oposto: 34% na primeira amostragem e 30% na segunda. E isso sem que tenha havido qualquer erro (e muito menos má fé). De fato, em 50% das vezes, um instituto terá um resultado que é numericamente inferior à média real, e, em outros 50% das vezes, o resultado será numericamente superior à média real. Então, para uma situação de estabilidade, em 25% dos casos, um instituto, em duas medidas, terá uma "tendência" de queda e, em 25%, uma "tendência" de subida. E uma probabilidade de 12,5% de indicar uma "tendência" contrária a outro instituto. Naturalmente, se as tendências indicadas permanecerem opostas (mesmo dentro da margem de erro) quando se tem mais e mais pontos de amostragem, aí sim teríamos algum problema.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A campanha verde de Marina: a resposta

Depois de encher muito a paciência dos administradores do perfil de Marina Silva no twitter e na página pessoal dela, finalmente tive uma resposta ao meu questionamento sobre a neutralização do carbono emitido durante a campanha presidencial da senadora.

A um dos meus inúmeros tweets sobre o tema, a equipe da Marina Silva respondeu pedindo o email para contato. Enviei a pergunta abaixo:

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From: rmtakata@xxx
To: falecom@minhamarina.xxx.xx
Subject: Neutralização do carbono emitido na campanha presidencial
Date: Tue, 6 Dec 2011 20:07:34 -0200


Prezados Senhores,

Gostaria de saber a situação do processo de neutralização do carbono emitido durante a campanha presidencial da Senadora Marina Silva.

Agradeço desde já pela informação.

Cordialmente,

Roberto Takata
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Ao que responderam:
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Date: Wed, 7 Dec 2011 11:14:05 -0200
From: falecom@minhamarina.xxx.xx
To: rmtakata@xxx
Subject: Re: Neutralização do carbono emitido na campanha presidencial

Caro Roberto,

Agradecemos o seu contato e a diligência em um assunto tão importante como este.

Marina e todos aqueles que, juntamente com ela, elaboraram as promessas de campanha, não esqueceram do projeto de neutralização de carbono da campanha. Pelo contrário. Existe uma pequena equipe de trabalho altamente especializada empenhada nesta tarefa. O projeto está em fase de finalização, para que comece a ser implementado no próximo ano. Não podemos adiantar detalhes, mas quando ele estiver pronto, gostaríamos de, inclusive, contar com a sua participação.

Cordialmente,

Equipe Marina
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domingo, 10 de abril de 2011

Shannon e política

Na postagem anterior fiz a sugestão de alterar o cálculo do coeficiente eleitoral utilizando a entropia de Shannon. Abaixo uma tabela com os resultados comparativos de duas eleições simuladas - e um tanto idealizadas. O propósito de diminuir o impacto de um punhado de candidatos com alta votação na eleição de outros candidatos com poucos votos parece ser alcançado.


O cálculo não é tão complicado quanto se possa parecer. A fração pi de cada candidato é calculada dividindo-se os votos obtidos pelo candidato i pelo total de votos em todos os candidatos. Para cada candidato é, então, calculada a entropia s(i) de Shannon pela fórmula: - pi.ln(pi). A divisão das entropias s(i) pelo total S das entropias nos fornece então o fator de correção - bastando multiplicar a razão pelo total de vagas.

Obviamente a proposta não pretende ser uma panaceia e precisaria ser mais bem explorada para verificar os pontos fracos que com certeza existem - não devemos esperar que haja reformas que resolvam todos os problemas (embora certamente haja as que aumentem os problemas - ou que tragam outros que são ainda menos desejáveis).

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A campanha verde de Marina

Marina Silva anunciou como um dos objetivos a realização de uma "campanha verde" em que incluía a neutralização do carbono emitido durante sua apresentação como candidata à Presidência da República. Uma meta louvável, mas da qual não obtive mais notícias.

Acabei de enviar à assessoria de imprensa, pelo site da campanha, a mensagem abaixo:
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Prezados Senhores,

Em relação à "campanha verde com emissão zero de carbono", qual a situação atual da contabilidade do equivalente de carbono emitido durante a campanha e qual a previsão para que o passivo criado seja efetivamente eliminado? E quais as medidas que serão tomadas para se cumprir esse objetivo?

