quinta-feira, 22 de abril de 2010

Prêmio Bê Neviani de dispersão de informação

Upideite(22/abr/2011): Atenção! O texto abaixo é da primeira edição do prêmio Bê Neviani. Ele está na segunda edição com novas regras.
Upideite(21/abr/2012): Agora o prêmio está na terceira edição. Já são mais de 115 mil tweets e 4.600 seguidores da Bê Neviani. Mas ela continua riopretense, corintiana, alegre e, infelizmente, fumando (ela diz que está quase parando).
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Em uma ação entre amigos, um grupo de tuiteiros/blogueiros resolveu instituir o prêmio Bê Neviani.

A premiação consiste em dar um livro ao blogueiro que teve seu tweet com link para uma postagem sua mais retuitado (usando-se a hashtag do concurso #PremioBeNeviani) - e os tuiteiros que retuitarem tweets participantes do concurso irão concorrer por sorteio a um outro prêmio.

Detalhes podem ser lidos aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui.

Curiosamente as postagens-padrão do prêmio não dão muitas informações a respeito da homenageada - a tuiteira Helena Neviani.

Ela é química aposentada radicada em São José do Rio Preto, que, carinhosamente, chama de Black River City, e tuiteira ativa - a maior parte dos seus mais de 37 mil tweets repassam links para notícias e postagens de blogues dos mais variados assuntos. Tweets ocasionalmente interrompidos para seus banhos diários de sol e piscina.

Bem-humorada, declara-se tímida (o que não transparece jamais em seu perfil no twitter ou no formspring) e corintiana. Seu maior defeito é cultivar o hábito de fumar. Fã de Fellini e Coppola: seus filmes prediletos são, claro, Casanova e Apocalipse Now. Musicalmente é fã de Egberto Gismonti e ela própria foi uma pianista dedicada - porém abandonou a música em decorrência da perda auditiva.

Perdeu parte significativa da audição, mas não o tino. Ciência ou religião? Ciência. Responde na bucha. E sentencia: a Bíblia é um livro de história, nada mais.

Três palavras para descrevê-la? Ela mesma diz: honesta, generosa e chata.

O último atributo é denegado de imediato por vários de seus amigos e conhecidos. Querida entre seus quase dois mil seguidores - a ponto de ser homenageada em seu aniversário com a instituição da premiação - corresponde ao carinho com seus prolíficos RTs. (Séria candidata a dar o ar de sua graça no BBB 11.)

A minha contribuição fica na forma de dispersão. Como se pode ver pelos links acima, há uma extensa lista de ótimos blogues concorrentes. Se tiver alguma dúvida, basta falar pelo twitter com @sibelefausto ou @dra_luluzita. (Curiosamente nem a homenageada, nem as uma das* organizadoras do prêmio têm blogues.)

*Upideite(05/mai/2010): O @uoleo, nos comentários, informa que a dra_luluzita tem blogue. (Não sei o endereço.)
**@nataliadorr informa pelo twitter que a dra_luluzita não tem mesmo um blogue (não um ativo).

Pesquisa 4

Aqui disponibilizo uma análise sobre a influência do fator aleatório nos resultados de levantamentos estatísticos.

Abaixo reproduzo o resultado de uma das simulações feitas.

O candidato S tem uma proporção fixa de 35% (em uma amostra de 2.000 entradas a cada ponto), as variações são frutos exclusivamente do acaso. O candidato D tem uma proporção fixa de 20% até o dia 4, e uma proporção fixa de 30% dos dias 9 a 16. A proporção referente ao candidato D sobe 2,5% por dia entre os dias 5 e 8.

Somente pelo efeito do acaso, o instituto virtual D "detecta" um "empate técnico" entre os candidatos S e D. Esse empate é uma artefato, fruto apenas da flutuação ao acaso - os valores reais nos momentos em que supostamente há empate pelos dados do instituto D são de 35% e 30% respectivamente. Ao mesmo tempo, os demais institutos "dizem" que a diferença entre os candidatos S e D está aumentando - esse aumento também é um artefato fruto da flutuação casual.

No mundo real essa discrepância gerou acusações de fraude.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pesquisas 3

A mesma ladainha velha. Quando os índices da Dilma começaram a subir, muitos falaram em manipulação - de um lado e de outro (por indicar a subida ou por não a detectá-la inicialmente). Agora, é se Serra se descolou ou não de Dilma interrompendo uma tendência de aproximação. E, sim, as mesmas acusações de fraude. Que opinadores e palpiteiros o façam é mais do que o esperado. Às raias da loucura nos aproximamos quando partidos políticos e os próprios institutos de pesquisa entram nessa toada.

