Continuando no tema do status epistemológico das ciências.
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Sim, o que chamamos de ciência (e os detratores de "forma de dominação cartesiano-materialista do capitalismo ocidental") erra com boa frequência. E, sim, o que chamamos de pseudociências (e os defensores de "ciências alternativas") acerta ocasionalmente. Mas, então, qual a diferença?
A prática científica está eivada de modismos, lapsos, estatísticas ruins, interpretações errôneas, pressões de pares, influências econômicas, erros honestos, práticas duvidosas e até fraudes. Mas isso tudo *não* faz parte integrante do processo de produção do conhecimento científico - é o contrário das boas práticas - e está presente em qualquer outra área de atividade humana. Sempre que procuramos controlar a influência de tais fatores, temos uma melhora na confiabilidade dos resultados. Fraudes e cia. conduz-nos, via de regra, a becos sem saída, a resultados que não podem ser reproduzidos honestamente, que nos leva a predições errôneas a respeito de fenômenos naturais.
A prática pseudo... alternativa também tem seus fraudadores. Porém, na melhor das hipóteses (melhor para as pseudo... alternativas), um processo fraudulento não é distinguível em termos de resultados de um processo feito diligentemente seguindo todas as práticas prescritas nos manuais e tradições. Mas, com frequência, é sim distinguível. No entanto, os resultados *fraudados* são melhores do que os não fraudados. Uma astromante charlatã que contrata espiões acerta mais sobre os detalhes da vida do consulente do que uma astromante que siga estritamente as regras de interpretações de mapas natais e de sinastria. Uma empresa desonesta de meteorologia espírita acerta com mais frequência as previsões do tempo ao consultar... bem, as previsões do tempo feitas pela meteorologia científica do que uma empresa honesta de meteorologia espírita que apenas canaliza espíritos desencarnados para consultá-los quanto às condições do tempo em uma dada data.