Grato,

Roberto Takata
NAQ - Never Asked Questions
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Claro que agora é época de festas e deve demorar um tempo até obter uma resposta. Assim que obtivé-la, publico no blogue.

No quesito prestação de contas, a campanha da senadora elencava a transparência como uma das razões para votar na candidata: "20. É transparente. Marina Silva será transparente na arrecadação e no uso dos recursos financeiros no processo eleitoral. A prestação de contas estará no www.minhamarina.org.br". Só consegui encontrar isto: "Campanha de Marina divulga primeira prestação de contas" (pode estar em algum lugar, mas não consigo encontrar prestação final detalhada).

sábado, 30 de outubro de 2010

Pesquisas 18

Votos válidos: DR - Dilma Rousseff; JS - José Serra; VP - Vox Populi; IB - Ibope; DF - Datafolha; SS - Sensus; GP - GPP.

Upideite(30/out/2010): Com o resultado do Ibope de hoje.
Upideite(30/out/2010): E agora do Vox Populi:

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pesquisas 17 - correção do gráfico

Gráfico corrigido dos resultados das pesquisas sobre intenção de votos publicados até 28 de outubro - somente votos válidos.

Upideite(29/out/2010):
E, aproveitando, abaixo o gráfico com os resultados do Datafolha de ontem:

Habemus papam

Sakamoto preciso em seu twitter sobre a ingerência papal na política brasileira:
"Dando o troco, vou meter bedelho em eleição pra Papa: Acho que quem acoberta pedofilia não pode ser escolhido."

Os candidatos, claro, lamberam as botas do pontífice da ICAR. Triste.

Estado laico cadê?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pesquisas 17

Upideite(29/out/2010) CORREÇÃO:
Os gráficos abaixos apresentam uma pequena incorreção sob os critérios adotados por este blogue - os dados do Sensus marcados como dia 13 deveriam ter sido plotados no dia 11, data do início da amostragem (o dia 13 foi o do fim). Estão faltando os dados do Ibope do mesmo dia. O gráfico corrigido e atualizado pode ser conferido aqui.
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Corrida presidencial no segundo turno:


DR - Dilma Rousseff-PT; JS - José Serra-PSDB; VP - Vox Populi; IB - Ibope; DF - Datafolha; SS - Sensus. Somente votos válidos.

Upideite(27/out/2010): Acrescentando os dados do GPP.
Os resultados são compatíveis com os apontados por outros institutos. Há que se notar a diferença metodológica de que o GPP não faz estratificação - não há cotas por classes socioeconômicas. Parte dos resultados é didático na questão de que as pessoas mentem nas pesquisas. Entre os entrevistados, 2,9% dizem que não votou - o absenteísmo no primeiro turno foi de 18%; 3,6% dizem que anulou ou votou em branco - no primeiro turno foi de cerca de 8%. Entre outras coisas, por isso que é surpreendente que os institutos acertem tanto - podemos ver que o percentual dos que declaram ter votado em Dilma, Serra, Marina e outros bate mais ou menos com o resultado do 1o turno. Claro que eu dou risada do índice de 95% dos que declaram que com certeza votarão no 2o turno.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Este blogue está de luto...

Não é pelo Senador Romeu Tuma (não que eu haja lhe desejado mal - não me alegra sua morte, entristece-me, de fato; como a morte de todo ser humano), nem pelo polvo Paul, nem pelo fim do Walkman.

Meu luto é pela morte do governador José Serra. Não a morte física. Que eu saiba ele goza de plena saúde - ao menos somaticamente falando. É pela morte de seu caráter.

Folha: Em convenção da Assembleia de Deus, Serra promete vetar Lei da homofobia
O Globo: Serra promete a evangélicos vetar projeto que criminaliza homofobia

O tucano disse: "Do jeito que está, ele passa a perseguir igrejas que têm posições contrárias ao homossexualismo. Uma coisa é perseguir e fazer grupos de extermínio contra os gays, como tem acontecido. Outra, é proibir que as igrejas preguem contra atos homossexuais entre seus fieis. Eu vetarei essa lei. Essa lei não andará." (Se algum distraído eventualmente não atinou com o que isso significa, troque o grupo: "Uma coisa é perseguir e fazer grupos de extermínio contra negros... outra é proibir que as igrejas preguem contra os negros entre seus fieis.")

Triste fim de um político formado em meio às ideias progressistas da esquerda, da valoração das liberdades individuais, do respeito às diferenças e proteção às minorias.

