O que, quando analisados em conjunto, os resultados dos diferentes institutos de pesquisa parecem apontar é o fato mais ou menos óbvio de que este 2o turno está sendo dos mais acirrados em tempos recentes: com cada candidato com números próximos à 50% das intenções de votos.
Mas vários analistas, talvez empolgados com esse clima aquecido pela disputa aparentemente apertada, parecem estar dispostos a darem a cara a tapa e cravando resultados não apenas com antecedência como com uma margem pequena para manobras em caso de falha em suas previsões.
De minha parte acho arriscado e desnecessário, porém não deixa de dar uma certa cor. Como tem previsões para todos os gostos, não é possível que todos acertem e eu *vou* cobrar depois a conta.
Como quando Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, vaticinou, ainda em 2009, que Dilma Rousseff não ganharia as eleições de 2010.
A Consultoria Macrométrica, em agosto, cravou que Aécio Neves levaria no 2° turno com 2 a 3,6 pontos de vantagem.
Murilo Hidalgo, do Paraná Pesquisas, afirma que São Paulo decidirá as eleições (bem, não é uma previsão muito arriscada, já que é o maior colégio eleitoral do país - além disso, pode-se falar o mesmo de praticamente qualquer região, uma vez que a diferença tende a não ser muito grande entre o vencedor e o derrotado).
Há histórias um tanto conflitantes em relação a Ricardo Guedes do Instituto Sensus. Segundo o Brasil 247, Guedes disse que Aécio já estaria eleito - quando da publicação do primeiro resultado da pesquisa para o 2° turno, em 11/out - quando o tucano teria 17 pontos de vantagem pelo instituto. Na Isto É, Guedes afirmou: "O tamanho da rejeição à candidatura de Dilma, torna praticamente impossível a reeleição da presidenta". A coisa mudou de figura depois pelo jeito. De acordo também com a Isto É, ele disse, que, assim como ocorreu no 1° turno, deve haver uma grande mudança das intenções de voto dos eleitores mesmo no próprio dia da votação do 2° - quando da publicação da segunda pesquisa, em 24/out, com 9 pontos de vantagem para o senador. (Ou seja, temos pelo já um furo - que seria praticamente impossível Rousseff vencer; mesmo que Neves vença, ela ainda está no páreo.)
Abaixo figuras plotando os resultados das pesquisas dos diferentes institutos. No painel superior, com dados da Sensus; no painel inferior, com descarte dos dados da Sensus - que são os mais discrepantes do conjunto.
Figura 1. Resultados das pesquisas eleitorais de intenções de votos para presidente no segundo turno das eleições de 2014. Fontes: Datafolha, Ibope, MDA, Paraná Pesquisas, Sensus, Veritás. Painel inferior: com descarte dos dados da Sensus. Dados plotados de acordo com as datas de início dos respectivos campos.
Descartando-se os dados da Sensus, o ajuste linear é razoável (r = 0,78). Não quer dizer que seja o melhor ajuste. Há também problemas em relação ao quanto esses resultados refletem a realidade das intenções de votos e a possibilidade de mudanças de última hora (há pessoas que deixam para decidir no dia da votação - se irão votar e em quem irão votar).
Não me cobrem, não estou cravando a reeleição; mas se eu tivesse que apostar, pelos dados, apostaria nisso.
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