sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Jornalismo esportivo: usos e abusos

Há um número grande de expressões e figuras de linguagem do futebol e outros esportes que são repetidas constantemente, revelando uma pobreza vocabular que torna os textos não apenas chatos (por previsíveis), mas imprecisos ou enganosos.

Abaixo algumas que gostaria que não fossem mais usadas (e sugestões de expressões substitutas).

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Futebol

"Portuguesa dança o vira": diga apenas que a Lusa virou a partida ou, se tiver mais espaço, que reverteu o placar. Envie também para a zona fantasma: "Portuguesa com certeza", não acrescenta absolutamente nada.

"Futebol burocrático": que tal variar um pouco com "jogadas pouco imaginativas", "desempenho sem empolgação" ou mesmo "pouco brilho", "previsível", "chato"...?

"Time tropeça": seja objetivo, diga se empatou ou perdeu. "Tropeço", além disso, traz um juízo de valor, como se o time que não venceu tivesse obrigação de tê-lo feito.

"Apresentação de gala": use outras expressões "excelente desempenho", "apresentação empolgante"; com moderação: "futebol convincente" (se puder, evite).

"Venceu, mas não convenceu": "venceu mesmo jogando mal" (ou "sem jogar bem").

"Em dia/noite/tarde inspirada": em geral pode ser limado sem dó. E.g. "Em dia inspirado, Lero-Lero faz cinco", que tal apenas "Lero-Lero faz cinco (gols)"?

"Salto alto": não é apenas perigosa, ela traz um juízo de valor e, pior ainda, o jornalista teria que ter bons indícios de que os jogadores estavam mesmo com excesso de confiança e menosprezando o adversário.

"Botar para escanteio": por favor, use apenas no sentido literal. Não use tampouco em sentido figurado: "marcar um golaço" (quando faz alguma coisa boa), "driblar", "enganou a marcação cerrada" ou "dar um cartão vermelho" (quando supera um problema), "bater na trave" (quando quase consegue um objetivo).

"(Nadar, nadar e) Morrer na praia": poderiam usar "não conseguir o objetivo (apesar dos esforços)", "quase conseguiu", "chegou perto"; muitas vezes pode ser simplesmente eliminado do texto.

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Esportes radiciais

"Radicalizou": "fez excelentes manobras", "teve um desempenho surpreendente". Com muita moderação pode ser substituído por "deu um show".

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Esportes de inverno

"Entrando em uma fria/gelada", "o clima esfriou", "pé frio": nem no sentido figurado e muito menos no sentido literal.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

R-2010

Capa do Jornal Placar de 27/nov/2008.

No jogo de quarta, 26/jan/2010, no Pacaembu.

Placar: Corinthians 14 x 0 Placar. No jogo, Timão 1 x 1 Mirassol.

Obs: A Placar removeu de seu site todo o material referente ao episódio.

Largo da Concórdia

Não é todo dia que concordo com os textos de Reinaldo Azevedo. Em muitos casos acho graça, mas discordo frontalmente. Em muitos outros casos, não apenas discordo da opinião como acho sem graça e até grosseiro. (Minha opinião geral é que RA escreve melhor do que Diogão, que é mais incensado.) Ocasionalmente eu concordo - como em boa parte do caso da Geisy Arruda e a Uniban.

Claro, ninguém perguntou isso (não por outro motivo o nome do blogue é NAQ), mas, enfim, um dos poucos textos em que concordo com o espírito do escrito por RA.

"É preciso fazer jornais para os vivos"

(Concordo até, em linhas gerais, com as críticas ali contida ao presidente Lula em sua fala sobre as enchentes paulistas. Bem, só para não concordar 100%, diria que com um pequeno grau de exagero, mas acho que é uma crítica perfeitamente cabível.)

É tudo free

Dewey Music - arquivos de música em domínio público.
DOAJ - catálogo de períodicos científicos de acesso aberto.
Domínio Público - arquivos de imagem, texto, vídeo e som em domínio público.
Global Text Project - livros-texto de conteúdo aberto.
Gutenberg Project - textos de livros em domínio público.
MIT/OCW - material de cursos superiores oferecidos pelo MIT.
SourceForge.net - programas de código aberto.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti: Desgraça pouca é bobagem

Com todo o sofrimento do povo haitiano (no terremoto que ceifou a vida de Zilda Arns), espero que não lhes cheguem aos ouvidos bobagens como:

"They were under the heel of the French, you know Napoleon the third and whatever. And they got together and swore a pact to the devil. They said 'We will serve you if you will get us free from the prince.' True story. And so the devil said, 'Ok it’s a deal.' And they kicked the French out. The Haitians revolted and got something themselves free. But ever since they have been cursed by one thing after another" - Pat Robertson, pastor americano, dono da "Christian Broadcasting Network".

Ou o que o cônsul do Haiti no Brasil falou:



Ou as bobagens da cantora Sandy Lima.

Desculpem-me a frase batida, mas: "humanos, demasidamente humanos".

Quem quiser ajudar: aqui.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Quando o Fla x Flu cega

Paulo Henrique Amorim fez uma leitura errada da manchete da Folha e caiu de pau no ministro Paulo Vannuchi.

A manchete é: 'Vannuchi ameaça demissão se plano punir torturados'.

PHA leu: 'se punir *torturadores*'. E desceu o sarrafo no ministro. (Eu também desceria se ele tivesse dito isso. Ou se a Folha tivesse escrito isso. Não se disse, nem se escreveu tal bobagem.)


