terça-feira, 2 de abril de 2013

Feministas, o homem pode ou não ajudar na arrumação da casa?

Nos meios feministas tem um mito. Quando o homem diz: "Eu ajudo em casa com as tarefas domésticas", várias das defensoras dos direitos das mulheres têm calafrios. Dizem que é errado usar o termo "ajudar", o correto é "dividir". Para elas, falar que o homem ajuda a mulher nos afazeres do lar significa que o dever de limpar, cozinhar, lavar, passar, cuidar dos filhos, etc. é da mulher.

Por exemplo, a jornalista Míriam Leitão, em sua coluna em O Globo (comentada por Cristina Castro no blog da kikacastro), reclamou de reportagem em outro veículo da casa.

"Querida revista Época, como leitora, assinante e admiradora da publicação, gostaria de lembrar que 'ajudar' pressupõe que a obrigação — no cuidado da casa e dos filhos — é da mulher."

Não, mil vezes não. "Ajudar" quer dizer... "ajudar" e não "transferir a responsabilidade".

Vejamos alguns exemplos: "Os bombeiros de São Sebastião do Paraíso conseguiram ajudar, por telefone, uma mãe a salvar o filho que havia engasgado na manhã deste sábado (19).", "Cavalo cai em poço e bombeiros ajudam retirar o animal do local.", "Mais de 20 policiais ajudam na busca por assaltantes de cooperativa de MT."

Os bombeiros e policiais estão só dando uma forcinha para outra pessoa que tinha o dever de fazer o trabalho? Não. Eles estão desempenhando suas funções.

Quando queremos enfatizar que a ajuda é de menor importância (e os méritos e/ou responsabilidades de outrem), temos que usar modificadores - advérbios, adjetivos, diminutivos: "eu ajudei", "foi apenas uma ajudinha", "uma ajuda de nada". Já: "eu ajudei" ou "foi uma ajuda" passa a ideia de contribuição efetiva. Esses modificadores modulam até contribuições do tipo que normalmente se valoriza: "dei apenas a ideia", "tive que orientá-lo", "não mais do que minha obrigação, o que fiz".

Se fosse verdade que "ajudar" implicasse que a responsabilidade seria do ajudado, esta frase "a mulher deve ajudar o homem a administrar a casa" não deveria soar tão machista quanto a forma que causa horror a boa parte das feministas: "o homem deve ajudar a mulher a administrar a casa".

Em tempo, não sou contra formulações alternativas como "divisão de tarefas". Se se sentem melhor assim, tudo bem. Apenas que a coitada da "ajuda" não deveria pagar o pato.

Disclêimer: O aviso de sempre - sou machista, mas não me orgulho disso.

4 comentários:

André disse...

Quando é a mulher que decide a decoração da casa, o cardápio, a quantidade e tipo de roupa que a família usa, o modo e frequência com que se faz a limpeza da casa e das roupas, o termo certo seria ajudar, no sentido de o homem fazer o que a mulher determina. Divisão de tarefas implica em compartilhar a decisão daquilo que irá resultar em aumento do trabalho doméstico. Além disso, divisão de tarefas não é cada um lavar seu prato, é um lavar e o outro enxugar, ou um lavar de manhã e o outro de noite, etc.

André disse...

Mas concordo contigo que o termo ajudar não atribui ao ajudado a responsabilidade pelo serviço. Pelo menos para mim (que já fui ajudante de marceneiro e ajudante de pedreiro) isso é natural.

none disse...

Salve, André,

Não vejo essa diferenciação - poder de decisão - entre ajuda e divisão.

Pode-se perfeitamente haver divisão assimétrica de tarefas: um manda, outro obedece, por exemplo. Daí a necessidade de usar expressões como "divisão igualitária".

[]s,

Roberto Takata

André disse...

Como eu já exerci o "cargo" de ajudante, para mim o termo ajudar remete a esse significado. O oficial determina as tarefas do ajudante, sendo estas tarefas inerentes ao ajudante, embora o oficial saiba fazê-las também. Talvez para quem tem uma história diferente (pessoas recém saídas da escola, por ex.), "ajudar" remeta a fazer uma parte pequena de um trabalho que todos podem fazer (creio que as feministas se refiram a esse significado). Veja que nesse dois casos, ajudar nas tarefas domésticas implica em um certo sexismo. Mas creio que o entendimento mais corriqueiro de ajudar seja aquele que você citou, de modo que seria muito preciosismo evitar o seu uso. Ainda mais que a substituição, para ser correta, teria que ser por "divisão igualitária", o que tende a complicar demais a comunicação.