quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Aumentou o número de miseráveis no Brasil?

Além da polêmica de retenção da divulgação da pesquisa do Ipea para depois das eleições (uma ação, sim, censurável), com a disponibilização dos dados o foco agora é que a miséria no Brasil teria parado de cair e, pior, teria aumentado - ainda que pouco.

Pegando os dados desde o ano 2003, fazendo uma regressão por uma curva exponencial, temos um ótimo ajuste: R2 = 0,97 (Figura 1).

Figura 1. Evolução do número de miseráveis no Brasil. Fonte: Ipea.


Usando o ajuste exponencial, temos a seguinte tabela (Tabela 1) de diferença entre os valores esperados pela curva e os valores calculados pela metodologia Ipea:

Tabela 1. Evolução do número de miseráveis no Brasil. Fonte: Ipea.
Ano Ipea Previsão Diferença %
2003 26,24 24,77 1,47 5,93
2004 23,58 22,51 1,07 4,77
2005 20,89 20,45 0,44 2,15
2006 17,32 18,58 -1,26 -6,79
2007 16,50 16,88 -0,38 -2,27
2008 14,03 15,34 -1,31 -8,54
2009 13,60 13,94 -0,34 -2,42
2011 11,77 11,51 0,26 2,29
2012 10,08 10,45 -0,37 -3,58
2013 10,45 9,50 -0,95 10,01
Ipea: Dados calculados pelo Ipea (em milhões);
Previsão: Dados calculados pela curva de ajuste (em milhões).

Para α=0,05 e n=8, o valor crítico de t=2,306. t(diferença) = 1,05 e t(%)=2,18. Nos dois casos, não se rejeita a hipótese nula de que a variação seja fruto do acaso.

Não quer dizer que não se deva preocupar com as questões sociais e econômicas e que não se deva atentar para as políticas que levam à redução da miséria. Ela pode, sim, aumentar diante de um quadro econômico ruim de baixo crescimento e uma inflação relativamente alta e persistente.

De todo modo, esse fato parece ter despertado a preocupação social em várias pessoas - inclusive as que estavam reclamando durante o período eleitoral do Bolsa Família e que o governo federal dava mais atenção aos pobres do que à classe média...

2 comentários:

dNap disse...

Obrigado, Takata.

none disse...

dNap,

Eu que agradeço a visita.

[]s,

Roberto Takata