Já faz algum tempo que a Folha de São Paulo adotou o sistema de paywall para acesso ao seu conteúdo online - com franquia de 20 acessos livres mensais (mais 20 acessos se você tiver a paciência de fazer um cadastro). Declaradamente o modelo adotado - com modificaçãoes - é o paywall poroso do conteúdo online do New York Times. Uma diferença é que o paywall da Folha é mais restrito - o acesso do conteúdo do TNYT via, por exemplo, twitter é franqueado 100%.
Espero, sinceramente, que o projeto da Folha seja bem sucedido em seus objetivos. Assim como o do TNYT foi: acabou aumentando o número de assinaturas para o serviço.
Produzir conteúdo - ainda mais com alguma qualidade - custa dinheiro. De alguma forma ele é financiado. Mesmo este blogue é financiado - para mim, custa meu tempo livre (e só posso me dedicar a ele por ter outra fonte de renda, e jamais conseguirei me dedicar a isto em tempo integral - nem teria como, por exemplo, gastar em ligações telefônicas para fazer apurações, quanto menos viajar e verificar in loco).
Rádios e TVs abertas conseguem se financiar por meio da publicidade. Já conteúdo online dificilmente consegue se pagar por esse meio - o valor pago por clique é muito baixo. O principal motivo é o sucesso do modelo do Google. Pela escala, o maioral dos sistemas de busca, consegue preços irrisórios para anunciantes. Praticamente impossível concorrer com isso.
Algum modelo de negócio precisa funcionar para sustentar a produção de conteúdo online. Esperar que empresas continuem a bancar prejuízos para manter sua presença online não é razoável.
Claro que eu adoraria ter acesso irrestrito - e gratuito - a todo tipo de conteúdo de qualidade. Mas eu quero que os responsáveis sejam devidamente pagos.
Sim, paywall não é a única alternativa à publicidade (ou melhor, complemento a ela). Mas para uma corporação jornalística é das poucas aparentemente viáveis. (O caso da Globo.com é diferente: as Organizações Globo conseguem subsidiar o acesso ao portal pela publicidade, principalmente, em seus veículos tradicionais de rádio e TV.)
Upideite(25/jul/2012): Modelos de negócio, claro, não precisam ser (e não são) eternos. A TV começou por sistema de assinatura por meio de clubes de telespectadores. Só com o tempo, o modelo de financiamento por anúncio (baseado na massificação da audiência) se tornou viável. Na internet há limitações quanto a isso: enquanto o número de canais (sobretudo no sistema aberto) é limitado, a concorrência na internet é, ao menos potencialmente, muito mais diluível.
Upideite(25/jul/2012): Certamente que por conteúdo de qualidade não me refiro a coisas como esta. Devidamente sacaneado aqui. (via @cardoso)
Upideite(13/nov/2013): Depois de um ano, os resultados do paywall da Folha são positivos. O que ajudou a estimular o Estadão e O Globo a adotarem também. O curioso é que estes dois já tiveram paywall antes, em modelo um tanto distinto.
terça-feira, 24 de julho de 2012
Por que eu torço pelo sucesso do paywall da Folha Online
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