Não no contexto dos livros da coleção Escola Ativa distribuídos pelo MEC como material complementar para alunos de escolas rurais. Detectado o erro, o próprio ministério recomendou que os textos não fossem utilizados com os alunos.
Na notação decimal comum, dentro da aritmética padrão, 10 - 7 = 4 é uma expressão errada.
Erros ocorrem e isso, por si mesmo, não seria um problema: poderia ser um erro tipográfico ou algo assim, mas a comissão de especialistas contratados pelo MEC detectou uma série de erros grosseiros. É bom que a impresa chie, que a classemédia chie, que todos cobrem. Que a CGU detecte a origem da falha no processo de avaliação e, se necessário, aperfeiçoamentos sejam sugeridos.
R$ 13,6 milhões não são dinheirinho do café, mas é quase nada diante dos R$ 880 milhões do PNLD: são 135,6 milhões de exemplares de diversos títulos - o da coleção problemática, são 35 x 200 mil. Representa 1,55% do montante e 5,16% das unidades.
Parece, então, que o processo de avaliação do livro não está tão ruim assim. E a detecção do erro e a suspensão da utilização do material faz parte do processo de autocorreção.
Erros sempre ocorrerão, o sistema precisa é fazer com que fiquem em uma taxa aceitavelmente baixa.
P.e., a Toyota, símbolo de excelência, entre 1997 e 2008 vendeu 1 milhão de automóveis Prius. Este ano, a montadora japonesa fez um recall para 106 mil veículos produzidos entre 1997 e 2003. Assumindo uma taxa constante - o que não é verdadeiro - de cerca de 100 mil veículos vendidos por ano, são 100 mil carros com problemas em 600 mil unidades: ou cerca de 17%. Atualmente são 3 milhões de unidades vendidas no mundo. Se assumirmos que nenhum outro veículo com problemas foi produzido, a fração será de 3,53%.
Então, tudo bem a chiadeira, mas não façamos também uma tempestade em copo d'água, que tudo é uma porcaria, politizar a coisa dizendo que o MEC petista promove o analfabetismo e cousa e lousa.
Como adendo, como é sempre bom a gente aprender um pouquinho mais. 10 - 7 = 4 não está sempre errado. Já frisei, não é o caso dos livros mencionados - estão com problemas sérios -, mas essa conta faz todo o sentido em um contexto, por exemplo, de uso de sistema de notação undecimal - isto é, de base 11 em vez do tradicional sistema decimal.
O uso do sistema decimal é praticamente um acidente de percurso da evolução, que nos brindou com o total de dez dedos nas mãos - excetuando-se casos de poli e oligodactilia. Sistemas digitais costumam usar o sistema binário, aí o 10 representa não as dez unidades do sistema decimal, mas duas unidades do sistema decimal. No sistema undecimal, 10 representa não as dez unidades do sistema decimal, mas onze unidades. 7 representa sete unidades tanto no sistema decimal quanto no sistema undecimal. E como se representam dez unidades no sistema undecimal? Pode ser qualquer outro símbolo, mas costumam usar a letra A maiúscula, que representa também o algarismo dez.
Não é um sistema tão comum quanto o decimal, o binário, o octal (com base 8), o hexadecimal (com base 16: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F como algarismos), mas é tão válido quanto esses.
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