Mal, Paulão, mal.

No blogue do Nassif também há uma postagem sobre o tema. Um leitor diz que houve manipulação na manchete. O leitor também parece ter lido "torturadores" em vez de "torturados". Nassif comenta que ainda assim houve uma manipulação, pois a hipótese de se punir torturados não existe. De certo modo não existe e a manchete não é mais adequada, porém daí a se falar em manipulação acho exagerado.

Discriminação sexual na Royal Institution?

A ex-diretora da Royal Institution, Susan Greenfield, segundo reportagem do Guardian, decidiu processar a instituição por discriminação sexual.

É estranho que ela tenha sido trancada para fora de seu flat poucas horas depois de demitida do cargo que exerceu por 11 anos. Mas teria sido sua demissão motivada mesmo por questões sexuais?

Entre as especulações levantadas pela reportagem está a crise financeira por que passa a RI. Crise que teria se agravado por decisões de Greenfield.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Lula tenta interferir no STF?

O jurista Fábio Konder Comparato traz uma denúncia grave de ação contra a ordem constitucional de independência dos poderes.

Em entrevista à Carta Capital, ele diz: “Alguém do próprio Supremo me contou que o presidente, em alguns casos, antes do julgamento, chama os ministros que nomeou para dizer qual a vontade dele. Eu espero que eles não cumpram a vontade do presidente”. Eu também espero que não e espero que não seja verdade que o presidente faça tal tentativa de pressão, mas espero mais ainda que essa situação seja esclarecida.

Direita, por favor, faça escândalo disso.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Menas, Barbara, menas

Barbara Gancia,

No geral gosto do que você escreve. Tenho discordâncias, mas até aí aquela história do verde com todos gostando do amarelo (não entendo muito bem essa frase, porém sei que o sentido geral é da valorização da diversidade de pontos de vista).

Em relação a sua defesa de Casoy (aqui). Bem, de um lado é muita fineza de sua parte defender um colega e uma pessoa que você aprecia. No entanto, não douremos a pílula, né?

O próprio Casoy reconheceu que falou uma grande bobagem. E falou mesmo, uma *enorme* bobagem. Com hombridade se desculpou. De modo tímido, mas se desculpou. A bobagem que ele disse não é isso de que "ele não aprovou a escolha dos personagens usados em uma matéria de Boas Festas". Foi bem mais do que isso. Não irei reproduzir aqui as terríveis palavras ditas. No entanto ele *humilhou* os varredores de rua. Da fala de Casoy se depreende perfeitamente que, na visão dele, quem ganha pouco não tem direito de ser feliz ou de desejar felicidade a outros. Subtexto: têm que se colocar no devido lugar.

Certamente há os que aproveitaram para destilar mais maldades sobre Casoy. A referência à ascendência judaica é algo criminoso certamente - preconceito religioso tipificado como crime.

Criticar as reações exageradas, ok. Porém para tanto não é preciso minimizar a asneira de Casoy. Ele merece, sim, um amplo puxão de orelhas.

Decreto 7.037/2009

Reinaldo Azevedo e Sergio Abranches desancam o decreto 7.037/2009: inconstitucional, ditatorial, ambos afirmam uníssonos. Segundo os dois, bastaria ler para verificar tais características.

Li e não achei nada de mais. Concordo com o Azevedo no que diz respeito ao blablablá de introdução aos eixos no anexo do decreto - dispensável por pouco objetivo. De resto são objetivos que considero muito válidos: chegam atrasados, mas pelo menos chegaram. É um dos poucos projetos dos governos Lula que avançam na questão dos direitos humanos propriamente dito, área tremendamente deficitária na administração cefalópoda.

A ICAR, claro, está de cabelo em pé com os itens sobre a laicidade estatal, coisa que está em nossa CF e ela - e vários órgãos do governo - insistem em ignorar. Como a questão da ostentação de símbolos religiosos em repartições públicas.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Varre, varre, vassourinha...

O pecado do pregador é sempre pior do que o pecado do pecador.

Com o áudio aberto, comentário de Casoy sobre garis vai ao ar durante a ida para o intervalo.



Pelo menos teve uma certa grandeza em não dourar a pílula, admitiu o erro. O pedido de desculpas veio, tímido e discreto, mas veio.



Personalidades, disse antes, são pessoas, falíveis. Claro que, também disse antes, podemos, sim, cobrar maior responsabilidade para quem está em evidência, tem o poder da mídia. No caso de Bóris Casoy há a agravante dele se postar como o paladino da moralidade - o bordão desde os tempos do TJ Brasil no SBT, "Isso é uma vergonha", acabou voltando o feitiço contra o feiticeiro.

Quero ver o CQC fazer Casoy se vestir de gari e sair varrendo a rua.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Chico Xavier - Ano 100

Este ano marca o centenário não apenas do grande Sport Club Corinthians Paulista, mas também do nascimento de Chico Xavier.

Certamente haverá muitas comemorações para ambas as efemérides. Muitos livros, reportagens, documentários.

Farei aqui uma homenagem ao médium mineiro.























Essas fotos contragedorasconstrangedoras (grato, Sibele Fausto) ésão de uma suposta materialização da irmã Josefa - obviamente apenas uma mulher vestida com pano branco - na presença de Chico Xavier.

Upideite(24/out/2010): Charlito nos comentários argumenta que Chico Xavier foi um inocente útil na fraude. Não parece um argumento convincente, já que Xavier pousaposa com o que seria a materialização.