Que se discutam a metodologia e os aspectos técnicos é saudável, que se descambe para acusações de fraude é, como direi, bem, não direi.

E essa briga por nada. Há diferenças? Sim. Ocorre que essas diferenças são esperadas. Os responsáveis pelos institutos de pesquisa não devem ignorar isso - eles têm todo o conhecimento técnico. Abaixo mostro um gráfico em que ploto os resultados das pesquisas desde o fim do ano passado. Propositadamente não liguei os pontos - nem mesmo dos que se referem ao mesmo instituto.

Pode parecer um tanto confuso. E é. Mas o quadro geral mostra ainda uma certa estabilidade do (pré-)candidato do PSDB, José Serra, e a aproximação da (pré-)candidata do PT, Dilma Rousseff. Pode ser o início do descolamento de Serra? Pode. Mas isso só o tempo pode dizer. É a mesma confusão básica criada quando as intenções de votos à então ministra Dilma começaram a subir em fins do ano passado. Pegar o momento exato em que a tendência muda é raro - é quase tão difícil quanto acertar o momento exato de vender ou comprar ações na bolsa de valores.

Deve-se ter em mente sempre as diferenças metodológicas entre os insitutos e, sobretudo, que, esses números, trata-se de valores de amostras. São indicativos do valor supostamente verdadeiro da população total, mas não são valores exatos - daí as tais margens de erro. E mesmo a interpretação da margem de erro não é para ser feita a ferro e a fogo - assumindo, por simplificidade, que esteja correto o intervalo de 95%, há 5% de casos em que os números da amostra diferirão para além da margem de erro em relação ao valor "real" da população.

(A questão é mais complexa ainda, pois se trata de pesquisas de opinião. As pessoas podem mudar de idéia de um dia para outro, de uma hora para outra, ou mesmo mentir sobre o que pensam. Ou estarem confusas. É quase surpreendente que os dados sejam tão próximos.)

Essa guerrinha tola entre partidos e institutos apenas mina a credibilidade de todo o sistema de pesquisas de opinião perante ao público que se deseja informar. E sem motivo nenhum. Ao contrário do que afirmam, não há discrepância entre os dados.

(Hoje sai o resultado da pesquisa Ibope. Alguns já adiantaram números. Os adicionarei depois que saírem os números oficiais.)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Senado barra olimpiada

Sim, trocadilho velho no título, mas cabe como uma luva (sim, imagem antiga). O pedido de Nuzman de reservar ao COB expressões como "Jogos", "Rio", "medalha", "patrocinador" (#porraNuzman!) foi, aparentemente, rechaçado pelo Senado. (Digo "aparentemente" porque sabe-se lá se não haverá uma nova tentativa.)

Já é ridícula a "propriedade" do COB e do COI de expressões como "olimpíadas" e "jogos olímpicos" (artigo 15, parág. 2o, lei federal 9.615/1998) (se for pra reservar o direito de titularidade delas, que seja ao povo grego) - seria como a CBF e Fifa deterem direitos sobre a palavra "futebol".

Piada que não virou tragédia grega porque os senadores tiveram, finalmente, um pouquinho de lucidez - embora as más línguas possam atribuir isso ao sentimento de despeito por não estar presente o presidente do COB na sessão do Senado que analisou o pedido.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Cameron violou leis brasileiras?

James Cameron e Sigourney Weaver participaram de protestos contra a usina de Belo Monte. Bem, à parte a questão de que certamente a população local deve ser mesmo consultada e suas necessidades consideradas, Cameron e Weaver, a meu ver, infringiram as leis brasileiras, em particular a lei federal 6.815/1980 no artigo 107.

"Art. 107. O estrangeiro admitido no território nacional não pode exercer atividade de natureza política, nem se imiscuir, direta ou indiretamente, nos negócios públicos do Brasil, sendo-lhe especialmente vedado:
I - organizar, criar ou manter sociedade ou quaisquer entidades de caráter político, ainda que tenham por fim apenas a propaganda ou a difusão, exclusivamente entre compatriotas, de idéias, programas ou normas de ação de partidos políticos do país de origem;
II - exercer ação individual, junto a compatriotas ou não, no sentido de obter, mediante coação ou constrangimento de qualquer natureza, adesão a idéias, programas ou normas de ação de partidos ou facções políticas de qualquer país;
III - organizar desfiles, passeatas, comícios e reuniões de qualquer natureza, ou deles participar, com os fins a que se referem os itens I e II deste artigo.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica ao português beneficiário do Estatuto da Igualdade ao qual tiver sido reconhecido o gozo de direitos políticos.
"

Verdade que:
1) Não se deve ser extremamente rigoroso na aplicação da lei de modo que isso resulte em injustiças;
2) Trata-se de uma lei ainda do período ditatorial de tintas excessivamente nacionalistas;
3) É algo anacrônica a proibição de manifestações políticas, mesmo a estrangeiros.