Já não votaria nele por tudo o que fez em sua campanha. Mas agora faço questão de participar da campanha *contra* a candidatura de José Serra. O grande respeito que nutria pela figura de Serra - a despeito de minhas brincadeiras como sobre a bolinha de papel - evaporou-se por completo.

Dilma Rousseff, seja bem-vinda, presidente!

Upideite(26/out/2010): Deixe-me assinar esta postagem - Roberto Takata.
Upideite(27/out/2010): André Lima, no twitter, diz que é um espantalho a comparação com a situação dos negros. Não é. Criticar atos homossexuais é o mesmo que criticar os homossexuais, pois é a vera definição do que eles são. André cai na ladainha homofóbica - não que ele seja homofóbico, bem entendido - do "criticar o pecado e não o pecador". É um subterfúgio de discriminar as pessoas fingindo que não se está a discriminá-las. Mas se ainda quiser insistir: Pense em: "outra coisa é proibir que as igrejas preguem contra a negrice, coisa de preto, entre seus fieis".
Upideite(27/out/2010): O grupo da Diversidade Tucana postou a versão deles da questão. Douraram a pílula, mas deixaram de fora a parte reveladora: "Eu vetarei essa lei. Essa lei não andará." Sem falar que não há nada na PLC 122/2006 que fale sobre religião. É tergiversação.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

De Cunto, cê tá errado

A Globo pediu um parecer para outro perito independente. De Cunto também confirma que Serra foi atingido por um rolo - ou um objeto toroide (o site dele encontra-se agora fora do ar por excesso de acessos, uma cópia no blogue do Nassif). Apresenta a imagem abaixo como prova:
Mas basta olhar a imagem anterior:
Veja o detalhe das duas imagens:
Se o tal objeto toroidal (ou rolo de fita) tivesse atingido Serra, teria sido antes - desde pelo menos 4,7 segundos no vídeo - mas aí esse objeto teria se *grudado* no cocuruto do candidato, já que continua *e no mesmo lugar* no quadro de 4,9 segundos do vídeo.

A parte superior do toroide ou do rolo é, como apontado antes, o cabelo da pessoa atrás de Serra, a parte de baixo é o brilho e sombra da careca do próprio Serra - ou, antes, das bossas e depressões da careca.

Upideite(27/out/2010): O jornalista Italo Nogueira informa que o modelo do celular usado foi um Nokia E71. Quem tiver um aparelho igual poderá tentar reproduzir as condições e ver como uma fita se comportaria no vídeo. No comentário de uma postagem no Novo em Folha, Nogueira esclarece que a resolução estava em "alta".

sábado, 23 de outubro de 2010

Molina, cê tá errado

O perito independente Ricardo Molina defende sua análise do vídeo de Serra tomada por celular pelo jornalista da Folha. Parafraseando uma velha piada, há aspectos corretos e contundentes. Mas o que é correto não sustenta a tese dele (da Globo e da Folha) e o que é contundente não é correto.

1) Sim, os dois vídeos - do SBT e da Folha - retratam momentos distintos. Isso *ninguém* contesta. (Eu seria maldoso ao dizer que insistir nisso - em diferenças tão óbvias que até uma criança recém-alfabetizada ou pré-alfabetizada veria - seria uma técnica de tergiversação.)

2) O endereço indicado retorna a mensagem que o vídeo não está disponível. Mas ele pode ser visto no sítio web do SBT. Mentira que o candidato não tem reação alguma, qualquer pessoa pode ver que ele depois olha para o chão.

3) O vídeo não mostra nenhum objeto atingindo Serra. *Supondo* que a área destacada contivesse o tal objeto, esse objeto teria se materializado do nada - já que não há registro da trajetória. O perito diz que seria pela velocidade do objeto. Se tivesse a velocidade exemplificada de 40 km/h *com certeza* o candidato teria alguma reação - a menos que a área fosse dessenssibilizada por algum motivo ou tivesse recebido algum treino. Mas vamos supor que isso explicasse a ausência de registro da trajetória pré-impacto. O perito diz, para justificar a imagem do objeto ter sido captada sobre a cabeça, que a velocidade teria caído para zero. Oras, então a trajetória pós-impacto deveria ter sido registrada, mas não, o objeto misteriosamente teria desaparecido como tal*.

