A pizza mais cara foi a nova iorquina. Mas, em relação ao ganho médio dos consumidores, a paulistana certamente é a menos acessível.
Compararam com a carga tributária em relação ao PIB e concluíram que a pizza no Brasil é mais cara por causa dos impostos.
Louve-se a iniciativa do que podemos chamar de pizzometria comparativa. Legal dispuserem-se a tirar a prova dos noves e ir a campo colher dados de vários locais. Louve-se ainda o esforço para que as pizzas fossem as mais parecidas possíveis.
Mas não tem qualquer valor do ponto de vista científico e a conclusão é puramente ideológica. Não apenas a amostragem é falha (apenas um ponto e em uma cidade de cada país) e carga tributária não é um indicador adequado sobre os tributos incidentes na confecção e comercialização de pizzas como os dados *não* dão nenhum suporte à conclusão.
Abaixo coloco um gráfico de correlação entre os preços levantados das pizzas e as cargas tributárias.
Figura 1. Relação entre preço de pizza e carga tributária. Azul: Londres, vermelho: Tóquio, verde: São Paulo, branco: Nova Iorque. Fonte: Jornal da Globo.
Se há alguma correlação é que o preço da pizza é *maior* quanto *menor* a carga tributária. Em Nova Iorque, o preço da pizza foi o maior, mas a carga tributária americana é a menor entre os quatro países; a carga tributária brasileira não é muito diferente da do Reino Unido, mas a pizza londrina é muito mais barata. (Na verdade não há essa correlação porque os dados não têm relevância estatística.)
Não estou com isso concluindo nem que a carga tributária no Brasil é baixa, nem que os impostos não devam ser reduzidos ou racionalizados por reformas tributárias. Apenas demonstrando que o esforço de reportagem produziu um resultado, na melhor das hipóteses, nulo quanto à conclusão que quiseram apresentar (e, de fato, apresentaram).
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