quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Água que passarinho esperto não bebe

Ainda tem gente que não sabe, mas os 'medicamentos' homeopáticos são pura água (ou puro açúcar ou puro amido ou puro álcool - enfim, puro excipiente): boa parte deles estão diluídos de tal forma que não há uma única molécula de princípio ativo na solução.

Há os que sabem e dão uma de migué dizendo que o contato da água com o medicamento produz uma memória molecular. Não há nenhum indício sério de que isso ocorra. O caso mais famoso de defesa do princípio da ultradiluição acabou com a carreira de Jacques Benveniste: o editor da revista Nature, sir John Maddox, aceitou o trabalho de Benveniste de que uma solução ultradiluída de anticorpos ativavam células do sistema imune in vitro - Maddox esclareceu no editorial da mesma edição que fazia isso em nome da discussão. O objetivo da discussão foi amplamente atendido. Uma comissão foi criada com o objetivo de analisar o trabalho - comissão que incluiu gente como James Randi: não se conseguiu replicar os resultados, e aparentemente os resultados iniciais haviam sido manipulados - Benveniste atribuiu o erro a uma assistente de laboratório; ficou desacreditado (mesmo contando com o apoio do nobelista e compatriota Luc Montagnier - que também criou sua própria esquisitice sobre 'teleporte' eletromagnético de ADN), mas continuou tentando provar a tal memória da água.

Para denunciar a farsa que é a homeopatia - inacreditavelmente (tá, nem tão inacreditável assim) aceita pelo CFM como especialidade médica - uma organização inglesa promove anualmente o 'suicídio homeopático' com pessoas tomando overdose de 'medicamentos' homeopáticos: vários vidros de soluções ou vários comprimidos de preparados homeopáticos.

A iniciativa conta agora com sua versão brazuca, organizada pelo dono do Ceticismo Aberto, Kentaro Mori.

Abaixo uma lista de quem apoia ou participa do desafio 10:23 (a ser realizado dias 5 e 6 de fevererirofevereiro em várias cidades do mundo) nestas paragens:

10:23 Homeopatia é feita de nada - Página da Campanha
Ateus do Brasil
cartapotiguar
Ceticismo Aberto
Cultura Científica
Evolucionismo.org
LiHS/Bule Voador
Paulopes Weblog
42
Rainha Vermelha
RNAm
Sociedade Racionalista USP
Tela Crente
Uma Visão do Mundo

O NAQ dá todo apoio moral ao evento. (Claro que o ato em si não é a prova da ineficácia dos 'medicamentos' homeopáticos. Serve mais como atração da atenção pública para a farsa da homeopatia - e de quase todas as chamadas 'medicinas alternativas', que não são nem medicina, nem alternativa afinal de contas.)

Upideite(05/fev/2011): A cobertura dos meios de comunicação.
UOL - Grupo de céticos toma "overdose" para provar que homeopatia não funciona
Zero Hora - Bate-boca marca protesto contra homeopatia em Porto Alegre
Folha.com - Manifestantes se reúnem para tomar overdose de homeopatia em SP
Gazeta do Sul - Protesto contra homeopatia vira bate-boca
Jornal da Record - Manifestantes tomam "overdose" homeopática para provar ineficiência
Rádio CBN - Manifestantes contra e a favor da homeopatia se encontram em três capitais brasileiras

Videos e fotos.
Bule Voador - Vídeo: Overdose Homeopática em Porto Alegre (05/02/2011) #ten23
42 - Desafio #ten23 - overdose homeopática: vídeo-diário
YT - ProfessoraKarina - 10:23 Homeopathy Rio de Janeiro Brazil - Homeopatia Brasil (2011)
YT - ceticismoaberto - Campanha 10:23 São Paulo - Homeopatia É Feita de Nada

2 comentários:

Cris disse...

Tem uma coisa muito boa em relação à homeopatia: também, ao que se sabe, não faz mal. É água, sem efeitos de cura, mas sem os efeitos de intoxicação e colaterais.

Assim, se a pessoa acredita piamente na homeopatia, ela vai funcionar como um placebo, e o próprio organismo da pessoa vai trabalhar, com seus agentes naturais, para tentar curar aquela doença.

Com a grande vantagem de a pessoa não ter que se submeter a mil drogas.

Eu acho mais saudável o sujeito que usa homeopatia (placebo que não faz mal) do que o hipocondríaco, que toma remédio até pra uma dorzinha de cabeça.

none disse...

Cris,

Grato pela visita e comentários.

Você está comparando duas situações bem distintas: o caso mais benigno da homeopatia com um dos casos mais malignos de medicamentos reais. Uma melhor comparação é entre situações típicas.

O uso de placebo é recomendável em situações muito específicas. O uso *controlado* e *sob prescrição médica* de medicamentos verdadeiros tende a trazer mais benefícios.

Veja q não é completamente verdadeiro q soluções homeopáticas não façam mal. Há casos de pessoas que morreram por protelar tratamentos reais para problemas reais.

[]s,

Roberto Takata