4) O contorno bem definido do objeto *não* descarta a possibilidade de ser um artefato digital. Simplesmente porque justamente isso que dá um contorno bem definido - basta ver como as áreas retangulares são bem definidas. Ou o Molina acha que todos os retângulos presentes na imagem são objetos reais? Têm contornos bem definidos, com luminosidade compatível com a iluminação da cena e encontram-se entre as cabeças das pessoas e a objetiva do celular.

Abaixo mostro uma ampliação da imagem (clique nela para ver os detalhes).

Por que Molina não acompanha quadro a quadro o que acontece com a área do "calombo" - que seria a parte de trás do tal rolo de fita? É cabelo como disse aqui e um professor da UFSM disse aqui.

Upideite(23/out/2010): Mais um pouco de análise do perfil do tal objeto. Bônus, perfil da cabeça do Serra.
Molina não teve nem o trabalho de pegar uma foto de perfil de Serra para sobrepor à imagem - isso é necessário para saber distinguir onde começa e onde acaba o quê. E depois ele escreve que o contorno é definido - não tem contorno definido de objetos curvos em imagem de baixa resolução... A foto de Serra de perfil em que me baseei foi esta. Foi só fazer um contorno usando uma camada de transparência e depois jogar em cima da imagem - alinhando a orientação e redimensionando pela orelha.

Upideite(24/out/2010): O Prof. José Antonio Meira da Rocha faz também uma nova análise sobre as alegações de Molina.
*Kentaro Mori, nos comentários, observa que os problemas da baixa resolução e da compressão dos dados poderia fazer com que uma trajetória pós-impacto não fosse registrada. (Precisaríamos fazer um teste com um celular com as mesmas especificações do utilizado para gravar o vídeo.)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pesquisas 16

Cenário das intenções de voto para presidente até 21 de outubro de 2010:


Continuam as patacoadas, como o PSDB querendo processar institutos de pesquisa. Falaram, previsivelmente, muitas bobagens sobre os erros dos institutos sobre o resultado do 1o turno.

O que é supreendente é que a distância entre o previsto e o realizado seja tão *pequena*. Levando em consideração fatores como flutuação aleatória, o fato dos entrevistados não precisarem dizer a verdade e poderem mudar de opinião de última hora - além de errarem na hora de votar -, os resultados foram bem próximos. E mais, a tendência foi apontada corretamente - havia chances de segundo turno sim.

No twitter cravei - atenção que não era pra levar a sério (embora se baseasse em projeções dos dados dos institutos) - que daria no 1o turno por pouco (e a boca de urna do Ibope acabou dando 51%).

É preciso entender que a margem de erro não quer dizer que os dados reais sempre têm que ficar dentro dela - ela é um parâmetro estatístico em que, em sendo uma grandeza com uma distribuição chamada normal (com uma curva do tipo sino), tirando-se uma amostra do conjunto total (chamado de universo amostral), a média verdadeira do conjunto estará em 95% das amostras tomadas dentro do intervalo dado pela média +/- margem de erro.

Os institutos de pesquisa - até um tanto por falta de modelo melhor - dão uma certa forçada de barra ao calcularem a margem de erro com base em modelo de distribuição normal. Para que isso valesse, entre outros fatores, a amostragem teria que ser completamente aleatorizada - mas, em geral, os institutos - por questões operacionais - recorrem a uma amostragem estratificada (pegam um determinado número dentro de cada subconjunto do universo - por exemplo, se o Censo mostra que há y% de pessoas no Brasil maiores de 16 anos que têm renda X, pegarão tantas pessoas com renda X de modo que represente y% da amostra). Na divulgação também há uma simplificação de aplicarem uma mesma margem para todos os pontos - a margem varia de ponto a ponto de acordo com sua fração (não entrarei em detalhes aqui).

Olhando para os gráficos plotando os resultados dos institutos de pesquisa (p.e., o que publiquei nesta postagem), grosso modo, 4 p.p. seria uma melhor estimativa global de margem de erro.

Então se alguém me perguntar se eu acredito nos resultados dos institutos de pesquisa, eu direi que acredito. Apenas que não devemos interpretá-los como um resultado cravado.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Porra, Molina: O que se passa pela cabeça de Serra?

O único objeto a incontestavelmente atingir o candidato do PSDB, o governador José Serra, é uma bolinha de papel, como mostrada nas imagens do SBT.