Porém, a assessoria do diretor deveria tê-lo informado. Cameron correu riscos de ser enquadrado.

sábado, 3 de abril de 2010

Vinde a mim as criancinhas...

Ok, ok, piada de mau gosto. Ainda mais pra assunto sério. Mas o discurso da ICAR não ajuda em nada, nem mesmo a ela mesma.

A cada declaração tenta se pôr como vítima de uma campanha difamatória. A cereja do bolo foi a ridícula comparação da cobranças à Igreja Católica pelos casos de pedofilia com o sentimento antissemitista - comparação essa feita por um pregador do Vaticano. Claro, tiveram que recuar nesse absurdo.

E vem um bispo colombiano que, registre-se o pedido de desculpas, diz que não se deve criticar apenas a ICAR porque somente 0,02% dos casos de pedofilia se referem a ela. Hããã, senhor Juan Vicente Córdoba, o total de padres católicos no mundo gira em torno de 400 mil. O mundo tem algo como 7 bilhões de pessoas. Então o corpo sacerdotal da ICAR corresponde a 0,006%. O total de casos de pedofilia, sendo proporcional à população de cada grupo, não poderia ultrapassar essa fração. A ICAR tem 3,4 vezes o total de casos médio na população.

Mas não é, nem de longe, essa a questão central. O problema é que a hierarquia da ICAR sistematicamente tem protegido seus sacerdotes que abusam sexualmente de crianças. Essa é a cobrança. Qualquer outra argumentação é tergiversação. Sim, é uma minoria do clero da ICAR que pratica tais abusos, aceite-se que seja em um nível similar à da população em geral. Não é, repita-se, essa a questão. O problema é o que a ICAR tem feito cada vez que descobre esses casos dentro de sua hierarquia.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Coelhinho, se eu fosse como tu...

Uma seleção pascal de filmes para este feriado prolongado:

Night of Lepus (1972). (dir. William F. Claxton, EUA) "How many eyes does horror have? How many times will terror strike?" Coelhos mutantes gigantes aterrorizam uma cidadezinha americana. Um fazendeiro, cansado da praga de coelhos que assola sua propriedade, contrata um pesquisador de uma faculdade local. O cientista injeta hormônios para interromper a reprodução desses animais, mas... sim, algo dá terrivelmente errado e surgem coelhos do tamanho de lobos, sedentos de sangue.

Harvey (1950). (dir. Henry Koster, EUA - com James Stewart). [Dirceu Rabelo mode on] Elwood P. Dowd é um homem muito gentil. Mas ele tem um "pequeno" probleminha.
Dowd:"Eu vou lhes apresentar meu melhor amigo, Harvey."
Agente do sanatório Wilson: "Quem é Harvey?"
Enfermeira Kelly: "Um coelho branco de 1,90 m."
Agente do sanatório Wilson: "1,90?"
Sr. Dowd: "1 metro e 91 vírgula 7 centímetros. Docinho, atenha-se aos fatos."
Sua família acha que ele é doido de pedra. E para não parar no sanatório, ele vai aprontar mil e uma confusões e tentar provar que não há poder maior do que o da imaginação. [Dirceu Rabelo mode off].

Rabbit-Proof Fence (2002). (dir. Phillip Noyce, Austrália.) Em 1931, três garotas aborígenes afastadas de suas famílias pelo governo australiano e alocadas em um assentamento no oeste do país tentam retornar para casa seguindo a grande cerca anticoelhos. Uma jornada de 9 semanas e mais de 2.400 km, enquanto são perseguidas pelas autoridades.

Rabbits (2002). (dir. David Lynch, EUA.) Série de 8 curtas surrealistas. Três coelhos humanóides: Jack, Jane e Suzie - em uma sala, travam um diálogo tenso, descontínuo, existencialista e sem sentido. A falta de ação, a iluminação escura e a trilha de Angelo Badalamenti tornam tudo algo perturbador.

E, claro, as reencenações de 30 segundos de grandes sucessos cinematográficos por coelhos.

("Uma Cilada para Roger Rabbit", "Monty Python e o Cálice Sagrado". "Paixão de Cristo" ou desenhos do Pernalonga seriam indicações muito óbvias.)