#NãoVaiTerCopa
Neste começo de 2014, ano da Copa no Brasil, voltamos a ter os protestos contra os gastos com a realização do evento no país.
Realmente os estádios, entre construções e reformas, representam um montante que impressiona: R$ 8,9 bilhões empenhados até o momento e contando. Mesmo que parte seja dívida privada com o BNDES - que deverá ser pago ao longo do tempo -, há projetos públicos (o Mané Garrincha de Brasília, o Maracanã do Rio, a Amazônia de Manaus e a Pantanal de Cuiabá), e em PPP com concessão (o Mineirão de BH, a Fonte Novo de Salvador, a das Dunas em Natal, Pernambuco de Recife, o Castelão de Fortaleza). Os empréstimos privados são a juros subsidiados por banco público, além de benesses fiscais. O aumento de mais de 300% em relação aos estimados R$ 2,7 bilhões em 2007 é mesmo algo de causar revolta.
O que é meio complicado é que os *protestos* contra os gastos públicos de dinheiro que talvez fosse mais bem aplicado em saúde e educação somente em 2013 geraram um prejuízo de mais de R$ 15 bilhões em perdas de vendas no comércio, fora os R$ 4,5 bilhões em impostos que deixaram de ser arrecadados. Sem contar as dezenas de milhões de reais gastos em depredação de patrimônio público (como sinalizações, edificações, mobiliário urbano...) e limpeza (remoção de pichações, varrição de rua...) e de patrimônio de uso coletivo (principalmente ônibus). Fora as perdas de mercadorias saqueadas ou de perecíveis que estragaram durante bloqueios de estradas; fora as perdas em combustível e produtividade nos congestionamentos. Fora a inflação gerada. Fora a perda de produção nas indústrias. Fora perdas na indústria turística.
Os protestos são legítimos, concorde-se ou não com as reivindicações. Mas, opinião minha, não me parece muito razoável promover perdas públicas maiores do que os valores contra os quais se mobiliza.
Se não é pra ter Copa, talvez ter um pouco de bom senso seja essencial também.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
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2 comentários:
Gostei muito desse ponto de vista. Se bem que se eu estivesse protestando - o que não estou - eu alegaria que o prejuízo causado pelo protesto jamais seria aplicado em boas causas, então que tanto faz. Mas sabe, eu que não gosto de copa em lugar nenhum, fico aqui me perguntando porque as pessoas não podiam ter protestado antes. Lá atrás (não sei quando foi, mas faz tempão!), quando o Brasil foi escolhido, era só ter começado a protestar que talvez fosse mais eficiente. Reclamar depois que o estádio ficou pronto me parece um pouco hipócrita - além de ser leite derramado.
Salve, Mari,
Há 7 anos poderia não haver massa crítica. E a indignação ir subindo à medida em que os gastos fossem inflando.
Qto ao prejuízo, acho q se dissessem "o dinheiro não seria bem usado mesmo" matariam o próprio motivo dos protestos. Se se pode ter prejuízo porque o dinheiro não seria bem empregado, não haveria motivo para se protestar contra os estádios dizendo que esse dinheiro deveria ser mais bem empregado.
[]s,
Roberto Takata
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