A Folha divulgou vídeo feito por um repórter seu por celular afirmando que mostrava outro momento em que Serra era atingido por outro objeto. A Globo pediu ao perito Molina para analisar a imagem.

Mostram esta imagem como prova de que Serra foi atingido por um rolo de fita adesiva:
Desculpe-me, Prof. Molina, mas o Instituto NAQ de Análise Caseira de Imagens discorda do parecer. Essa imagem pouco nítida de celular, na verdade mostra o *cabelo* de uma pessoa atrás de Serra.

Pra começar, veja a imagem abaixo:

Foi tirada do mesmo vídeo. Vemos que há retângulos em vários pontos formados pela baixa resolução da câmara - setas em amarelo. Então o retângulo na cabeça de Serra não é o rolo visto de lado. Vamos analisar o "calombo" indicado pela seta em vermelho.

Os dois frames seguintes não mostram muita coisa, só a persistência do calombo:
No quarto frame da sequência, o calombo parece diminuir:
Os dois seguintes também não mostram muita coisa:
Mas o frame seguinte mostra, o calombo *aumentando*. Se fosse o tal rolo, ele teria *subido*, em clara afronta aos princípios ditatoriais nazifascistas da lei da gravitação!

Mais alguns frames em que não acontece muita coisa:





Mas eis que o calombo *acompanha* Serra seguindo em *frente*! Teria o rolo de fita adesiva grudado em Serra?

Aí tem vários frames desinteressantes. Não irei reproduzi-los, mas quem estiver interessado é só baixar um programa que permita a exibição quadro a quadro - tem sharewares que poderá usar para testes (eu usei o share do Video Snapshot Wizard). No quadro acima já dá pra ver que o rolo de fita que o perito identificou - porra, Molina! - é o topete de alguém. Seguindo mais à frente no vídeo, eis a identificação do rolo que jogaram em Serra:

Sério, *porra*, Molina! (Porra, Globo; porra, Folha.)

É bem possível, no entanto, que tenham jogado outros objetos no governador. Isso seria um ato mais do que lamentável. Só o ato de tacar bolinha em alguém é uma violência inaceitável. Não pela agressão física em si - que no caso da bolinha de papel é mínima para inexistente -, mas pelo desrespeito que isso representa. Lastimável também o fato de tentarem atingir a candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff.

domingo, 3 de outubro de 2010

Eleições 2010: Apuração

Até 19h02.

Até 19h27

Até 19h41

Até 20h03


Até 20h44.

Até 22h59.

Amanhã a grande discussão deve ser a discrepância entre os resultados dos institutos de pesquisa com o resultado eleitoral.

sábado, 2 de outubro de 2010

Pesquisas 15: Dilma Rousseff - votos válidos

Considerando-se somente os votos válidos, os dados dos institutos sobre a intenção de voto para Dilma Rousseff dão o gráfico abaixo.


Upideite(02/out/2010): Com os resultados do Ibope e do Datafolha, o gráfico é como abaixo:

Upideite(03/out/2010): Com o resultado do tracking do Vox Populi de sábado:

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pesquisas 14 - Segundo turno, aí vamos nós?

Saíram os resultados do Ibope e da Sensus.

Alguns analistas dizendo que contradizem os resultados do Datafolha (aqui e aqui). Não contradizem. Abaixo um gráfico mostrando as intenções de voto para Dilma Rousseff e as intenções de votos para os demais candidatos.

DR - Dilma Rousseff; OT - soma dos demais candidatos; DF - Datafolha; IB - Ibope; VP - Vox Populi; SS - Sensus. No painel da direita foram suprimidos os dados do Datafolha. Linha vertical, data do 1o turno das eleições 2010.

Os dados indicam uma subida na soma dos votos para os demais candidatos. É possível que haja também a queda das intenções de voto à Dilma - com os dados do Datafolha essa tendência fica mais forte - notar que sistematicamente, no entanto, os dados do Datafolha indicam uma soma para os demais candidatos acima do que é apontado pelos demais institutos - e uma tendência de indicar votos para Dilma ligeiramente abaixo dos demais institutos.

Pelos dados, então, tem sim boas possibilidades de haver 2o turno - a tendência é que seja por uma pequena margem.

Upideite (29/set/2010): Acrescentando os dados do tracking do Vox Populi (VPt)